Como usar a distância transacional no ensino de Geociências?

Em tempos de metodologias ativas na educação, vale a pena perguntar: como medir a distância entre o professor, o aluno e o material didático? Tal questão serve tanto para a educação à distância quanto para educação presencial. A Teoria da Distância Transacional (Moore,1993), ajuda a responder essa questão e indica que quanto menor a distância, maior será o aprendizado. Vamos entender um pouco melhor esse conceito.

As tecnologias ganham espaço em nossa sociedade quando começam a ser utilizadas dentro de casa, no escritório e na fábrica. Em seguida, dependendo do sucesso do seu uso, elas adquirem valor no cenário educacional. Podemos usar como exemplo o rádio, a televisão e o telefone como tecnologias que após serem incorporadas no cotidiano das pessoas, seja por isolamento geográfico ou por condições sociais adversas, começaram a ser utilizadas para auxiliar o processo educativo em vários países.

As tecnologias como o email, a Internet e os dispositivos móveis melhoraram a interação e a velocidade de comunicação entre estudantes e professores no cenário da educação, favorecendo a expansão do ensino híbrido, em todos os níveis, mas principalmente na proliferação de cursos à distância. Entretanto surge uma confusão entre aqueles que usam a internet na educação e pensam que estão praticando a educação à distância. Muitos pensam que a educação à distância começou com a internet e que é um território inexplorado.

O modelo de distância transacional proposto por Michael Moore é uma contribuição seminal na área de ensino à distância e constitui ferramenta valiosa para pensar inovações nos métodos escolares de forma geral. Com base no modelo, a separação clássica entre ensino presencial e ensino à distância perde força, e novas variáveis são acrescentadas na triangulação entre alunos, professor e materiais de um determinado curso, emergindo as variáveis Estrutura, Diálogo e Autonomia. Em um cenário ideal busca-se minimizar a distância transacional, o que elevaria a eficácia dos cursos. Isso poderia ser aproveitado no planejamento de novos cursos, sobretudo no campo de formação de professores. Pode-se propor relações entre a distância transacional com a implementação de cursos híbridos e seus efeitos positivos ou negativos para o ensino de Geociências.

Quando o aluno e o professor não estão no mesmo lugar, o professor faz a seleção de ferramentas de mídia apropriadas para atender às necessidades da sua proposta pedagógica. Nesse momento, é importante identificar quais são as ferramentas disponíveis aos professores e alunos para alcançar os objetivos de aprendizagem. A partir do uso dessas ferramentas e das interações ao longo do processo educativo, poderíamos medir a distância transacional, ou seja:

“…esta distância é a distância da compreensão e percepção causada pela distância geográfica que tem de ser ultrapassada por professores, alunos e instituições educativas para que ocorra um processo de aprendizagem eficaz, deliberado e planejado. Os procedimentos para ultrapassar esta distância são de natureza interativa e de concepção educativa e, para enfatizar que a distância é pedagógica e não geográfica, usamos o termo “distância transacional” (Moore & Kearsley, 2007).

No ensino de Geociências, este conceito pode ser utilizado para melhorar a qualidade dos cursos que utilizam as tecnologias digitais para oportunizar a aprendizagem online. Ele pode ser útil para ampliar o acesso aberto aos conhecimentos geocientíficos nos sistemas convencionais e contribuir para melhorar a qualidade dos cursos online ou que utilizam tecnologias. Outra contribuição importante desta teoria é a importância dada ao diálogo, ou seja, o papel dos professores para promover interações com os alunos, mesmo que fora da sala de aula ou da própria instituição de ensino.

Uma experiência de Trabalho de campo

Uma estratégia que pode ser utilizada para diminuir a distância transacional nos cursos de Geociências é promover os trabalhos de campo. Estas saídas organizadas pelos professores fortalecem a interação entre os participantes e em tempos de tecnologias digitais, podem ser acompanhadas, em tempo real, à distância por aqueles que não podem participar presencialmente. Se você quer vivenciar um pouco este processo, acompanhe o nosso trabalho de campo ao Pico do Itambé (2060 metros de altitude) nos dias 29 e 30 de julho de 2017 a partir do nosso blog, na TV EnsinoGeo. Iremos transmitir ao vivo essa aventura.

Referências:

MOORE, M. (1993) Theory of Transactional Distance. New York: Routledge, p. 23-25

MOORE, M. (2007) Educação a distância: uma visão integrada. Michael G. Moore, Greg Kesrley. Tradução Roberto Galman. São Paulo: Thomson Learning.

Fonte imagem destacada:

https://joaopinto-ua.wikispaces.com/Dist%C3%A2ncia+transacional

Sobre claudiomarinho 11 Artigos
Professor de Geografia, mestre em Educação e doutorando em Ensino de Geociências. Desenvolve pesquisa em educação a distância envolvendo produção de conteúdos educacionais e formação de professores em ambiente virtual de aprendizagem.

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