Monthly Archives: outubro 2008

Iceberg

E não é que lembra o logo do meu blog? Legal, né? Pena que não é verde… hehehe

Dica do Átila, visto aqui.

Quem acredita na sustentabilidade?

Depois de ler isso: “Como não poderia deixar de ser, a crise financeira foi um dos assuntos abordados no 1º Encontro de Mulheres de TI e Sustentabilidade. Maria Fernanda Teixeira observou que várias empresas nos Estados Unidos já anunciaram que suas metas de sustentabilidade não são mais prioridade. “Esse tipo de atitude já provocou inclusive uma reação da Organização das Nações Unidas (ONU), que divulgou um apelo para que as companhias mantenham seus compromissos com as políticas ambientais previamente definidas”, observou.”
Vou repetir aqui o trecho que coloquei no post anterior:
Enquanto a sustentabilidade for tratada como um conjunto de metas a alcançar, uma obrigação conveniente para não perder negócio ou o mero objeto de um plano com cuja essência as pessoas parecem não se identificar intimamente, então as soluções encontradas serão sempre superficiais, utilitárias e de curtíssimo espectro. Nunca é demais lembrar: sustentabilidade não representa um trabalho a mais, um custo a mais ou uma função a mais com que se preocupar numa corporação. Significa o modo mais humano—e portanto, o melhor – de pensar e fazer negócios.”
E aí, quem acredita em sustentabilidade??? Eu já não sei mais.

Sustentabilidade

Dando uma limpeza na caixa postal achei um texto que gostei muito e mandei para uns amigos. O texto chama-se: Uma lição de sustentabilidade do Ricardo Voltolini, editor da revista Idéia Socioambiental.
O texto conta basicamente o caso da Nike com a sustentabilidade, é bastante interessante, mas a parte que mais me chamou a atenção mesmo foi o parágrafo final.

Enquanto a sustentabilidade for tratada como um conjunto de metas a alcançar, uma obrigação conveniente para não perder negócio ou o mero objeto de um plano com cuja essência as pessoas parecem não se identificar intimamente, então as soluções encontradas serão sempre superficiais, utilitárias e de curtíssimo espectro. Nunca é demais lembrar: sustentabilidade não representa um trabalho a mais, um custo a mais ou uma função a mais com que se preocupar numa corporação. Significa o modo mais humano—e portanto, o melhor – de pensar e fazer negócios.”

Quando as empresas, as pessoas, a mídia, o sistema econômico vão entender isso?
Meu pai outro dia me perguntou se meu trabalho de meio ambiente (eu faço supervisão ambiental de obras) é mesmo sério. Ai eu respondi com uma pergunta: Algum dia um problema ambiental vai fazer a produção da sua plataforma parar? (ele trabalha numa empresa de petróleo). Ele: Não, nunca, imagina! Eu: É, então, se lá é assim, imagine em construção civil como é?
Infelizmente meio ambiente só é levado a sério onde não comprometa o lucro de uma empresa. Tá bom, podem existir raras exceções, mas é assim que são as coisas, infelizmente… Acho que isso responde minha crítica de qual a causa dos cases de sustentabilidade serem sempre os mesmos.

Correção

Pessoas, o lance passarinhos e chicletes é um hoax. Mas parece tão fácil de acontecer… De qualquer forma segue o parecer de um biólogo.
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Sobre os Chicletes X Passarinhos, não encontrei nada científico na net que falasse sobre isso. Como apaixonado por aves desde os 13 anos (já tive autorização do Ibama para criar aves nativas), creio que uma ave em perfeito estado de adaptação em um ecossistema sem muita competição e abundância de alimentos, não se interesse por uma goma de mascar. A partir do momento que ocorre uma elevada competição e escassez de alimento, pode ser que elas optem por se aventurar em alimentos diferentes. Talvez possa ocorrer numa cidade. Mas mesmo com abundância de alimentos, as aves possuem um recurso adaptativo chamado pelos ornitólogos de TEORIA DO FORRAGEAMENTO ÓTIMO, onde ela sabe se a presa (inseto ou semente) tem um tamanho que é valido para sua captura, como se ela calculasse o valor energético da presa para ver se vale a pena o gasto de energia para ir atrás. E também consiste em calcular quando uma área está acabando o alimento para cair fora antes do esgotamento do mesmo. Então creio ser difícil isso ocorrer, apesar de ter vários fatores como novos chicletes sabor pitanga por exemplo ou de outras frutas que as aves comam.
Em um trabalho que fiz sobre a adaptação de duas aves exóticas para a cidade, no parque do Ibirapuera, o Paroaria coronata e dominicana – Cardeal e Galo de Campina respectivamente, concluí que uma das fortes adaptções era a alimentação, onde numa foto que tiramos delas se alimentando no asfalto e um pacote de bolacha logo atrás. Apesar de não termos o aparato de pesquisa suficiente sobre se elas realmente estavam se alimentando dos restos de bolacha ou dos insetos que iam comer a bolacha, tivemos de aceitar uma forte plasticidade para adaptação.
No entanto, sabemos que chicletes demoram muito tempo para serem degradados por serem simplesmente borracha. Então não aconselho ser jogado no chão, até que eu ou outra pessoa comprove numa pesquisa que sou louco para fazer, sobre chicletes serem arremessados no asfalto e assim ser ciclado rapidamente, transformando em um asfalto emborrachado, já que existe esse tipo de pavimentação.
Ricardo M. Bulgarelli

Mutirão Lixo Eletrônico


Uma bela iniciativa do Governo do Estado de São Paulo!
Vamos participar, divulgue!
Confira a lista de locais aqui.
Visto aqui.

Embrulhe seu chiclete, de preferência não consuma chiclete

Recebi por e-mail. E é absurda a falta de noção/educação das pessoas.
Quem me conhece sabe que tenho viajado pra caramba nos últimos tempos, é impressionante a quantidade de lixo que eu vejo sendo atirada pelas janelas dos carros, se as pessoas fazem isso com qualquer lixo que encontram no carro imaginem com um chiclete! Mais um bom motivo para o chiclete ser proibido em Cingapura.

IMPORTANTE
EMBRULHE OS CHICLETES ANTES DE JOGAR FORA

Atraídos pelo cheiro adocicado e pelo sabor de fruta, os passarinhos comem restos de chicletes deixados, irresponsavelmente, em qualquer lugar. Ao sentirem o chiclete grudando em seu biquinho, tentam, desesperados, retirá-lo com os pés. E aí, acontece o pior: acabam sufocados.
Por favor, embrulhe o chiclete num pedaço de papel e jogue-o no lixo. Seja você também consciente e ajude a natureza.

O mundo é o que você come – Resenha

O mundo é o que você come – Barbara Kingsolver
Uma família prova que você pode comer cuidando da sua saúde e da saúde do planeta.

Se você gosta de relatos de experiências esse livro é pra você. Bárbara Kingsolver a autora do livro relata a experiência de mudar-se com a família para uma fazenda e viver apenas de comida local, não apenas comida produzida nas redondezas de sua casa como também cultivando-a, tanto animais como vegetais. Aliás, o título do livro em inglês é: Animal, Vegetable, Miracle: A Year of Food Life.
Uma das coisas bem interessante do livro é que ele não apenas conta como foi a experiência da família, mas discute várias questões sobre alimentos e alimentação. Qual a produtividade de uma fazenda familiar x fazenda de escala industrial? Como são criados os animais destinados ao abate na indústria alimentícia? Comer ou não comer carne? Até qual distância você pode considerar uma comida dita local?
O que pode deixar as pessoas um pouco cansadas ao ler o livro é que toda essa experiência contada só contém exemplos pra quem vive no hemisfério norte, senti falta de poder saber sobre laranjas, abacates e bananas. Mas ao mesmo tempo é bem interessante perceber como são as diferenças não apenas de tipos de alimentos mas também de como é enfrentar o frio rigoroso e a escassez de comida nessa época do ano. O que para nós aqui abaixo da linha do Equador é bastante raro.
Esse livro me remeteu várias vezes ao post que falei da importância das abelhas, é impressionante como seres urbanos como eu somos tão distantes da realidade da natureza, de como as coisas de fato funcionam. Outro detalhe, é triste ver como a nossa sociedade menospreza esse tipo de informação, quem realmente já perdeu tempo querendo saber como se desenvolve a cana-de-açúcar que produz o álcool que abastece seu carro? Mas provavelmente ver o último modelo de carro e suas novidades é sempre interessante. Essa desconexão do homem com a natureza é absurda pois dependemos dela para continuar andando de carro, seja ele abastecido por álcool, gasolina ou diesel.
Talvez a consciência dessa importância da natureza em nossas vidas seja o primeiro passo para que as pessoas se sensibilizem com a importância de preservá-la, acho que na maioria das vezes as pessoas não estão entendendo muito bem por que separam o lixo, por que se preocupar com alimentos vindo de tão longe, economizar energia elétrica ou a importância das abelhas. Falta conexão.
Este livro foi uma cortesia da Editora Ediouro.

Coisinhas que as pessoas esquecem

Outro dia tive que explicar para dois amigos meus por que graças às abelhas (ou qualquer outro inseto) nós temos comida no prato. E de verdade por mais que estivessem querendo tirar uma com a minha cara eles me disseram com a maior naturalidade: “ah, mas não, isso não acontece com a comida que a gente come hoje…” Eu quase surtei!!!!! Não mesmo, provavelmente a comida de hoje em dia é toda fabricada na indústria e não depende em nada da natureza. Ou então, as plantas já evoluíram e não precisam mais ser polinizadas!

Chegamos ao absurdo de achar que não dependemos mais da natureza para comer, vem tudo da fábrica e nunca foi preciso da natureza! Pra explicar pra quem não entendeu a relação abelha-insetos e comida segue um texto muito bem-humorado que achei aqui.

– Moço, preciso de um adubo dos bons.

– Para quê?

– É que tenho uma pitangueira em casa, mas ela não dá fruta.

– Quanto tempo ela tem?
– Ah, um bocado. Só comigo, está há seis anos.

– E dá flor?

– Então, isso que é estranho… Dá flor, mas ela seca e cai. Já viu pitangueira que não dá pitanga?

– Você mora em casa ou apartamento?

– Em apartamento. Ela fica na sala, num vaso bem grande.

– Num vaso?!? Na sala??? Na varanda, né?

– Não, na sala mesmo. Mas fica do ladinho da janela!

– E a janela fica aberta?

– Não, passa a maior parte do tempo fe…

– Fechada. Sabia. Esse é o problema.

– Minha pitangueira não dá fruta porque a janela fica fechada?

– É.

– E se a janela ficasse aberta…

– Escancarada.

– Se a janela ficasse escancarada, eu teria pitangas?

– O bastante para fazer geléia.

– Não sei se peguei direito a coisa…

– Relaxa. Nem tudo está perdido. Sua pitangueira é grande?

– Bate no teto, deve ter uns três metros…

– E dá muitas flores?

– Não sei…

– Você conseguiria contar todas?

– Acho que sim.

– Não são muitas. Compre um pincel macio.

– Um pincel?!?

– Isso. Quando as flores estiverem abertas, passe o pincel nelas. Como se fosse pintá-las. Com cuidado.

– Como se eu fosse pintá-las.

– Exatamente. Passe em quantas conseguir encontrar. Você terá pitangas na próxima florada.

– Mesmo?

– Ah, sem dúvida.

– Só para o caso de o lance da janela e do pincel não ter ficado claro, você poderia me explicar por que tenho de pintar as flores?

– Manja aquele baratinho preto e amarelo chamado abelha?

– Lógico. Eu sei o que é uma abelha.

– E sabe pra quê ela serve além de picar e fazer mel? Ela carrega pólen. Pólen faz flor virar fruta. É tipo um espermatozóide em pó. Como a janela fica fechada, não venta, que é o outro jeito de pintar um clima pra planta.Um clima”, se é que você me entende…

– Sim.

– Então, como você não deixa a coitada seguir o curso normal da natureza, tem que ir lá e dar uma mãozinha.

– Você está me dizendo que eu tenho de estuprar a flor???

– Meio que por aí.

– Santodeus!

– Tem razão, soa meio forte, né? Vamos tentar outra coisa… Já sei! Pense que você está dando uma força para ela tipo esses sites que juntam casais…

– Namoro.com?

– Isso! Você dá pra flor justinho o que ela queria. Se ela pudesse, diria obrigado.

– Hmmm… Quanto lhe devo pela aula de botânica?

– Nada não. Quando você voltar aqui, me traz um pote de geléia de pitanga que tá tudo certo.

– Firmeza?

Carol Costa

Uma frase de Einstein para nos lembramos desse detalhe: “Se as abelhas desparecessem da face da Terra, a Humanidade teria apenas quatro anos de vida” (UPDATE: Já me corrigiram e essa frase não é atribuída a Einstein)

P.S.: Só para constar esses meus amigos não eram crianças de 8 ou 10 anos, eram um médico e uma futura arquiteta.

Imagem: Aqui

Blog Action Day – Poverty – Pobreza

O que a pobreza tem a ver com a sustentabilidade? Tudo! Aliás, me lembro que no meu primeiro curso sobre responsabilidade social me foi ensinado que as empresas perceberam que precisavam ser mais responsáveis por conta da grande diferença social no mundo, afinal uma vez que elas faziam parte do mundo elas não poderiam se isentar de ser parte do que acontece nele. Mesmo por que dentre as 100 maiores potências econômicas 49 são empresas (dado de 2005).

Esse discurso do nascimento da percepção de responsabilidade social das empresas parece muito lindo, mas de verdade não acho que foi um momento de lucidez das empresas em tentarem ser mais corretas ou responsáveis com suas ações. Na minha opinião, diante de tudo que já vi por ai sobre o assunto, a coisa é bem mais perversa, se é que essa é a palavra mais adequada.

Não é de hoje que todo mundo sabe que a população que mais cresce é a de menor renda, também não é de hoje que a cada dia que passa a riqueza se concentra mais e mais, o que as empresas pensaram? “Poxa, eu preciso vender mais, mas a população que eu vendo não cresce mais, ou seja, a tendência das minhas vendas a longo prazo é diminuir.” Por mais que se possa aumentar o preço dos produtos para compensar essa perda isso não vai fazer o número de vendas aumentar. Qual a saída? Tentar incluir a população mais pobre numa faixa maior de renda para que se possa vender para ela, ou então criar produtos mais acessíveis para que a população que até então não tinha acesso possa comprá-los. Ai, usamos um discurso de responsabilidade social, sustentabilidade e desenvolvimento sustentável o que deixa tudo mais bonito e aceitável.

Perverso, né? Mas o nosso sistema econômico é isso, ele não leva em consideração se teremos recursos e energia para tudo isso. O objetivo é sempre crescer sempre e mais, não importa qual custo, se social, ambiental, moral ou qualquer outro.

Desde o início desse blog até hoje sou muito mais cética em relação a ação das empresas, admiro e elogio algumas, critico outras. Algumas podem até ter um genuíno compromisso com a sustentabilidade, mas infelizmente o mercado ainda não entendeu isso. Vide a crise imobiliária americana que emprestou dinheiro para qualquer um sem qualquer critério (contando parece até brincadeira de criança ver que o problema foi só esse).

O mundo vai continuar com muita e muita pobreza enquanto acreditarmos que só produzir e consumir vão resolver todos os problemas. Afinal o que define a pobreza das pessoas é a escassez de recursos básicos para a vida (água, comida, casa, trabalho, lazer) e não a marca do carro, o modelo do celular, a televisão de lcd, a quantidade de comida industrializada que ela consegue comprar ou a quantas roupas e sapatos ela tem.

Posso ter sido muito pragmática (ou ignorante mesmo), mas fui procurar em vários dicionários a definição de poverty eu estava na dúvida de como traduzir, se por pobreza ou miséria. Depois de consultar o dicionário de Oxford, Cambridge e o Aurélio, cheguei a conclusão que a melhor tradução para poverty é pobreza mesmo. Miséria está muito mais relacionado à avareza do que a falta de recursos.

Pra quem não sabe o que é o Blog Action Day clique aqui.

Blogagem coletiva – Descobertas científicas

A descoberta científica que eu escolhi para falar infelizmente não foi ganhadora de um Nobel. Aliás, foi por conta de um prêmio Nobel que essa descoberta aconteceu.
Essa descoberta foi publicada no livro da cientista Rachel Carson, Primavera Silenciosa (1962), que infelizmente ainda não tive a oportunidade de ler.
O livro mostrou como o DDT (Dicloro-Difenil-Tricloroetano) penetrava na cadeia alimentar e acumulava-se nos tecidos gordurosos dos animais, inclusive do homem, com risco de causar câncer e dano genético.
O DDT foi descoberto com propriedade inseticidas por Paul Muller, um químico suíço, em 1939 e por conta dessa descoberta ele recebeu o Premio Nobel de Medicina em 1948.
A grande polêmica movida pelo livro é que não só expunha os perigos do DDT, mas questionava a confiança cega da humanidade no progresso tecnológico. Dessa forma, o livro ajudou a abrir espaço para o movimento ambientalista que se seguiu. Juntamente com o biólogo René Dubos, Rachel Carson foi uma das pioneiras da conscientização de que os homens e os animais estão em interação constante com o meio em que vivem.

A maior contribuição de A Primavera Silenciosa foi a conscientização pública de que a natureza é vulnerável à intervenção humana. Poucas pessoas até então se preocupavam com problemas de conservação, a maior parte pouco se importava se algumas ou muitas espécies estavam sendo extintas. Mas o alerta de Rachel Carson era assustador demais para ser ignorado: a contaminação de alimentos, os riscos de câncer, de alteração genética, a morte de espécies inteiras… Pela primeira vez, a necessidade de regulamentar a produção industrial de modo a proteger o meio ambiente se tornou aceita.

Esse livro para muitos ambientalistas serve de marco para o movimento. A preocupação com as conseqüências das ações humanas na natureza teve sua primeira voz alta, muito provavelmente nesse momento, que já foi considerado como um dos livros mais influentes do século passado.
Este post faz parte da Blogagem Coletiva – Descobertas científicas.
Fonte: http://www.geocities.com/~esabio/cientistas/primavera_silenciosa.htm