43 – Desenvolvimento Sustentável e Ecossocialismo
O que para você é um desenvolvimento sustentável? Se sim, você deve estar familiarizado com a ideia de que é a conciliação entre desenvolvimento tecnológico e preservação do meio ambiente.
Tal conceito também pode ser estendido, como o uso de energias renováveis, consumo consciente, aprimoramento da eficiência energética (temas que já foram até abordados no Blog), de forma a maximizar a preservação do planeta.
Porém, será que o desenvolvimento sustentável é o único caminho para a preservação do planeta? Ou ele é uma alternativa inviável ou insuficiente?
A razão do Desenvolvimento sustentável
Conforme conhecimentos gerais, há inúmeras consequências dos impactos negativos ao meio-ambiente provocados pelo ser humano. Um deles foi visto no texto 34. Tais impactos justificam a aplicação de novas políticas ambientais e energéticas, com o intuito de preservar o meio ambiente e ao mesmo tempo continuar a utilizar os seus recursos.
Basicamente, o objetivo do desenvolvimento sustentável é uma conciliação entre crescimento econômico e preservação ambiental. Em outras palavras, continuar a utilizar os recursos do nosso planeta de forma a comprometer o mínimo possível o meio-ambiente.
Críticas ao desenvolvimento sustentável
Apesar da ideia do desenvolvimento sustentável ser considerada popular entre os ambientalistas, ela é bastante criticada até mesmo por pessoas que carregam ideias de preservação ambiental. Por exemplo, no artigo “A crítica marxista ao desenvolvimento (in)sustentável[1]”, é debatido a superação ou ressignificado do termo desenvolvimento sustentável, de forma que esse seja compatível com um novo modelo de produção.
Há também o artigo intitulado “Desenvolvimento Sustentável e suas contradições[2]”, cujo autor aponta trechos de autores que fazem críticas ao desenvolvimento sustentável com base no aspecto social e ambiental. Além disso, o artigo faz ênfase na questão do desenvolvimento sustentável apontar os países pobres como “culpados”. Ou seja, os países mais ricos e pessoas mais ricas possuem um consumo mais elevado do que as pessoas de classe mais baixa.
Há também análises críticas quanto ao conceito de desenvolvimento sustentável, como o artigo “É o desenvolvimento sustentável, sustentável?[3]” e o artigo “O problema do desenvolvimento sustentável[4]”.
Ecossocialismo e críticas ao desenvolvimento sustentável
Uma das vertentes que criticam o desenvolvimento sustentável são a dos ecossocialistas. Diferente dos ambientalistas, os ecossocialistas acreditam que o verdadeiro desenvolvimento sustentável será através do rompimento do sistema capitalista. Em outras palavras, estes descreem em um capitalismo “verde”, além de fazerem críticas em relação ao modelo de desenvolvimento sustentável nesse sistema econômico. Ou seja, defendem um modelo ambiental fora dos eixos capitalistas (ou dentro de uma perspectiva socialista). Há também vertentes socialistas semelhantes (não iguais) ao ecossocialismo.
Jose Eustáquio em seu artigo[5], diz que é impossível uma recuperação dos recursos naturais enquanto houver um crescimento econômico, pois o mesmo sempre irá demandar para que este esteja em linha crescente. Logo, para que a natureza se recupere, é necessário um decrescimento na economia, e consequentemente o decréscimo do consumo de todas as classes (não apenas as mais pobres).
Já a doutora em sociologia e militante ecossocialista Sabrina Fernandes em seu texto “Ecossocialismo a partir das margens[6]” aponta que a economia verde pauta um falso caminho para proteger o meio ambiente, como a commoditização na transição ecológica. Ela também cita que alguns países continuam utilizando energias não renováveis, apesar do investimento em energias “limpas”. Em outras palavras, Sabrina critica as soluções baseadas no mercado, visando o lucro e fazendo com que a transição as energias renováveis demore mais tempo.
Debate energético
O modelo de desenvolvimento sustentável visa o uso de fontes renováveis sem interromper os avanços econômicos. Já os ecossocialistas propõem uma nova visão de sociedade, de forma a maior preservação do meio ambiente, até mesmo em relação ao desenvolvimento sustentável, fora do sistema econômico atual (capitalismo).
Sugestão: Ao meu ver, seria necessário um planejamento bem estruturado de como seria essa sociedade com um desenvolvimento sustentável (que de fato afetasse todas as classes sociais, em especial as mais ricas), ou com um modelo ecossocialista e similares (no sentido do ecossocialismo não ser o único movimento socialista que visa uma conciliação entre o homem e o ambiente fora do sistema capitalista).
Para os leigos nesse assuntos, os links estão na descrição para ajudar a aprofundar sobre o tema descrito, ainda com complementações[7][8] dentre a bibliografia utilizada neste texto.
Referências
[1] FREITAS, Rosana de Carvalho Martinelli; NÉLSIS, Camila Magalhães; NUNES, Letícia Soares, A crítica marxista ao desenvolvimento (in)sustentável, Universidade Federal de Santa Catarina, 2011.
[2] SILVA, Pollyana Luz Macedo da, DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E SUAS CONTRADIÇÕES, Revista Internacional de Ciências, v. 4, n. 2, 2014.
[3] EPIPHÂNIO, Pedro Paulo Diniz; ARAUJO, Handrey Borges, É O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, SUSTENTÁVEL?, REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE ENGENHARIA FLORESTAL, n. 11, 2008.
[4] BRÜZEKE, Franz Josef, O PROBLEMA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA), 1993.
[5] ALVES, José Eustáquio Diniz, O desenvolvimento sustentável é um oximoro, EcoDebate, 2018.
[6] FERNANDES, Sabrina, Ecossocialismo a partir das margens, Jacobin, disponível em: <https://jacobin.com.br/2020/07/ecossocialismo-a-partir-das-margens/>, acesso em: 2 ago. 2020.
[7] SANTOS, João Vitor, Ecossocialismo: caminho para superação das crises ambientais e econômicas. Entrevista especial com Arlindo Manuel Esteves Rodrigues, Instituto Humanitas Unisinos, disponível em: <http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/589920-ecossocialismo-caminho-para-superacao-das-crises-ambientais-e-economicas-entrevista-especial-com-arlindo-manuel-esteves-rodrigues>, acesso em: 2 ago. 2020.
[8] BARROS, Antonio Teixeira de, A Esquerda Verde: Partidos Políticos e Ambientalismo Radical no Brasil, Scielo, 2018.