Patentes Patéticas (nº. 137)

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Nada é mais fácil do que roubar doces de uma criança, certo? Não se ela estiver bem-equipada, pensou Lawson E. Bohannan no começo dos anos 1970. E o equipamento poderia ser bem simples:

Um estojo de doces com uma tampa articulada, o estojo sendo conectado ao topo de um capacete infantil por uma junta universal que permita que o estojo seja movido em diferentes posições angulares em relação ao capacete. Adicionalmente, o estojo e sua junta universal podem ser temporariamente desconectados do capacete junto com um cordão que se estende da junta universal ao tambor de compressão de mola montado no capacete, permitindo assim que a criança remova o estojo com sua junta universal enquanto usa o capacete, sendo o cordão desenrolado de um tambor movido a mola durante esse movimento, de modo que a criança possa segurar o estojo diante de si e abrir sua tampa, para remover ou adicionar doce dali. Quando isso terminar, a criança pode retornar o estojo e a junta universal à sua posição normal no capacete, com o tambor recolhendo o cordão.

A esse simples equipamento de segurança de guloseimas — que parece ter saído da prancheta de um inventor-mirim — Bohannan deu o nome nada criativo de Candy Container Removably Connected to a Child’s Cap [Estojo de doces de conexão removível a um capacete infantil]. Qualquer mini-publicitário poderia criar um nome melhor, como Jelly Babies Hat.

Havia uma coisa com jelly babies, mesmo em Milpitas (Califórnia) e em Washington (DC) no começo dos anos 1970. Também havia algo parecido nos estúdios da BBC. A invenção deste armazém portátil de pequenas gordices se deu naquela cidade californiana em 1973 e foi patenteada na capital americana sob nº. 3.813.016 [pdf], em 28 de maio de 1974. Poucos dias mais tarde, em 8 de junho, Tom Baker entrava em cena nos estúdios da BBC como o 4º. Doutor em Doctor Who. Amante inveterado de jelly babies, o Fourth aprovaria a invenção de Bohannan tanto quanto o USPTO.

Jelly babies (ou beans) à parte, a argumentação que ganhou a patente é tão simples quanto o próprio equipamento:

Crianças gostam de comer jelly beans a assim um estojo para armazenar as jelly beans é feito na forma de uma jelly bean de tamanho exagerado. Uma criança também gosta de ter suas mãos livres e se diverte ao usar ornamentos de qualquer tipo. Esses dois fatos foram combinados no estojo em forma de jelly bean que funciona como ornamento para a criança e é montado no topo de um capacete, de modo que as mãos da criança ficam livres fazer quaisquer dos seus desejos.

Brilhante! Os pimpolhos de Mr. Bohannan devem ter ficado uma graça com uma berinjela jelly bean gigante presa à cabeça. E os ladrões de doces, por sua vez, devem ter tido muito mais trabalho para conseguir suas balinhas — a não ser que percebessem o truque do cordão extensor, que poderia ser facilmente cortado.

Não sabemos se o inventor teve algum interesse em vender ou licenciar a patente, permitindo uma aplicação comercial. Provavelmente isso não aconteceu e o contêiner de Bohannan é mais uma daquelas invenções que — justamente por ser patenteada — jamais saíram do papel. O que é uma pena pois com o sucesso do 4º. Doutor e seu bordão (Would you like a jelly baby?), um brinquedo desses poderia ter vendido feito água. Perdão, feito jelly babies.

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  • Roberto Takata

    O que me lembra deste episódio dos Mythbusters:
    http://www.youtube.com/watch?v=hEmahvffdDg
    -----------

    []s,

    Roberto Takata

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