A crise dos sete anos… Adeus!

Screenshot 2016-02-21 16.55.41No dia 29 de junho de 2009 eu publiquei a primeira postagem do Cognando. Tudo começou com a minha idéia modesta de mostrar para as pessoas um pouco do meu mundo acadêmico. Meu objetivo era mostrar para aquelas pessoas que não estão necessariamente inseridas no meio acadêmico, como é legal estudar e entender um pouco daquilo que se passa na nossa cabeça. No fundo, o Cognando sempre foi meu espaço para mostrar a minha empolgação pela mente e pelo comportamento humano.

Foram quase 7 anos mostrando que a nossa mente é muito mais interessante do que de fato parece. Nesses quase sete anos, mostrei que depressão não é brincadeira, mostrei que sempre estaremos felizes com aquilo que temos, e mostrei até que esse negócio de ciúmes é foda. Tem muita coisa legal aqui!

Dando uma lida nas postagens anteriores, notei como meu discurso mudou. Passou de um discurso altamente acadêmico para um discurso mais coloquial e menos pedante. Isso foi um ponto positivo. Acho que a divulgação científica precisa de menos pedantismo e mais utilidade pública. No final das contas, ciência só serve para auxiliar no avanço de uma sociedade no momento em que ela sai desse espaço altamente elitista que é a academia. Mas isso é assunto pra outro dia. Outro fórum. Não aqui.

Hoje, dia 21 de fevereiro de 2016 anuncio oficialmente o fim do blog Cognando. Não pretendo publicar mais no Cognando. Acredito que a divulgação de ciência no Brasil tem tomado rumos diferentes (até legais), mas que, nesse momento, o Cognando não se encaixa nesses rumos. Cognando está velho e não consegue mais correr 🙂

Para os leitores que sempre acompanharam o blog: obrigado! Para os leitores que descobriram o Cognando agora: os textos ficarão disponíveis por aqui. Aproveitem. E pra quem não conhece o Cognando: well, too late!

Para o Scienceblogs Brasil: um obrigado especial pelo espaço, paciência e respeito!

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Liderança e cognição

gold_chesspieceQuando eu trabalhei na antiga Telemig Celular (hoje Vivo), o meu chefe imediato era uma pessoa brilhante e eu aprendi muito com ele. Luiz Henrique Neves era o nome dele. Lembro uma vez que ele me pediu um relatório de vendas de algumas lojas credenciadas e me pediu para incluir projeções de venda até o final do mês. A minha reação foi: “Incluir proje.. o que? Não sei o que é isso“. A resposta dele foi simples: “Projeções. Eu sei que você não sabe. Mas sei que pode aprender. Sexta-feira, ok? Obrigado“. Fiz o tal do relatório. Obviamente, tudo errado. Ele viu, identificou comigo onde estavam os problemas e disse pra eu refazer. Fiz de novo. Ficou bom. Quando ele entregou o relatório para o superior dele (outro líder brilhante, por sinal), não deixou de me dar o crédito pelo relatório bem feito. Hoje eu sei bem como fazer relatórios com projeções.

Toda grande empresa tem pelo menos um grande líder. Mas afinal de contas, quais são as principais características de um grande líder. O que um grande líder tem que nós não temos? Estamos o tempo todo tomando decisões. Algumas simples, como por exemplo “será que devo continuar lendo esse texto?” e outras mais complexas, tipo “devo ou não demitir funcionário X?” Bons líderes são aqueles capazes de tomar qualquer tipo de decisão, seja ela simples ou complexa, de uma maneira efetiva e que funcione. Mas como fazer isso? Existem algumas características importantes que líderes devem ter e que irão facilitar na hora de tomar as decisões certas.

Um bom líder deve ser uma pessoa extrovertida. Não precisa ser o tipo centro das atenções, mas precisa ser alguém visível e com boas qualidades comunicativas. Essa visibilidade é vantajosa. Pessoas extrovertidas são implicitamente vistas como mais confiantes e seguras, que são características importantes de um bom líder. Além disso, uma pessoa extrovertida é geralmente mais capaz de ‘defender’ o time que lidera, podendo conseguir vantagens internas que um líder mais introvertido talvez não conseguiria com a mesma facilidade. Além disso, confiança gera motivação.

Apesar de gostarmos de pessoas agradáveis, pesquisas mostram que bons líderes nem sempre são pessoas 100% agradáveis. Uma característica comum de pessoas agradáveis é que elas tendem a ter problemas para expressar suas críticas de maneira direta. Bons líderes precisam ser diretos nas críticas para promover melhorias mais objetivas. Quando o Luiz Henrique me disse que o meu relatório não estava correto, não foi uma situação muito agradável. No entanto, o fato de ele ter sido objetivo e direto com relação ao que estava errado deixou claro pra mim onde estavam as lacunas do meu conhecimento sobre projeção de vendas.

Um bom líder deve ser uma pessoa organizada e disposta a seguir regras. A organização é importante para visualização de possíveis cenários de decisões a serem tomadas. Seguir regras é importante para demonstrar uma abordagem ética no processo de tomada de decisão. No entanto, o líder deve ser capaz de pensar fora da caixa, e não só seguir um conjunto de regras de maneira cega e descontextualizada. Muitos problemas que grandes empresas enfrentam no dia-a-dia exigem soluções criativas. E soluções criativas geralmente surgem quando olhamos fora do domínio do problema. Por isso que um bom líder não é aquele que é de “humanas” ou “exatas” ou “biológicas”, e sim aquele que é multi-disciplinar na maneira de abordar os problemas.

Uma das características que eu julgo mais importante em um líder é a estabilidade emocional. Nossa mente gosta de coisas previsíveis. Nos sentimos mais confortáveis quando sabemos o que esperar de alguém. Um líder emocionalmente estável é aquele que os integrantes do time já sabem como ele irá reagir a uma boa ou má notícia. Se o líder é instável emocionalmente, os integrantes do seu time podem não confiar nele o suficiente para trazer problemas importantes que precisam ser resolvidos em equipe. Estabilidade emocional contribui também na busca de soluções criativas, uma vez que estabilidade emocional é uma característica comum de pessoas que têm o que chamamos de mente-aberta.

No final das contas, um líder não é necessariamente aquele que sabe mais ou que tem mais títulos, mas sim aquele que se utiliza de todas essas características que mencionei antes para potencializar a capacidades daqueles que integram o seu time. Esse é o líder que as empresas devem procurar.

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Acabou! E agora?

2015-08-12 14.56.55Não. Não estou falando de 2015. Esse acabou também, mas já tem outro no lugar. Estou falando de relacionamento mesmo. Todo mundo, pelo menos uma vez na vida, já passou pela muito pouco prazerosa experiência de terminar um relacionamento amoroso com alguém. Não importa se o namoro ou casamento durou seis meses ou seis anos, os sentimentos de perda, abandono, tristeza e solidão que sentimos quando alguém termina com a gente (e até mesmo quando a gente termina com alguém) parecem ser universais.

O interessante é que não importa qual era a atual situação do relacionamento. Não importa se ele estava “bom”, sem brigas e algo repentino aconteceu pra terminar tudo, ou se ele era um barril de pólvoras prestes a explodir. O sentimento ruim que sentimos pós-término vai sempre estar presente. Mas afinal de contas, por que sempre nos sentimos um lixo quando terminamos com alguém?

Bom, pra começar, geralmente nos relacionamos com alguém porque vemos naquela pessoa algo que tem a ver com a gente. E esse “vemos” nem sempre é consciente. Seja pela aparência física ou alguma atração mais sentimental, sempre há uma espécie de identificação com a outra pessoa. Essa identificação cria automaticamente uma noção de aceitabilidade e segurança (em termos evolucionistas, é muito mais seguro estar no meio de seres semelhantes a você do que seres completamente diferentes).

Toda essa configuração faz com que nosso cérebro comande a produção de algumas substâncias (dopamina e serotonina, por exemplo) que terão um impacto enorme em como nos sentimos em relação a outra pessoa. Eu explico aqui exatamente o que acontece no nosso cérebro quando estamos apaixonados por alguém.

Mas e quando tudo isso acaba? Os sentimentos de segurança, identificação e aceitabilidade perdem o seu suporte. Essa falta de suporte desencadeia um nível de estresse tão grande que nos sentimos tristes e vulneráveis. Como resposta, seu cérebro vai comandar a produção de bastante cortisol, uma substância que ajuda no controle do estresse, mas que quando produzida em altas quantidades têm efeitos colaterais desagradáveis, tais como falta de sono, cansaço constante, péssimo hábito alimentar, vontade de comer doces o tempo todo, ansiedade, falta de apetite sexual, dores de cabeça, etc.

Note que todos esses sintomas são bem comuns quando terminamos com alguém. Não dormimos direito, ficamos tristes, ansiosos, comendo feito loucos, etc. E ainda há indícios de que altos níveis de cortisol fazem com que nossas memórias mais profundas venham à tona de maneira mais rápida. O que explica o motivo pelo qual nunca conseguimos parar de lembrar das coisas que vivemos com a pessoa com quem terminamos.

Mas e aí? O que fazer então? (In)felizmente não há uma receita eficaz para lidar com esse tipo de perda. No começo é sempre ruim mesmo e o maior segredo é: fique na fossa. Esse período de fossa é necessário. É muito caro para o nosso sistema cognitivo ter que inibir sentimentos como esses. Deixe-os acontecer. Chore se tiver que chorar. Fique sozinho se tiver que ficar sozinho. Com o tempo seu sistema cognitivo vai começar a se adaptar a essa nova situação e você vai notar que a vontade de chorar vai ser menor e a vontade de se isolar nem vai ser tão forte assim.

Como no final das contas é tudo uma questão de química, você precisa contribuir com essa parte também. Por mais que seu corpo vá querer comer todos os doces, bombons e chocolates que vir pela frente, é importante que você os evite (não 100%, mas não coma demais). Altos níveis de glicose e açúcar no organismo só vai contribuir para a produção de mais cortisol. Coma alimentos ricos em fibra, coma frutas e coisas verdes. Faça exercício físico. Além de servir como passa-tempo, vai fazer com que seu corpo produza mais endorfina, o que vai contribuir para o controle do estresse e o sentimento de dor que o término do relacionamento certamente causou.

Terminar um relacionamento é sempre ruim e por mais que você queira, você nunca vai ver, logo no início, o que isso realmente representa na sua vida. Deixe o tempo agir um pouco e faça a sua parte comendo bem, fazendo exercícios e chorando quando necessário. No final, tudo vai ficar bem, seja com a pessoa com quem se relacionou ou com alguma outra pessoa que vai encontrar.

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Fracassar é humano!

doubtA verdade é dura: nem tudo na vida dá certo. E muita gente sabe exatamente do que eu estou falando. Você estuda por horas e horas, faz a prova e tira uma nota ruim. Segue a receita direitinho, mas o bolo não fica bom. Faz tudo que acha certo no relacionamento amoroso e, no final, fica sozinho. A grande verdade é que fracasso faz parte da vida. Até mesmo pessoas bem intencionadas e inteligentes fracassam. Isso não é novidade. Na verdade, são raros os casos de “sucesso” no dia-a-dia. Essa raridade explica por que casos de sucesso acabam ganhando espaço nos jornais (e todo mundo acha inspirador).

Mas por que fracassamos tanto? Por que as coisas sempre dão errado mesmo quando queremos muito que as coisas dêem certo? Bom, se você está esperando uma resposta rápida, daquelas que cabe em um tweet, sinto muito. Mas a versão longa é a seguinte: nós somos tomadores de decisões. Estamos o tempo inteiro decidindo como agir, o que fazer, como fazer, que hora fazer, etc. E, algumas vezes, pensamos nas consequências das nossas decisões. Outras vezes não. O senso comum nos diz o tempo todo que fracassamos por que não pensamos nas consequências. Errado. Nossa cognição naturalmente faz relações causais e sempre imagina alguma consequência para alguma ação. Sempre. Até criança faz isso. O que o senso comum não fala é que nem sempre ponderamos a complexidade da situação (e por consequência (pun intended), a natureza multifacetada dos possíveis resultados).

Oi? Multiface… o que? Explico. Quando temos vários fatores que precisam ser levados em consideração em uma situação, falhamos em perceber que as diversas maneiras como esses fatores podem se combinar resultam em inúmeras consequências. O nosso papel é planejar a nossa tomada de decisão levando todas as possibilidades possíveis em consideração. Por isso que conhecimento da situação é importante. Vou dar um exemplo: se você observar o Facebook e o Twitter, você vai perceber que todo mundo por lá parece saber como governar um país. Em 1997, um pesquisador alemão fez uma simulação interessante. Ele deu a presidência de um país fictício localizado no Oeste da África para um grupo de 12 pessoas e disse: “olha, você é o governante. Faça o que for necessário para melhorar a qualidade de vida dos habitantes desse país“. Todas as decisões que as pessoas tomavam eram acolhidas por um computador que simulava consequências das atitudes dos governantes. Ao final de 10 anos (simulados, obviamente), apenas 1 governante conseguiu melhorar a qualidade de vida dos habitantes. Todos os outros 11 participantes acabaram criando catástrofes grandes e piorando a qualidade de vida das pessoas. Um deles, por exemplo, fez uma campanha para eliminar roedores e os macacos que estavam comendo as plantações dos fazendeiros, o que fez com que os leopardos da região ficassem sem o que comer, o que, por sua vez, fez com que eles começassem a atacar os gados dos fazendeiros.

Mas por que isso aconteceu? Ao tomar decisões, a maioria das pessoas pensa apenas em um problema de cada vez, sem levar em consideração a sistematicidade e interação dos diversos fatores envolvidos. Nossa mente naturalmente seleciona aquilo que é mais saliente (a consequência mais óbvia), ou aquilo a que temos uma maior familiaridade. E isso causa uma ilusão de que estamos “resolvendo um problema”. Por exemplo, se você percebe que a piscina da sua casa está com mal cheiro, você certamente vai retirar o que tem dentro dela (folhas, galhos, etc.), retirar toda a água suja, limpa-la por dentro e enche-la novamente com água limpa. Ao final disso tudo, você ficará contente pois resolveu o problema do mal cheiro. No entanto, um mês depois, o mal cheiro volta, mostrando que, no fundo, você não resolveu o problema. Não levou em consideração a complexa relação entre a temperatura do local, os organismos e substâncias ali presentes.

Mas e aí? O que fazer então? A resposta parece simples. Planeje! Planeje! Planeje! E planeje com muito cuidado e atenção. Qualquer resolução de problema que não seja cuidadosamente planejada está fadada ao fracasso. Esse planejamento precisa ser, no entanto, minucioso. Todas as variáveis possíveis devem ser levadas em consideração (sim, isso dá trabalho e requer que você conheça bem o problema que tenta resolver), bem como todas as possíveis interações dessas variáveis. Várias consequências podem surgir de problemas complexos. Liste todas elas. Coloque-as em ordem de importância. E pense em ações posteriores a cada uma delas. Apenas depois de destrinchar o problema no seu cerne, é que você deve considerar possíveis ações.

Esse processo de planejamento dá trabalho. É demorado. Requer calma, cautela, cabeça fria e perseverança. Se você errar no planejamento, tudo bem. Isso te dá espaço pra acertar na execução. Fazer a coisa certa de maneira errada é melhor que fazer a coisa errada de maneira certa!

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Moço, aceita cartão?

credit-cardsImagine que você tenha um celular velho. Um Samsung Galaxy SIII-Mini que desliga toda hora e já não suporta nenhuma atualização. Você decide comprar um celular novo pra você. Você entra em uma loja e o modelo que você quer custa R$ 700 no dinheiro. Se você resolver pagar com o seu cartão de crédito (sem parcelar), o mesmo celular vai custar R$ 1490. Oi? Isso mesmo. No dinheiro, R$ 700. No cartão de crédito, R$ 1490. Pegar ou largar. Mesmo que você considere algumas das taxas que empresas de cartão de crédito cobram para efetivar suas transações, imagino que você acharia essa diferença um pouco demais e injustificável. Seria um abuso! Aposto que você ligaria para o PROCON, chamaria o Cidade Alerta e colocaria a culpa no PT, na Dilma e no Lula. Afinal de contas, pensando racionalmente, o produto é o mesmo independente de como você resolve pagar por ele.

Infelizmente, quando o assunto é nosso sistema cognitivo, esse bordão “pensando racionalmente” não funciona muito bem. Inclusive, de acordo com um amigo meu, nossa mente é “previsivelmente irracional“. Ok. Mas pagar mais que o dobro só por que é cartão de crédito não faz sentido. Faz?

Então, mas nós fazemos isso inconscientemente. De acordo com o Federal Reserve Bank of Boston, 71.2% dos norte-americanos com mais de 20 anos de idade possuem pelo menos um cartão de crédito. Isso quer dizer que, muitas pessoas tem a opção de pagar por alguma coisa utilizando o seu cartão de crédito. Um estudo publicado em 2000 pela Sloan School of Management do MIT nos Estados Unidos mostrou que as pessoas têm uma tendência a querer pagar mais por um produto quando utilizam o seu cartão de crédito e não dinheiro. Nesse estudo, os participantes tinham que escolher quanto gostariam de pagar por um par de ingressos para o último jogo de um campeonato local. Metade dos participantes teriam que pagar pelo par de ingressos com o cartão de crédito e a outra metade teriam que pagar com dinheiro. Segundo os autores, os participantes que teriam que pagar com dinheiro estavam dispostos a pagar uma média de $28 dólares pelo par de ingressos. Já os participantes que pagariam com o cartão de crédito estavam dispostos a pagar uma média de $61 dólares pelo mesmo par de ingresso.

Esse efeito (que os autores chamaram de “credit card premium“) esteve presente até mesmo quando os participantes apenas viam uma bandeira de cartão de crédito (VISA, MASTERCARD ou AMEX). Ou seja, mesmo que ele pagasse com dinheiro, só de ver a possibilidade de pagar com cartão de crédito fazia com que ele implicitamente quisesse pagar um valor mais alto.

Mas afinal de contas, por que isso acontece? O cartão de crédito cria um distanciamento do conceito monetário que temos do dinheiro. Qualquer tipo de distanciamento (físico ou psicológico) faz com que a gente perceba as coisas de maneira mais global, prestando menos atenção a detalhes. Basicamente, esse distanciamento faz com que percebamos transações financeiras de maneira mais global e com menos atenção a detalhes. Por exemplo, pessoas que fazem compras com cartão de crédito tendem a esquecer mais facilmente dos valores dos produtos que compraram. E tendem também a subestimar o valor das coisas (i.e., acham que um produto custou menos do que ele realmente custou). Em outras palavras, as pessoas tendem a ter uma visão menos racional dos valores e transações financeiras quando utilizam o seu cartão de crédito ao invés de usar dinheiro.

No final das contas, não precisava nem da loja oferecer o celular por mais que o dobro do valor original para pagamento com cartão de crédito. Bastava ele dizer que aceitaria o pagamento com cartão de crédito. Sua mente faria o resto.

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Como ser feliz?

postAcho que todo mundo já passou por isso pelo menos uma vez na vida: um dia, você é a pessoa mais feliz do mundo. No dia seguinte, tudo desmorona e você se sente a pior pessoa do universo. Ser feliz não é fácil. Em 2012, Bronnie Ware escreveu um livro chamado The top five regrets of the dying e nesse livro ela relata que uma das coisas que as pessoas mais se arrependem quando estão no fim da vida é que elas queriam ter sido mais felizes. O interessante disso tudo é que nós mesmos negligenciamos essa felicidade que buscamos o tempo inteiro. É isso mesmo. Nós temos o que precisamos pra ser feliz e, por algum motivo, sempre deixamos escapar. Mas será por que isso acontece?

Nosso sistema cognitivo se engaja o tempo todo no que eu chamo de “do contra cognitivo”. Temos uma voz interna que funciona como um ser “do contra” que está o tempo todo nos encorajando a não fazer aquilo que achamos que vai nos deixar felizes. Não vou discutir aqui o porquê da existência dessa voz, mas sim sobre por que sempre damos ouvidos a ela (e por isso, nunca somos felizes de verdade).

Nosso sistema cognitivo está acostumado com aquilo que é familiar e que conhecemos bem. Quando estamos ao redor das coisas, atitudes e pensamentos que nos são familiares, estamos naquilo que chamamos de zona de conforto. Ser feliz, muitas vezes, requer sair um pouco dessa zona de conforto. Requer fazer coisas que irão balançar um pouco o nosso senso de identidade. Vai nos fazer repensar quem somos e o que queremos. E isso certamente nos causa ansiedade. Normal. É nessa hora que esse do contra cognitivo diz que sair dessa zona de conforto é arriscado e que você deveria agir de forma a voltar para essa zona de conforto.

Essa nossa zona de conforto serve como uma espécie de escudo que nos defende daquilo que pode possivelmente nos machucar. Esses escudos são formados, dentre outras coisas, pelas nossas experiências passadas. Por exemplo, uma pessoa que teve pais abusivos, pode criar um escudo que a impeça de se relacionar mais intimamente com as pessoas a sua volta. Nesse caso, sua zona de conforto é aquela em que ela se afasta de relacionamentos mais íntimos — mesmo que isso seja o que vai trazer felicidade para essa pessoa.

O que eu acho mais interessante desse do contra cognitivo é que ele te faz voltar para a sua zona de conforto, mesmo que isso signifique não ser feliz. Mas esse mesmo sistema é o que causa o sentimento de culpa que temos quando deixamos pra trás aquele alguém, ou aquela coisa que nos fazia muito feliz. É como se ele dissesse assim: “olha, isso é muito arriscado. Sai fora“. Aí depois que você sai fora, ele vira e diz “Você deveria ter tentado ficar com aquela pessoa, ou com aquele emprego“. Esse sentimento de culpa e arrependimento é muito comum quando deixamos pra trás aquilo que nos trazia a felicidade que tanto sonhávamos. Obviamente esse arrependimento não dura pra sempre. Mas é sempre mais uma oportunidade de ser feliz que deixamos pra trás.

Mas e então? O que fazer pra ser feliz? Antecipe seus sentimentos. É importante ter ciência desse do contra cognitivo e saber quando podemos ignorá-lo. Se você quer ser feliz de verdade, é importante saber que irão existir momentos de desconforto, incertezas e um pouco de redefinição de quem você é (redefinição da sua identidade). Saber lidar com esse desconforto é essencial. E não só isso. É bom saber que tudo se acomoda com o tempo, de maneira que, a felicidade que te incomoda agora, será sua zona de conforto no futuro, mas apenas se você não desistir tão cedo dela.

 

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Os que os olhos não lêem, o Facebook inventa, deturpa e faz memes

Screenshot 2015-06-21 12.32.33No último domingo, a Folha de São Paulo divulgou uma matéria sobre parte da minha vida profissional. Foi um reconhecimento legal que veio após a minha entrevista para o Jovem Nerd e Azaghal no Nerdcast 460. A reportagem original da Folha de São Paulo chegou até a ser modificada e reproduzida pelo Yahoo Brasil na seção Inspire-se. Confesso que tive um sentimento bom ao saber que minha história poderia servir de inspiração para alguns milhões de brasileiros que lutam todos dias pra alcançar o famoso “vencer na vida”

No entanto, a internet é um lugar engraçado e perigoso. Engraçado por que nela as pessoas conseguem expressar suas habilidades criativas ao extremo. E perigoso por que essas mesmas habilidades cognitivas são intrinsecamente falhas e limitadas.

Em menos de 24 horas, essa minha história — que tinha o objetivo claro de servir de inspiração para muitos jovens brasileiros — virou gancho para debates políticos, com um show de comentários do tipo: “esse não precisou de cotas“, “e depois dizem que não existe meritocracia“, “só falta o PT dizer que foi ele que ajudou“, “esse não sofreu de coitadinho“, e o meu favorito “esse concerteza não votaria no PT“.

Vamos deixar algumas coisas bem claras aqui: toda e qualquer interpretação e discussão acerca da reportagem é válida desde que seja minimamente coerente com o que a reportagem diz. Leia novamente as duas matérias e conte quantas vezes é mencionada a palavra cotas. Isso mesmo: zero vezes. No entanto, o fato dessa palavra não ter aparecido nem uma vez nas reportagens não garante a interpretação de muitos de que “esse não precisou de cotas“. As coisas que acontecem na nossa vida, acontecem dentro de um contexto muito maior do que aquilo que a nossa cognição geralmente consegue conceber e processar. E nessa reportagem, eu não menciono absolutamente nada com relação ao momento político-social em que eu me formei, ou das várias assistências governamentais que utilizei ou não. Utilizar a reportagem e minha história para esse tipo de argumento é errado e evidencia uma tremenda idiotice e falta de pensamento crítico.

Nossa cognição é péssima no que diz respeito a probabilidades. Nunca conseguimos pensar criticamente no todo, e sim em eventos isolados. Quando um evento isolado se torna parte da nossa memória, logo achamos que aquilo é regra. E como regra é algo previsível, logo achamos que aquele evento isolado é previsível. Muitos leram a minha história e já partiram pra conclusão de que essa é a regra no Brasil para que jovens negros e pobres vençam na vida. Mas deixa eu contar pra vocês uma coisa: não é. O Brasil tem mais de 200 milhões de pessoas. Mais de 20% desse total vive na pobreza. E desse percentual, poucos “vencem na vida”. E isso certamente não é somente por falta de esforço e força de vontade.

Qualquer explicação que coloque essa culpa “somente” no estado (seja ele de esquerda ou direita) é uma explicação no mínimo simplória para um problema histórico e altamente complexo. E como todo problema complexo, a solução não vai surgir a partir de uma pessoa, um governo ou um comentário falacioso no Facebook. Muitas vezes a nossa contribuição para resolver problemas complexos precisa ser pequena e pontual.

A minha contribuição foi de compartilhar um pouco da minha história e dar uma motivação extra para aquele jovem que naturalmente pensa em desistir quando surge algum obstáculo obstruindo seu sonho (o que é muito natural). E se você ainda não sabe como contribuir (o que também é natural), pode começar pela não destruição da contribuição dos outros.

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Crédito da foto @ceticismo

 

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O que os ouvidos ouvem, o cérebro imagina.

whisperREX3004_468x317Eu tenho um amigo que é simplesmente o rei das cantadas esquisitas. Uma vez, estávamos sentados em uma mesa de bar na pracinha do Coração Eucarístico em Belo Horizonte, quando passou uma garota com várias tatuagens no braço. Eis que esse meu amigo olha pra ela e diz: “Psiu! Vem cá pra eu te dar uma rabiscada!” Obviamente, a garota o ignorou prontamente. Daí ele me disse que adorava mulher com tatuagens (o que ele carinhosamente chamava de “mulher rabiscada”).

Nós, seres humanos, nos sentimos atraídos por várias características em uma outra pessoa. Algumas pessoas gostam de olhos bonitos, outros de mãos bonitas e alguns gostam de pessoas rabiscadas. As vezes essas características não precisam ser físicas. Tem gente que gosta de pessoas inteligentes, bem-sucedidas ou nerds. E, por incrível que pareça, muita gente se encanta por vozes. Isso mesmo. Existem pessoas que se sentem atraídas pela voz de alguém. Mas afinal de contas, o que faz a voz de alguém ser algo atraente?

Na Psicologia Cognitiva, existem vários estudos que exploraram o que faz alguém ser fisicamente atraente: simetria facial, posição correta dos olhos em relação ao rosto, boca proporcional ao tamanho do nariz, etc. Mas o que faz uma voz ser atraente? Quais características acústicas fazem com que uma voz seja considerada bonita?

Em 1993, Miron Zuckerman e Kunitate Miyake, do Departamento de Psicologia da Universidade de Rochester nos Estados Unidos, fizeram um estudo para investigar exatamente isso: o que faz uma voz ser atraente? Para isso, eles gravaram as vozes de 110 pessoas e fizeram um mapa acústico das vozes dessas pessoas (mediram coisas tipo altura da voz, timbre, amplitude, número de pausas, velocidade, etc. além de aspectos mais técnicos tipo a característica dos formantes). Depois, eles pediram um grupo de pessoas para julgarem o quão atraente as vozes eram (utilizando uma escala de 1 a 7). Pediram também as pessoas para fazer inferências sobre a personalidade dos donos das vozes (coisas tipo: essa pessoa é inteligente? madura? dominante?).

Em geral, eles encontraram que vozes mais atraentes são mais altas, mais ressonantes (i.e., voz com som intenso) e são falas com menos pausas e mais rápidas. No entanto, isso só acontece com vozes masculinas. As vozes femininas mais atraentes, são aquelas que possuem uma altura média e são falas mais articuladas (com um maior número de pausas e um pouco mais lenta). Os pesquisadores também encontraram que as vozes mais atraentes são relacionadas a pessoas mais dominates, inteligentes e bem sucedidas (da mesma forma como atribuímos esses traços para pessoas fisicamente atraentes). Eles não analisaram características como sotaque, o que certamente tem uma contribuição grande em como julgamos o quão atraente é a voz de alguém.

Acho que agora eu entendo por que, por muitos anos, minha mãe imaginava o Lombardi, um cara de 25 anos, atlético e com cara de Celso Portiolli. Oh well…

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O que Big Data tem a ver com neurociência e relógios inteligentes?

InUse2Todo mundo já ouviu falar sobre esse tal de Big Data. É a moda do momento. Várias empresas têm investido muita grana nessa nova tendência. E não são só as empresas que têm feito isso. As grandes instituições de ensino superior pelo mundo afora também estão entrando de cabeça na onda do Big Data, com formação de departamentos e programas de graduação e pós especializados nessa tendência. Mas afinal de contas, o que é isso e por que está todo mundo nessa euforia toda?

Sendo bem simplório, Big Data é um termo amplo que se refere ao uso de quantidades grandes (tipo, muito grande mesmo) de dados para auxiliar no processo de tomada de decisões e predições do futuro (veja aqui algumas definições mais específicas de Big Data). Como isso é feito e o tipo de conhecimento técnico necessário para lidar com Big Data é assunto pra uma outra postagem. Mas por que esse frisson todo com isso?

Na verdade, fazer modelos preditivos — ou seja, montar um forma de “adivinhar” exatamente o que você está procurando quando acessa o Google, por exemplo — com base em uma quantidade absurda de dados é muito bom e tem aplicações práticas formidáveis. Só para ilustrar, pode ser que você não saiba o que quer dizer a palavra “frisson”. Daí você vai ao Google, faz uma busca, encontra um link que diz a definição da palavra. Se várias pessoas fizerem isso, o Google vai armazenar os dados relativos a essas buscas e com isso montar um modelo que prediz (Google falando): “opa, como é muito comum que as pessoas busquem pela definição da palavra frisson e não necessariamente pela canção Frisson na voz de Elba Ramalho, eu vou colocar o link da definição bem no topo da busca”. E esse modelo fica cada vez mais funcional quando se baseia em uma quantidade grande de dados.

Mas isso é o começo dessa história de Big Data. E pra dizer a verdade, o Google e outras empresas de tecnologia já fazem isso desde sempre. Nem é novidade mais. E pra ser mais sincero ainda, em termos técnicos, esse tipo de modelo preditivo nem é tão complexo assim de se construir. A coisa começa a ficar realmente legal — e é por isso que o interesse com isso vem crescendo — quando começamos a explorar a multidisciplinaridade dessa parada toda.

Para ilustrar o que eu quero dizer, eu gosto de citar o modelo de “recomendação de músicas” que o Google lançou em meados de 2013. O sistema se baseia em uma quantidade grande de dados (duuuhhhh, helloooo Big Data!), mas dados de natureza distintas: ele combina dados de natureza acústica (isso mesmo: espectrogramas com características sonoras de várias canções); metadados contendo informações tais como nome do artista, da canção, do álbum, do estilo, etc; meta-metadados contendo informações de tudo que existe na web sobre esse artista, suas canções, seu estilo, etc; e obviamente os dados sociais de busca e preferências das pessoas (tipo: quais outros artistas as pessoas que gostam desse artista também gostam?). Todas essas informações são utilizadas conjuntamente para que a recomendação que esse sistema te faz seja tão boa quanto a recomendação que uma pessoa que te conhece bem faria. Essa implementação não é tão fácil assim, já que envolve dados de natureza distintas e que se comportam de maneira peculiar.

No final das contas, um sistema como um Google Now, Siri ou S-Voice pretende funcionar como um agente pessoal. Um agente pessoal, no sentido clássico da palavra, é alguém (pessoa) que tem um corpo, uma mente e um cérebro que processa informações e toma decisões. Assim, qualquer pessoa que queira construir um sistema inteligente que funcione como um agente pessoal de carne e osso precisa entender minimamente sobre como nosso corpo, mente e cérebro funcionam. E esse, é na minha opinião, o futuro do Big Data: a natureza dos dados que coletamos.

Estamos saindo da era dos dados puramente numéricos e distribucionais para entrar em uma era de dados sensoriais. Só para ilustrar: existe uma empresa em Boston chamada MimoBaby. Essa empresa produz roupinhas de bebê. O diferencial: essas roupinhas contêm sensores que medem, de maneira constante, vários dados biométricos do bebê (o padrão de respiração, temperatura, sons que ele produz, rítmo do batimento cardíaco, etc), e mantém toda essa informação em uma nuvem que se conecta a um aplicativo no seu celular que monitora todos esses dados. Ele te manda alertas sobre qualquer alteração nessas medidas e pode ser diretamente utilizado por médicos e hospitais para um diagnóstico mais rápido e correto sobre a saúde do seu bebê. Os relógios inteligentes que estamos vendo proliferar no mercado de tecnologia são um grande exemplo do potencial que temos em mãos para coletar ainda mais esses dados sensoriais de maneira constante.

O futuro do movimento do Big Data está apenas começando (e aparentemente com força total). E dada a sua natureza intrinsicamente multidisciplinar, o profissional Big Data do futuro deverá ser aquele que, não apenas transite pelas várias esferas do conhecimento sem se sentir incomodado, mas que também seja capaz de se manter informado sobre os principais avanços nessas esferas: desde os avanços na área de tecnologia até os avanços na área de neurociência e psicologia.

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Hmmm… vermelho… azul… verde…. não lembro o resto.

Screen Shot 2015-03-10 at 9.42.30 PMToda vez que precisamos memorizar alguma coisa, damos um jeito de “repetir” essa coisa várias vezes. Geralmente a idéia é: quanto mais exposição temos àquilo que queremos lembrar, melhor. Será? Você certamente deve utilizar a página de busca do Google todo dia, e como consequência, você deve ver a marca (logotipo) do Google todos os dias. Você lembra como é a marca do Google? Sem trapacear, fale quantas cores diferentes tem a logomarca do Google. Ainda sem olhar, fale a ordem em que essas cores aparecem na logomarca do gigante da Internet. Veja se você acertou aqui.

Mesmo vendo a marca do Google todos os dias, a maioria das pessoas tem uma dificuldade muito grande de lembrar esses detalhes tais como as cores e a ordem das cores. Um estudo recente realizado na Universidade da Califórnia em Los Angeles fez algo parecido, mas com a marca da Apple. Os pesquisadores pediram aos participantes que eles desenhassem a marca da Apple sem olhar o original. Os pesquisadores avaliaram características como o lado e o tamanho da mordida, a orientação e o tamanho da folhinha da maçã, a base da maçã, etc. Apesar de os participantes que eram usuários dos produtos da Apple terem se saído um pouco melhor na tarefa quando comparados com os participantes que não eram usuários da Apple, a grande maioria dos participantes não soube desenhar a marca da Apple de maneira correta.

Os pesquisadores mediram ainda o nível de confiança dos participantes quanto a capacidade de lembrar a marca da Apple. Por exemplo, antes de pedir aos participantes que desenhassem a marca, os pesquisadores pediram a eles para dizer, usando uma escala de 1 a 10, o quanto eles achavam que lembravam de como é marca da Apple. A maioria dos participantes relataram um alto nível de confiança quanto a lembrança da marca. No entanto, depois que os participantes desenharam a marca da Apple, os pesquisadores pediram a eles para dizer, de novo, o nível de confiança com relação a lembrança da marca. Depois de desenharem, mais de 50% dos participantes relataram um nível de confiança menor que o relatado anteriormente. Isso por que, na hora do vamos ver, eles notaram que não lembravam tão bem assim da marca da Apple.

Mas o que isso quer dizer? Constante exposição a alguma coisa ou alguém nos dá a sensação de que conhecemos bem aquela coisa ou esse alguém. Por isso que quanto mais convivemos com alguém, mais achamos que conhecemos bem essa pessoa. No entanto, quanto mais exposição a alguém ou alguma coisa, menos atenção prestamos aos detalhes. Constante exposição nos faz formar uma ideia mais geral e menos detalhada. E isso faz sentido. Se temos acesso a alguma coisa ou alguém o tempo todo, pra que precisamos memorizar detalhes se podemos simplesmente vê-los se quisermos? Toda vez que precisamos “lembrar” dessas coisas a que estamos expostos o tempo todo, geralmente “lembramos” apenas a representação geral e esquemática que temos (por exemplo: o símbolo da Apple é uma maçã mordida) e não os detalhes de como a coisa realmente é (por exemplo: a folhinha está virada para a direita e não pra esquerda).

Quer saber mais sobre a mente humana? Pergunte ao Cognando.

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