Inovação Educacional na área de Ensino de Geociências

Existe uma crença que a Ciência poderá resolver vários problemas da humanidade, utilizando a pesquisa científica para desvendar mistérios e a criatividade humana para gerar inovação. As Tecnologias da Informação e Comunicação – TICs têm trazido implicações divesras na forma de organização da sociedade, inclusive no setor educacional, tanto nos processos administrativo quanto nos pedagógicos (PETTER e SAMBRANO, 2016). Diante de tantos problemas, a cada dia criamos novas formas de resolver velhos problemas. No caso da educação, o “velho problema” é envolver e motivar os alunos para uma situação de aprendizagem, preferencialmente, a partir da realidade vivida. Qual é a experiência pedagógica nos dias atuais que significa uma inovação educacional?

Iremos refletir sobre alguns exemplos de inovação educacional no Brasil e no mundo, os quais podem contribuir para um ensino mais eficaz das geociências. Para início de conversa indico a tese de doutorado do Prof. Ronaldo Barbosa, docente do Programa de pós graduação em Ensino e História de Ciências da Terra do Instituto de Geociências da Unicamp intitulada Projeto Geo-Escola: Geociências para uma escola inovadora. O professor Ronaldo Barbosa pesquisa sobre práticas inovadoras implementadas durante o projeto geoescola, desenvolvido em escolas públicas paulistas. Em sua tese é possível identificar aspectos da inovação tecnológica que podem promover a inovação educacional.

Do ponto de vista etimológico, a palavra inovação traz a ideia do latim de innovare, ou seja, uma nova forma de fazer algo de modo diferente, de forma mais eficaz e/ou econômica. Se para a indústria a inovação é importante na criação de novos produtos, para a educação ela aparece como uma possibilidade de mudança de paradgmas, porém muitas vezes a inovação tecnológica não impulsiona uma inovação educacional. Já deu para perceber que inovação tecnológica não é suficiente para promover a inovação educacional, pois a tecnologia não é por si só, suficiente para mudar o cotidiano da escola. O exemplo mais clássico é a introdução de computadores nas escolas. Desde a década de 80 isso vem acontecendo e não foi suficiente para alterar a prática pedagógica de muitas escolas.

Portanto, a inovação educacional pode acontecer sem a utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), embora elas apresentem inúmeras possibilidades para inovar o trabalho docente em práticas pedagógicas inovadoras como a sala de aula invertida (Flipped Classroom), a Aprendizagem Baseada em Problema (PBL) e o Blended Learning. Vamos detalhar um pouco sobre estas três propostas que representam hoje uma inovação educacional.

A sala de aula invertida

A proposta prevê a inversão da sala de aula, onde o conteúdo possa ser conhecido através do meio virtual, eliminando as exaustivas aulas expositivas de conteúdo a favor da interação entre professor-aluno na própria sala de aula. Os participantes podem fazer o uso de diversos conteúdos educacionais em diferentes formatos que propiciem o processo de aprendizagem de forma dinâmica e inovadora.

Aprendizagem Baseada em Problema (PBL)

O PBL constitui uma estratégia de ensino a partir de uma situação problema para estimular o aluno nos seus estudos. O professor é um orientador da aprendizagem que procura incentivar e despertar no aluno a curiosidade, bem como, construir o seu conhecimento baseado em suas experiências prévias de vida e de estudo, tornando a aprendizagem centrada no aluno, enquanto um sujeito do seu conhecimento.

Blended learning

Também conhecido como um modelo híbrido que combina atividades presenciais e a distância. Ele abre espaço para trabalhos que combinam atividades tradicionais da escola como trabalhos de campo, excursões e visitas in loco através de passeios virtuais. O professor é o responsável por combinar o uso de atividades com ou sem tecnologia. Espera-se que os alunos passem a dominar os assuntos e se aprofundem mais nos seus interesses.

Educar é preciso, inovar também!

Os professores de Geociências têm desenvolvido estratégias em busca de inovação. No Brasil, podemos citar o Projeto Geo-escola, desenvolvido em São Paulo que visa disponibilizar dados geológicos, imagens e mapas, de uma dada região, em formato de material didático com suporte em computador, a professores de ensino fundamental e médio. O Projeto Earth2Class é outro exemplo de inovação educacional desenvolvido nos Estados Unidos que promove workshops mensais conectando estudantes e professores à cientistas da área de Geociências do Lamont-Doherty Earth Observatory, um dos centros mais importantes de Geociências do mundo, vinculado a Columbia University. Assista o vídeo do Prof. Michael Passow, idealizador do Earth2Class, que em sua última visita ao Brasil fez uma apresentação do projeto.

O que é um Ambiente Virtual de Aprendizagem?

No próximo post iremos apresentar o Ambiente Virtual de Aprendizagem e os seus usos na educação básica e no ensino superior. Vamos destacar o seu potencial de uso para formação de professores de Geociências e as opções gratuitas e pagas disponíveis na internet.

Referências:

PETTER, Rosemery Celeste; SAMBRANO, Taciana Mirna. As inovações tecnológicas e a educação: o que considerar? In: MACIEL, Cristiano; ALONSO, Katia Morosov; PANIAGO, Maria Cristina (orgs). Educação a Distância: Interação entre sujeitos, plataformas e recursos.Cuiabá:EdUFMT, 2016

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Sobre claudiomarinho 11 Artigos
Professor de Geografia, mestre em Educação e doutorando em Ensino de Geociências. Desenvolve pesquisa em educação a distância envolvendo produção de conteúdos educacionais e formação de professores em ambiente virtual de aprendizagem.

4 Comentários

  1. Acho esta proposta muito interessante e já tem surtido resultados com os vários programas de EAD existentes. Entretanto, ainda existe uma clara resistência organizacional e motivacional dos alunos em aprender sem ter o encontro, o empurrão, o compromisso de ir buscar o conhecimento. E neste sentido, o EAD tem que trabalhar também. Mas é o futuro.

    • Olá Magda, a EAD está a cada dia mais próxima do nosso dia a dia, mas ainda falta avançar na questão da interação entre os participantes. No caso dos docentes, precisamos apropriar dessa tecnologia a nosso favor, usando dessas ferramentas para valorizar o nosso trabalho. Concordo com você que este é o futuro, por isso nós professores, devemos ficar atentos com as novas formas de trabalho docente.

  2. Muito legal o post Cláudio,

    Recomendo a você dar uma olhada no ciclo de palestras que o GGTE e o EA2 realizaram durante o ano passado e anterior. Tem o registro das coberturas aqui: http://www.ggte.unicamp.br/transmissao/registro-das-coberturas/

    E também poderiamos fazer algumas parcerias de post, já que falamos em nosso blog sobre tecnologia e educação. www.blogs.unicamp.br/lantec

    E como você disse e assinamos embaixo, tecnologia por si só não traz inovação, é preciso uma metodologia inovadora por trás para potencializar o uso dessas ferramentas.

    Abs!

    • Olá André,

      Obrigado pelas dicas! Acessei o material e achei muito bacana. Sempre acompanho os posts do lantec; vocês trazem ao debate temas importantes. Quando tiver algum evento do grupo, me avisa, pois tenho interesse em participar.

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