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Segundo Sabine Baring-Gould, em seu Book of Werewolfes [Livro dos Licantropos] (1865), os versos que seguem são, segundo o folclore russo, uma invocação de lobisomens:
Aquele que deseja se tornar um oboroten, deve procurar na floresta uma árvore cortada. Deve apunhalá-la com uma pequena faca de cobre e andar ao redor da árvore, repetindo o seguinte encantamento:No mar, no oceano, na ilha, em Bujan,No pasto vazio cintila a lua, sobre um rebanhoque repousa em um verde bosque, em um obscuro valeEm direção ao rebanho desvia-se um lobo desgrenhadoOs cornos do gado procuram suas brancas e afiadas presasMas o lobo não se volta para a florestaNem desce ao sobrio valeLua, lua, lua de chifres de ouroCega o voo das balas, parte as facas dos caçadoresQuebra a clava do pastorLança um medo pânico sobre todo o gadoSobre os homens, todas as coisas mais aterrorizantesQue eles não possam capturar o lobo cinza,Que eles não possam rasgar sua pele quente!Minha palavra é irresistível, mais irresistível que o sono,Mais comprometedora que a promessa de um herói!Então ele pula três vezes sobre a árvore e corre para a floresta, transformado em um lobo.
Pensando bem, isso mais parece uma oração, não é mesmo? Pagã, talvez, mas ainda tem uma estrutura muito similar à uma oração: começa com um relato, aparece um problema e clama-se a uma divindade (nesse caso, a “lua de chifres de ouro”) uma proteção invencível e uma transformação mágica em troca de uma fidelidade igualmente invencível (“mais comprometedora que a promessa de um herói”). Amém.