Patentes Patéticas (nº. 87)

http://www.google.com/patents/US1926420
Que mico!

Hoje em dia não é difícil encontrar por aí gente que humaniza animais, a ponto de dar aos bichos tratamentos iguais ou até melhores do que os dispensados às pessoas. Geralmente são madames riquíssimas e seus cãezinhos de bolsa ou solitários de ambos os sexos cercados de gatos. Ou então aquele tio de meia-idade e seu papagaio. Por mais loucos que possam parecer, eles nunca tiveram a ideia de patentear suas fantasias envolvendo animais.

Mas como a loucura humana não conhece limites, alguém já fez isso: Rennie Renfro patenteou sua ideia de combinar cães e macacos num simulacro de jóquei. São os Combined racing greyhound harness and rider supporting means [Meios combinados de suporte e arreios para cavaleiros de galgos de corrida]:

Esta invenção está relacionada ao aperfeiçoamento na construção de arreios e, mais especificamente, ao suporte e arreio combinado para suporte do cavaleiro de cães galgos em corridas. O principal objetivo da invenção é prover uma construção de arreio única e inovadora, que dará um aparato confortável para ajuste ao cão e um cooperante suporte do cavaleiro que irá reter com segurança um jóquei em posição nas costas do galgo.

Essas são as primeiras palavras da patente nº. 1.926.420 [pdf], aprovada em 12 de setembro de 1933. Ao contrário do que parece, esta não é a patente de um esporte. Modesto, Mr. Renfro diz que não criou o esporte, apenas aperfeiçoou uma novidade:

No esporte da corrida de cães galgos, que é apreciada por fãs de cachorros e entusiastas de corridas, houve a recente introdução do uso de micos cavaleiros, que fazem o papel de jóqueis. Por causa das aptidões e tendências dos símios, quando eles são posicionados nas costas das suas montarias, eles imitam as ações dos jóqueis comuns. O emprego de micos-jóqueis adiciona considerável excitação e admiração ao esporte. Entretanto, como numa corrida de cavalos, está sempre presente o risco do cavaleiro cair acidentalmente. A menos que haja algum meio para segurar seguramente [sic; “safely securing” no original] os cavaleiros, sempre estará presente o perigo do desalojamento do cavaleiro, com consequentes ferimentos.

Em seguida, o inventor (natural de Van Nuys, Califórnia) mostra que, na verdade, é um defensor dos animais, alguém preocupado e que deseja apenas o bem deles. Renfro alega que criou um sistema “seguro, humano, único e o mais eficiente” para evitar que os pobres mic(r)o-jóqueis caiam do cavalo galgo-cavalo.

A brilhante ideia de Renfro é ligar, por uma corrente bem curta a coleira do símio hipista à do corcel canino. Algo tão simples que nem deveria ter sido levado a sério pelo USPTO. Mas, por incrível que pareça, o escritório de patentes americano deu a louca OK. Além de mais segura, segundo o inventor, essa é a solução mais econômica — como se usar os macaquinhos fosse indispensável.

Com proteção ou não, a ideia de mini-jóqueis nas costas de galgos foi um grande mico. Obviamente, o peso extra dos símios, por menores que fossem, deve ter diminuído a velocidade dos galgos. E, convenhamos, o espetáculo não deve ter sido assim tão entusiasmante com cães mais lentos e acorrentados a macacos.

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  • rafinha.bianchin

    "Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, no que respeita ao universo, ainda não adquiri a certeza".
    Depois de tentar entender o "Paradoxo EPR" é impossível não associar a frase com metade do que se vê hoje em dia.

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