Dress Code Medieval

Eduardo I (à dir.) reconhecido como suserano da Escócia. Coroa-boina era tendência.

Os cavalheiros e visitantes estrangeiros que vinham a Windsor no reinado [1272-1307] de Eduardo I [a.k.a. Dudu Pernas Longas, 1239-1307] traziam consigo uma sucessão de modas variáveis, o que fazia virar as cabeças — nos jovens, de deleite; nos velhos, de desgosto. Douglas, o monge de Glastonbury, era especialmente denunciativo e satírico nesse ponto. Dizia ele da horrível variedade de costumes e estilos – “ora longos, ora largos, ora soltos, ora justos” —que aquilo era um “desvio e descaminho de todos os bons e velhos usos.” Era tudo “distorcido e amassado por todos os lados e tão amarfanhado e abotoado que eu em verdade diria que eles, em suas vestimentas e também em seus arranjos e decoros, se parecem mais atormentadores e demônios que homens.” O velho monge tinha bons fundamentos para suas reclamações. A Câmara dos Comuns também tinha — o que não tem agora — o decoro de não se tornar tão extravagante quanto seus superiores em termos de vestuário. Assim, aquela augusta assembléia respondeu à reclamação ao restringir o uso de peles e cachecóis à família real e aos nobres de renda superior a mil [marcos] per annum. Aos cavalheiros e damas de mais de quatrocentos marcos anuais, permitia-se a apresentação em tecidos com ouro e prata e certas jóias. Cavalheiros pobres, squires e donzelas eram proibidos de aparecer no costume daqueles de grau superior. Quanto aos próprios Comuns, eles não poderiam vestir nada melhor que uma roupa de lã sem adornos. E se um aprendiz ou moendeiro fosse ousado a ponto de usar um anel no dedo, estaria a risco de perdê-lo — o anel, não o dedo – com o confisco do bem proibido.

A consequência foi que, estando sob proibição de se refinar, os Comuns se viram tomados por um intenso desejo de imitar refinação. Todas as classes, então, se contentaram e passaram fazer o que muitas classes ainda fazem alegremente em nossos dias: vestir-se acima de seus meios.

— KING, Edmund Fillingham. Ten Thousand Wonderful Things: comprising the marvellous and rare, odd, curious, quaint eccentric and extraordinary in all ages and nations, in art and science. Second series. [Dez Mil Maravilhas: compreendendo o maravilhoso, o raro, o ímpar, o curioso, o extravagante, o excêntrico e o extraordinário em todas as nações e eras, na arte e na ciência. Segunda Série.] Londres: Ward & Lock, 1860. p. 298. [Ilustração: pintura de James William Edmund Doyle (1822–1892), reproduzida em seu livro A Chronicle of England: B.C. 55 – A.D. 1485, Londres: Longman, Green, Longman, Roberts & Green, 1864. p. 262.]

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