Patentes Patéticas (nº. 86)

http://www.google.com/patents/US6387064

Arranje solas ocas, cânulas e uma mão de borracha. Parece uma daquelas ideias malucas que sempre aparecem no final de Kenan & Kel, mas não é. Quem teve a ideia de juntar essas coisas (e patenteá-la) foi Brent Gunnon. Sua invenção é o Foot pump powered neck massaging device [Dispositivo massageador de pescoço movido a bomba pedal], formado por

uma primeira bexiga e uma segunda bexiga anexas à superfície inferior de um calçado usado por um usuário [d’oh!]. A primeira e a segunda bexigas têm, cada uma, uma saída de ar. Uma mão massageadora está em comunicação com a primeira bexiga e com a segunda bexiga. A mão massageadora é composta de dedos flexíveis. Os dedos flexíveis são ajustados ao redor do pescoço do usuário.

Não é a primeira vez que encontramos patentes patéticas de pequenos confortos baseados em solas ocas, cânulas e “energia pedal” (ou, se preferir, passiva). Como não lembrar do tênis ar-condicionado? Ou do aquecedor de pés com mangueiras? Mas a patente nº. 6.387.064 [pdf] é muito mais ousada e sofisticada que suas antecessoras. Mr. Gunnon explica como conseguir uma dose de massagem a cada passo:

Para obter isso, a presente invenção essencialmente compreende uma primeira bexiga ligada à superfície inferior do pé direito do calçado do usuário. A primeira bexiga inclui uma primeira seção e uma segunda seção: a primeira seção é disposta sob o calcanhar do pé direito; a segunda é disposta sob a ponta do pé direito. Ambas, a primeira e segunda seção, têm uma saída de ar. A segunda bexiga inclui uma primeira seção e uma segunda seção: a primeira seção é disposta sob o calcanhar do pé esquerdo; a segunda é disposta sob a ponta do pé esquerdo. Ambas, a primeira e segunda seção, têm uma saída de ar.

Até aí, nada de excepcional. O segredo da invenção de Mr. Gunnon está justamente na mão de borracha:

image

Uma mão massageadora está em comunicação com a primeira bexiga e com a segunda bexiga. A mão massageadora inclui dedos flexíveis. Os dedos flexíveis são um polegar, um indicador, um dedo-médio, um anular e um dedo-mínimo. A mão massageadora inclui circuitos condutores de ar primário e secundário. O indicador, o dedo-médio, o anular e o dedo-mínimo têm, cada um, um cilindro de ar frontal e traseiro acoplados. Os cilindros de ar centrais do indicador e do dedo médio estão em comunicação com o circuito condutor de ar primário. Os cilindros centrais de ar do anular e mínimo estão em comunicação com o circuito condutor de ar secundário. A mão massageadora inclui uma primeira e uma segunda entradas e em comunicação com as saídas de ar da primeira seção e da segunda seção da primeira bexiga. A mão massageadora inclui uma terceira e uma quarta entradas em comunicação com as saídas de ar da primeira seção e da segunda seção da segunda bexiga.

Isso mesmo! Não é uma mera mão de borracha dessas que se encontram em lojas de brinquedos ou fantasias. É um mecanismo relativamente complexo: você pisa com o calcanhar e alguns dedos se mexem; pisa com a ponta do pé e outros dedos se mexem. Mas então o que há de patético nessa patente emitida em 14 de maio de 2002 para um inventor de Mukilteo, Washington?

A ideia em si parece útil — mas apenas para forever alones! Gunnon rebateria, dizendo que o seu aparelho é o único que permite massagem enquanto se caminha. Há controvérsias (um massageador elétrico teria o mesmo efeito), mas quem precisa disso? O objetivo de uma massagem é relaxar e se você está caminhando não dá pra relaxar.

Além disso, o sistema todo é bastante frágil: basta um furo na sola ou uma cânula solta e lá se vai sua massagem. Sem contar que seria bizarro andar por aí com uma mão de borracha pulsátil presa ao pescoço — ainda que não seja uma mão de borracha qualquer. Também não seria difícil subverter a ideia colocando a mão em outros lugares. Sim, eu sei o que você e sua mente poluída estão pensando, mas eu ia sugerir botar a mão massageadora na parte da frente do pescoço. Como resultado, a cada passo teríamos uma pequena esganadura.

Se bem que há gosto para tudo, não é mesmo?

chevron_left
chevron_right

Leave a comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Comment
Name
Email
Website