Tenho certeza que você se arrepiou só de ler o título dessa postagem. Essa é uma curiosidade muito comum que as pessoas têm (e que bastante gente já investigou de alguma forma).
Temos praticamente duas respostas para essa pergunta: uma biológica e uma psicológica.
A biológica é a seguinte: os sons que nós escutamos têm uma certa frequência. Sabe quando jogamos uma pedra na água e ela forma umas ondas na água? Quando “jogamos” som no ar, ele forma uma ondas no ar e o número de ondas que esse som forma no ar caracteriza a sua frequência. Essas frequências são medidas em Kilohertz (kHz). Vários estudos já demostraram que o nosso ouvido é muito sensível a frequências entre 2kHz e 4kHz. Basicamente a anatomia do nosso ouvido amplifica essas frequências de tal forma que, assim que entram no nosso ouvido, percebemos os sons como se fossem mais altos. E não só isso, a maioria dos casos de surdez causadas por sons, são oriundas de sons que têm frequência entre 2kHz e 4kHz. Ou seja, essa frequência não é bem vinda aos nossos ouvidos. Frequências de sons podem ser modificadas em laboratório. Um estudo recente, por exemplo, modificou a frequência do som que a gente ouve quando alguém arranha a unha em um quadro de giz. Com a frequência modificada, as pessoas não sentiam tanto arrepio quanto antes.
A explicação psicológica é um pouco mais complexa. Na verdade existem várias. E elas estão todas ligadas de certa forma. O nosso cérebro está o tempo inteiro aprendendo padrões para economizar energia. Assim, para te proteger de sons que supostamente podem te deixar surdo, o seu cérebro aprendeu a criar uma resposta negativa a esse tipo de som (ativando áreas de estresse e liberando substâncias que te deixam em estado de alerta — por isso o arrepio) para que você faça alguma coisa com relação ao som quando ele ocorre (por exemplo, coloque as mãos nos ouvidos). Mas o nosso cérebro é bem espertinho, e as vezes ele “antecipa” algumas dessas reações. Por exemplo, um estudo mostrou que as pessoas começam a ter arrepios antes mesmo de uma pessoa começar a arranhar a unha no quadro. Provavelmente foi o que aconteceu quando você leu o título dessa postagem. Outro estudo mostrou que se você só ouvir o som de unhas passando no quadro, mas achar que é uma música contemporânea, sua irritabilidade e respostas negativas serão menor.
Esse tipo de reação do cérebro para certos sons tem uma vantagem evolutiva importante. Além de nos proteger contra sons prejudiciais, ela pode também nos deixar mais alerta contra certos predadores e nos deixar mais alertas para enfrentar certos perigos. Um estudo super recente mostrou que o cérebro da mãe de um bebê recém-nascido reage ao choro do bebê de uma forma muito semelhante à maneira como o nosso cérebro reage a sons de unhas arranhando quadro de giz ou quando raspamos um isopor no outro. Esse tipo de resposta cerebral faz com que a mãe fique mais alerta ao choro do bebê e busque conforta-lo mais prontamente. Já percebeu que seu marido nem mexe na cama quando o bebê chora? A resposta que o homem tem ao choro do bebê é bem diferente e não é colocado em estado de alerta assim como o cérebro da mãe.
Tem mais alguma coisa que seu cérebro quer saber? Mande pra mim!
Meu filho tem 2 anos e conosco a resposta evolutiva se inverteu. Eu conseguia (e consigo até hoje) ouvir e reagir ao choro do nosso bebê muito antes da minha esposa. Ela é muita grata inclusive!
Fala André, cara através do nerdcast procurei o blogue e me apaixonei parabens mesmo pelo trabalho, tenho uma loja de manut. de micros e fiz uns testes de fazer um blogue se puder dar uma olhada, ainda experimental, endereço ta aí no website...
grande abraço...
Muito legal, encontrei por acaso o seu blog e adorei, tudo muito informativo. Parabéns