Monthly Archives: junho 2009

Uma sugestão

Na Conferência Ethos a Oficina que participei foi a Transformação do Consumidor para uma nova Economia Global. Na mesa de discussão chegamos a citar a vergonha da propaganda da Vale no dia Mundial do Meio ambiente e eu cheguei a pensar que quando falamos de varejo é muito fácil o consumidor se manifestar quando não está satisfeito com o posicionamento da marca, ele simplesmente não compra mais nenhum produto daquela empresa, mas e no caso de empresas como a Vale, a Petrobras, ou uma fornecedora de energia? Me disseram que a economia e as exigências de mercado fariam com que essas empresas mudassem, eu sinceramente tenho minhas dúvidas. Chegaram a afirmar também que o próprio mercado publicitário não julgaria propagandas como as da Vale como boas, mas será mesmo? Propagandas como a da Diesel ganham até Leão em Cannes…
Será que é tão difícil pra uma empresa fazer uma propaganda falando a verdade? Assumindo que não é perfeita e que está disposta a mudar para se tornar mais sustentável? Dizer que já faz e acontece, na minha opinião, é um desrespeito a inteligência das pessoas. NENHUMA empresa pode se dizer zerada com suas obrigações com o mundo.
Quer um modelo genérico de briefing pra sua campanha de sustentabilidade? Segue a minha sugestão:
1) O objetivo é comunicar para os clientes a estratégia da empresa que tem como foco principal se tornar mais responsável, mais correta e se tornar cada dia mais sustentével. O principal objetivo da campanha é ganhar a confiança dos clientes de que não se trata apenas de uma campanha de marketing ou uma maquiagem verde.
2) A ideia principal é mostrar que a empresa quer ser transparente, assumir que ela tem problemas e defeitos, mas está tentando seguir um caminho mais sustentável. A empresa tem consciência que ser sustentável é quase uma utopia, mas que não por isso deixa de ser um objetivo que não deva ser perseguido.
3) O consumidor deve ser chamado para conferir as ações da empresa e saber que quando optar por esses produtos/serviços ele terá certeza que fez a melhor escolha. O trabalho da empresa na busca de mais responsabilidade em suas ações será a maior propaganda de convencimento do consumidor. As ações da empresa falam mais alto que seus produtos/serviços.
# Não subestime a inteligência do consumidor, seja ele de qual classe for.
# Humildade e vontade de mudar da empresa devem estar nítidos.
# Não diga para o consumidor: “Compre meu produto/serviço pois eu sou responsável”. E sim: “Eu sou responsável, você sabe, vê e percebe isso e por isso vai escolher meu produto/ serviço.”
Eu não sou publicitária, segui um modelo de briefing qualquer que achei na Internet, mas acho que deu pra ter uma ideia boa, né?
É lógico que se a sua empresa não tem ações de sustentabilidade reais pra divulgar não adianta nada esse briefing porque vai ser uma mega maquiagem verde, como tantas que se vê por ai, essa ideia só vai funcionar e convencer alguém se suas ações forem de fato concretas e possam falar mais alto até que a sua marca. Não é trabalho pra qualquer um, é um caminho árduo, longo e difícil, ou você acha que respeito, admiração e relevância você consegue da noite pro dia?
Se você conhece alguma propaganda que já siga esses princípios, por favor, me mostre!

É interessante, é um começo…

O que você espera de um boletim de análises econômicas? Que ele fale em crescimento, perspectivas futuras, lucro, ganhos, crise, taxas, etc etc etc

Impressionantemente recebi um Boletim desses chamado Global Economics Comment do Credit Suisse (em inglês) e ele não falava nada daquele linguajar chato de economia, ele contava o relato de um funcionário chinês que trabalha em Nova Iorque e vai constantemente pra China e de como ele notou numa das últimas viagens algumas diferenças.

Ele descreve vários aspectos percebidos na evolução da China no quesito ambiental, como a proibição do uso das sacolas plásticas e como a população se adaptou, da melhora na qualidade do ar, não, isso não quer dizer que lá o ar está bom, só houve uma melhora, algo como conseguir de vez em quando ver o céu azul. Tudo bem que ele é chinês e chineses adoram contar vantagem do seu país (meu pai por exemplo, faz 40 anos que está no Brasil, nunca mais voltou pra lá e fala da China com um orgulho de como quem nunca tivesse saído de lá). Mas o simples fato de um texto de uma instituição financeira chamado de Comentário da Economia Global (tradução livre minha) abordar o meio ambiente já me deixa bem feliz.

Contudo, o Hugo me lembrou que nem tudo é tão bonito assim, afinal o texto afirma que com a preocupação ambiental a China conseguirá atingir um crescimento sustentado, menos, né? Não é bem assim…

Conferência Internacional Ethos – 2009

conf_ethos.jpg

Pra quem quiser acompanhar via twitter o que está acontecendo na Conferência Internacional Ethos acesse o nosso agregador de conteúdos. Se você quiser participar via twitter utlize a tag #ciethos. Você também pode seguir o perfil @ciethos.

Amanhã 18/06 acontecerá o ato público contra a Medida Provsória 458, no fim do evento, as 14h30. Se você não puder aparecer e quiser se manifestar on-line, acesse o blog: NãoMP458, siga o perfil @naoMP458 no twitter e utlize a tag #naoMP458.

A medida Provisória 458

Por falta de tempo não vou poder escrever sobre a Medida Provisória 458. Portanto fiz uma coletânea de textos e notícias que versam sobre a polêmica medida para as pessoas saberem do que se trata.


MP 458 é prêmio ao crime de apropriação ilegal da Amazônia. Entrevista com o geógrafo Ariovaldo Umbelino, por Gabriel Brito e Valéria Nader – Portal Eco Debate.

Manifesto da Associoção Brasileira de Reforma Agrária

Segundo especialista MP 458 só serve para o interesse de grileiros e funcionários do Incra. – Ambiente Brasil

Carta aberta da senadora Marina da Silva solicitando o veto de 3 artigos da MP 458.

Normal
0

MicrosoftInternetExplorer4


/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:”Tabela normal”;
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:””;
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin:0cm;
mso-para-margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:10.0pt;
font-family:”Times New Roman”;}

Procuradores da República na Amazônia pedem vetos de Lula na MP 458


MP 458 beneficia criminosos, acusa Comissão Pastoral da Terra

Aula de Brasil – Blog Laboratório da Folha

Conferência Internacional Ethos – 2009

Nos dias 15 a 18 de junho acontecerá em São Paulo a Conferência Internacional Ethos é um evento promovido pelo Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social e realizado pelo UniEthos – Educação para a Responsabilidade Social e o Desenvolvimento Sustentável, em parceria com o Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, do Movimento Nossa São Paulo, da Rede Brasileira do Pacto Global e da São Paulo Turismo.

Estaremos lá, infelizmente não o tempo todo, eu e a Paula do Rastro de Carbono, acompanhando o evento e comentando tudo que vermos e ouvirmos.

 

Dia Mundial do Meio Ambiente – Vale tudo!

Quem abriu a página do Uol, do Globo.com ou do IG no dia 05 de junho viu um quadrado ou um banner verde dizendo que a primeira mineradora do mundo zerou seu “footprint”. Olha só que legal!

uol globo ig

Gente é tanta enganação junta nessa afirmação que eu nem sei por onde começar.

Bom, mas vamos começar pelo termo “Footprint”. O que é um footprint, raios? Footprint quer dizer nada mais nada menos que pegada em inglês, só isso, ou seja, dizer que você zerou sua pegada é o mesmo que dizer que você zerou sua sombra? Sei lá, vai saber…

Aí, lá no anúncio tem um asterisco no termo footprint, provavelmente sabendo que ninguém saberia o que exatamente isso queria dizer eles explicam logo em seguida: “Quer dizer que a Vale já recupera ou preserva uma área verde maior que a área impactada pela atividade de mineração.” Ou seja, eu entendi que se a Vale devastou X km2 de área para mineração ela recupera ou preserva X km2 de área verde, certo? Pronto, isso zera meu footprint, já posso dormir tranqüila porque estou quites com o Planeta? Provavelmente pra quem inventou esse blábláblá sim… Mas eu como acionista da Vale (sim, assumo, tenho ações da Vale em algum fundo por ai) não acho, em absoluto, que a Vale tenha zerado pegada nenhuma, sei lá, ela pode estar cumprindo com a legislação, pode estar fazendo a parte que lhe cabe sobre preservação do meio ambiente, mas dizer que isso neutraliza a pegada dela é tão enganação quanto eu dizer que ao comprar um terreno maior que o tamanho do terreno da minha casa e plantar árvores nele eu zerei meu impacto no Planeta.

Outro furo desse blábláblá, como a Vale pode zerar a pegada dela em área se o impacto dela não pode ser calculado em área? (Isso levando em consideração que impacto seja uma coisa assim super simples de calcular como uma área). Ela não impacta o meio ambiente em 2 dimensões, como uma área é medida, o impacto dela, é tridimensional, ou seja se ela quiser dizer que tem uma pegada neutra não é a área que ela tem que medir e sim o volume! E convenhamos, minerações subterrâneas impactam muito mais o subsolo que a superfície, quem a Vale quer enganar com esse papo de área?

Vamos encurtar esse papo essa afirmação que eles zeraram o footprint quer dizer absolutamente NADA. Aliás vamos parar de nos enganar com esse blábláblá de zerar, neutralizar alguma coisa, isso não existe!!! A nossa existência nesse planeta gera impacto e NUNCA será igual a zero ou neutro!! O que pode existir no máximo é um equilíbrio dinâmico.

Ah, pra não dizer que eu só falei mal da Vale eu digo que o vídeo da Campanha ficou muito bom, a ideia de relacionar o sobrenome dos funcionários aos das árvores plantadas (isso não quer dizer que reflita a realidade) foi bem original.

Ainda sobre o dia Mundial do Meio Ambiente se viu mais ações:O Submarino ficou verde e acha que consumindo mais a gente ajuda o Planeta e algumas empresas aproveitam o ensejo pra anunciar que pretendem ser Carbon Free e/ou ter práticas sustentáveis. Como eu disse no título: Vale tudo!

submarino

O PIB e o que ele representa

Ontem teve na FGV um evento de lançamento do livro “Compêndio de Indicadores de Sustentabilidade de Nações”, infelizmente não pude comparecer, mas depois do evento o Luiz Algarra twittou o que deve ter sido algumas das impressões e constatações do seminário que além da autora do livro, Anne Louette, contou com a presença de outras figuras da sustentabilidade do Brasil.

Eis os twitts do @algarra que me fizeram parar para pensar:

“Quando disponibilizamos conhecimento livre na internet, e milhões aprendem, não aumenta o PIB.”

“Quando você reduz o consumo de medicamentos, cai o PIB! Ou seja, saúde não traz desenvolvimento. Que incongruência!”

“Uma praia livre não gera recursos econômicos. Loteada gera PIB. A restrição aos bens livres gera riqueza?”

“Recursos ilimitados em um planeta limitado? Só um idiota ou um economista para acreditar nisso.”

“Todo trabalho voluntário não gera PIB.”

Ou seja, pra que serve o PIB? Segundo a WikipediaO produto interno bruto (PIB) representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer seja, países, estados, cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano, etc). O PIB é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia com o objetivo de mensurar a atividade econômica de uma região.
Na contagem do PIB, considera-se apenas bens e serviços finais, excluindo da conta todos os bens de consumo de intermediário (insumos). Isso é feito com o intuito de evitar o problema da dupla contagem, quando valores gerados na cadeia de produção aparecem contados duas vezes na soma do PIB
.”

Mas veja lá nos twitts acima, várias coisas boas não acrescentam absolutamente nada no PIB!!

Que o PIB é falho qualquer pessoa de bom senso deve concordar, não dá pra acreditar que apenas o que gera dinheiro representa as maiores riquezas de um país, alguém tem alguma dúvida de que a Amazônia representa uma riqueza imensa para o nosso país? Pois bem, sabe quanto ela vale para o PIB intacta? Zero! Agora se a gente for lá e cortar todas as árvores e transformar em carvão, sim, ai vale, a gente calcula por quanto vai vender o carvão e pronto, acrescentamos uns números a mais no PIB! Bizarro… 

Conversando via e-mail com o Hugo ele tocou num ponto super importante, enquanto os valores não mudarem não vai adiantar criar novas métricas. Vai, até adianta pra tentar contrapor o PIB, mas vai ser só um acessório que as pessoas vão achar bonitinho, enquanto não mudar a ideia de que acumular bens e valores é o que representa de melhor num ser humano quem vai levar realmente a sério outra métrica?

O governo trabalha pra aumentar o PIB, não necessariamente a qualidade de vida, há a crença que melhorando a renda melhora necessariamente a qualidade de vida, agora me responda, o que melhora vida de um analfabeto, desempregado, com uns 3 filhos pequenos para criar ter um telefone celular? Ao comprar um celular e colocar créditos, há uma contribuição para o PIB, mas o que melhorou de verdade na vida dessa pessoa?