Se beber, não decida!

Sabe aquele sábado a noite que você não está com vontade de ficar em casa, mas não tem programa algum? E então acaba indo à festa do amigo do primo do vizinho?! Então. Ontem foi um desses sábados para mim. Para ser bem honesto, eu adoro esse tipo de festa. Elas são ótimas para fazer novas amizades, uma vez que geralmente eu não conheço 95% das pessoas que estão na festa. E obviamente, adoro observar o comportamento alheio (yes, creepy, I know… oh well). Essas festas são ótimas pra isso! 🙂
Como eu moro em uma cidade universitária, a probabilidade de qualquer festa envolver estudantes de graduação e bebida alcoólica é super alta. E com duas horas de festa, a probabilidade de se encontrar um estudante de graduação bêbado é quase 90%. Infelizmente (felizmente para algumas pessoas), tomamos péssimas decisões quando estamos bêbados. Falamos coisas que não queremos falar, fazemos coisas que não queremos fazer e criamos situações que não queremos criar. Existem várias pesquisas mostrando que tomada de decisão com estado alterado de consciência (bêbado, por exemplo) quase sempre envolve uma recompensa imediata (i.e., você fica com o cara ou com a menina que você quer), mas a longo prazo, envolve consequências ruins (i.e., envolvimento emocional desnecessário e indesejável, baixa auto-estima, etc).
Mas por que tomamos decisões ruins quando bebemos? Uma pesquisa recente, desenvolvida por Patrick Quinn e Kim Fromme, ambos do departamento de Psicologia da Universidade do Texas mostrou que existe uma correlação muito alta entre a capacidade que temos de auto-regulação — capacidade de controlar nossos impulsos, emoções e desejos — e comportamento alcoólico de risco. A correlação é obviamente negativa: quanto maior sua capacidade de auto-regulação menor é a chance de você se envolver em comportamentos alcoólicos de risco. No entanto, várias outras pesquisas mostram que mesmo as pessoas que têm um alto poder de auto-regulação, quando bebem, apresentam uma queda nessa habilidade e acabam tomando decisões impulsivas e que buscam uma recompensa imediata.
Em geral, quase 70% dos estudantes de graduação nos grandes centros universitários tem uma vida sexual ativa. A grande maioria desses estudantes se engajam frequentemente em sexo casual, com parceiros que encontraram apenas uma vez e que não pretendem manter nenhum vínculo emocional a longo prazo. Qual o problema disso? Bom, além do problema óbvio do risco de contração de doenças sexualmente transmissíveis, há um risco, menos óbvio, quem tem a ver com o bem estar psicológico do indivíduo. Várias pesquisas mostram que uma vida sexual saudável traz grandes benefícios psicológicos a longo prazo.
Uma pesquisa recente desenvolvida por  Matthew Gailliot e Roy Baumeister, ambos da Universidade Estadual da Flórida, mostrou que quando a nossa capacidade de auto-regulação é “atrapalhada”(via bebida alcoólica ou qualquer outro mecanismo) temos uma tendência maior em manter relações sexuais sem restrições (i.e., não escolhemos bem os parceiros, engajamos em sexo sem proteção e temos muitos parceiros sexuais em um espaço curto de tempo). Uma vez que baixa auto-regulação tem um foco em recompensas imediatas, não vemos as consequências que esse tipo de comportamento traz a longo prazo. Por exemplo, algumas pesquisas têm mostrado resultados robustos relacionando condutas sexuais atípicas e vários outros problemas, tipo: uso excessivo de drogas, transtornos alimentares, depressão ou baixa-estima excessiva. Não há, obviamente, uma relação de causa-e-efeito, mas é importante saber que essas coisas estão intimamente relacionadas.
No final das contas,  é importante também conhecer um pouco mais das consequências psicológicas que uma vida sexual “desregrada” pode ocasionar. Apesar da clara recompensa imediata que ela traz (ninguém está negando que fazer sexo seja bom e prazeroso), uma vida sexual ativa e saudável envolve muito mais que simplesmente “sentir tesão”. Pode ser uma boa idéia conhecer outros aspectos da vida dos nossos parceiros sexuais, mesmo que sejam apenas “fuck buddies”. Sempre há algo de interessante para se descobrir — algo além do que se descobre na cama! 🙂
A dica que fica é: evite tomar decisões quando estiver bêbado! Em outras palavras, se beber, não decida!
Siga o ***Cognando*** no Twitter, Facebook e no Google+
Referência:

Gailliot, M., & Baumeister, R. (2007). Self-Regulation and Sexual Restraint: Dispositionally and Temporarily Poor Self-Regulatory Abilities Contribute to Failures at Restraining Sexual Behavior Personality and Social Psychology Bulletin, 33 (2), 173-186 DOI: 10.1177/0146167206293472

Esta entrada foi publicada em Psicologia Cognitiva. Adicione o link permanente aos seus favoritos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *