Há quem diga que um conteúdo engajou quando viralizou. Isto é, foi muito curtido, comentado, compartilhado. Mas também há quem considere que engajamento é uma ação de médio e longo prazo. Isto se nos referirmos ao conjunto do conteúdo, acompanhamento constante e ativo das pessoas que compõem o público alvo. Assim, o engajamento aos perfis de redes sociais seria algo menos pontual e vinculado a um trabalho contínuo junto ao público alvo.
De forma sucinta e breve, temos na comunicação dois tipos de engajamento do nosso conteúdo. Aliás, temos muito mais, óbvio, eu vou abordar dois que estudei para este post:
Engajamento de propagação
Aplica-se às redes, no sentido de conseguir seguidores, consolidar marca, por exemplo. Neste caso, se relacionaria ao que eu mencionei antes, como algo planejado para um médio e longo prazo. Dessa forma, não é um produto viral e pontual. Aliás, consolidar marca diz respeito a um trabalho contínuo em que seguidores ativamente comentariam, curtiriam e/ou, compartilhariam de forma seguida aquilo que estamos produzindo.
Engajamento de ação
Aplica-se aos repositórios, como o Blogs ou outros sites. E engajar é levar o usuário ou público alvo ao material “completo”, através das redes sociais, por exemplo. O Blogs Unicamp tem este tipo de proposta. Isto é, as redes sociais são um meio de divulgar o material produzido no projeto. Uma vez que nas postagens aqui, as informações estão apresentadas de forma mais aprofundada e completas. É muito mais difícil conseguirmos aprofundar a informação em um tweet ou carrossel do instagram, por exemplo.
A Erica Mariosa Carneiro escreveu um texto sobre engajamento no Mindflow sobre engajamento a partir do que pensamos aqui no Blogs Unicamp. Mas eu queria ressaltar esta frase final do post dela, que acho ser importante nesta questão:
Engajamento na divulgação científica para nós é fazer com que o conhecimento científico “saia de seu ambiente científico e acadêmico e chegue à sociedade” e isso não se trata de números que as redes sociais apresentam como engajamento, isso se trata de pessoas.
Nada do que falei aqui é muito novo na comunicação…
Estou apenas fazendo um exercício, a partir de alguns estudos recentes… Ou seja, uma tentativa de articulação de ideias entre mim e quem vem produzindo conteúdos. Ou ainda conversando sobre isso com colegas e estudando sobre o tema em livros de publicidade e marketing digital.
Por que marketing? Ora, nosso conteúdo vem sendo visto como algo consumível. Assim, temos seguidores, temos produção de conteúdo e consumo de informações. Estamos tentando produzir uma série de conhecimentos e tentando engajar o público de alguma forma. São ferramentas importantes de serem compreendidas. Nem que seja para ver se podemos dispensar seu uso (afinal: compreender sobre ferramentas “é sobre isso” e “tá tudo bem”).
É por estarmos, também, em plataformas que foram pensadas para isso…
Algumas questões surgem para mim a partir deste exercício que eu fiz aqui (e ainda está longe de acabar), para finalizar. Então, vamos a elas… Faz sentido pensar:
- Em termos que nos adequar a tudo o que as plataformas impõe, como mudanças para entregas destes conteúdos? Até onde nossa adequação vai?
- Que existe definição suficiente de público-alvo, quando as entregas não são feitas nestas plataformas?
- Se existe ‘escolha’ individual e ‘curadoria’ de conteúdo, e até que ponto existem, nestas plataformas? E como organizar isto?
- De que forma devemos organizar nossos conteúdos e informações, enfrentando esta diversidade de problemáticas que não são “a informação científica em si”?
- O que queremos, afinal, com o nosso conteúdo? Atingir o maior número de pessoas possível? Ter um público fidelizado, que sempre acompanha, comenta, interage, aprende e ensina no diálogo? Ampliar sempre e cada vez mais nosso público, independente do perfil?
Eu estou tentando encerrar, mesmo sem responder (por enquanto) estas perguntas… Até porque é longa a jornada para pensar o que estamos fazendo. Seja como divulgadores científicos (que iniciaram a carreira na área científica – e não da comunicação), seja como cientistas inquietos estudando comunicação.
Dá para fazer divulgação científica sem estudar estas questões? SIM! Claro que dá.
Mas… estudar tudo isto ajuda a divulgar mais e melhor? Um dia te conto, juro… hahaha
Estudar esses conhecimentos ajuda a pensar melhor em organização e produção de conteúdos? Sim, pois as plataformas e redes são parte de todo o nosso trabalho…
Todavia, talvez o mais relevante (e aqui é uma posição individual, claro) seja analisar e pensar também como encaramos estas redes. Além disso, como isso impacta em nosso trabalho, formação, atuação em parcerias e profissionalização…
E talvez precisássemos debater melhor estas questões em cursos de formação científica.
Para saber mais
A inspiração do texto de hoje pode ser vista aqui:
Já falamos sobre a Divulgação Científica e especialistas, também, no primeiro post do CEDiCiências
Além disso, consultei os materiais:
Anderson, Chris (s/d) Cauda Longa: do mercado de massa para o mercado de nicho.
Larrosa, Jorge (2002) Notas sobre a experiência e o saber da experiência. Revista Brasileira de Educação, n.19.
Strutzel, T (2015) Presença digital: Estratégias eficazes para posicionar sua marca pessoal ou corporativa na Web. Rio de Janeiro: Alta Books.
E do Mindflow:
Desafios do produtor de conteúdo – da comunicação de massa ao digital
O Dilema das Redes e porque esse problema também é seu!
O que é Comunicação Institucional?
No PEmCie
Divulgação científica em tempos de pandemia: como elaboramos conteúdos?