O Japão é um país geologicamente desastrado: o arquipélago japonês situa-se sobre uma das áreas mais ativas do Círculo de Fogo do Pacífico, tem poucos recursos minerais e é assolado por milhares de terremotos todos os anos. Vez por outra há um tsunami devastador como o do ano passado. O que de pior poderia haver? Ah, é mesmo! Uma erupção do Monte Fuji.
O cone vulcânico mais perfeito do mundo não estoura há três séculos — a erupção mais recente foi em 1707-08. Mas isso não significa que o gigante japonês esteja adormecido. Muito pelo contrário: o tsunami-seguido-de-terremoto de 11 de março de 2011 pode levá-lo a uma nova explosão, com resultados potencialmente catastróficos.
Tal como terremotos, é difícil prever grandes eventos vulcânicos. Mas novas evidências recentemente apresentadas pelo National Research Institute for Earth Science and Disaster Prevention (a agência geológica japonesa tem nome em inglês mesmo e também é conhecida como NIED) indicam que a câmara magmática do Monte Fuji está sob uma pressão 16 vezes superior ao mínimo necessário para uma erupção de grandes proporções.
As medições mais recentes, feitas pelo NIED após os eventos de 11 de Março, estimam que a pressão está em 1,6 megapascals — o que equivale a aproximadamente 15,8 kg/cm² (para fins de comparação, lembre-se de que a pressão atmosférica ao nível do mar é de cerca de 1kg/cm²). Erupções vulcânicas no Fuji podem começar com “apenas” 0,1 megapascals. Essa pressão toda certamente cresceu muito após o terremoto de 9,0 Ritcher que causou o tsunami do ano passado.
A explosão de 1707-08 ocorreu apenas 50 dias após um terremoto de 8,6 Richter (que foi o maior em território japonês até o ano passado). Ela praticamente não emitiu lava, mas lançou ininterruptamente entre 16 de dezembro e 1º. de janeiro uma imensa nuvem de cinzas. Além de deixar a então capital japonesa, Edo, sob vários centímetros de cinzas, a última manifestação do vulcão ainda abriu três crateras secundárias no Monte Fuji. Por comparação, um novo evento cataclísmico já está atrasado.
Entretanto, apesar da imensa presão interna, ainda não há sinais externos de uma reativação do Fujiyama. Mas nada descarta a hipótese de uma explosão-surpresa. Se Fuji-san voltar a cuspir fogo ou cinzas, os prejuízos podem chegar a US$ 32 bilhões, segundo um relatório governamental publicado em 2004 (o que certamente já é uma estimativa defasada).
Uma nova erupção pode ser ainda mais catastrófica: em maio, uma equipe de pesquisadores descobriu que a montanha — que é o pico mais alto do Japão, com 3776m — poderia entrar em colapso se houver uma pequena mudança em uma linha de falha que passa sob o vulcão. Pode ser o fim do cone natural mais perfeito do mundo.
Daiane Santana
Nossa, me surpreendi com o tempo que ele não tem erupções, 3 séculos, muita coisa em tempos humanos.... Mas não para a Terra...