Subir arquivo, enviar arquivo e baixar arquivo. Essa é a ordem usual para enviar e receber documentos rapidamente nos dias de hoje. Mas na Londres de meados do século passado, o correto seria baixar, enviar e subir pacotes de informação. Pacotes mesmo, além de cartas, cartões postais e outros tipos de encomendas. Mais precisamente, esse era o procedimento em oito estações postais interligadas por um metrô em miniatura.
Oficialmente conhecido (por poucos) como London Post Office Railway, o discreto sedex subterrâneo começou a ser planejado em 1911. Iniciadas em 1915, as escavações foram suspensas em 1917 por falta de mão-de-obra.
Em 1918, ainda durante a I Guerra Mundial, alguns túneis já concluídos foram usados para armazenagem segura de alguns tesouros da Tate Gallery, da National Portrait Gallery e do Arquivo Público.
A construção só foi retomada plenamente em 1924, com o primeiro trecho inaugurado para testes em 1926. O metrô postal só foi concluído no fim de 1928, entrando em operação completa em 13 de fevereiro de 1929.
Durante a II Guerra, os túneis voltaram a ser usados como abrigo anti-aéreo e passaram incólumes. O incidente mais grave foi em 1943, quando uma bomba destruiu a agência de Mount Pleasant, causando uma inundação na respectiva estação.
Com dez quilômetros de extensão, a linha do “postrô” corria de Paddignton, no oeste de Londres a Whitechapel, na zona leste. Situados a 21m de profundidade, os túneis têm 2,7 metros de diâmetro e são equipados com dois trilhos de bitola estreita (60cm)
As pequenas locomotivas eram elétricas e contavam com uma espécie de freio gravitacional. As estações subterrâneas situam-se a poucos metros da superfície. Ao chegar, a pequena locomotiva postal era freada pela subida. Ao partir, a descida a acelerava.
Ao longo do século XX, esse serviço ferroviário especializado foi sendo cada vez mais automatizado. No fim do século, já era um sistema praticamente robotizado: os pequenos vagões cilíndricos do Mail Rail carregavam-se numa estação, viajavam para a estação determinada e descarregavam-se de maneira autônoma.
Apesar da vantagem óbvia de não ter de cair em engarrafamentos, o Mail Rail acabou derrotado por um concorrente não menos invisível, o E-mail. Em 2003 — quando apenas três estações/agências postais eram servidas —, o sistema postal subterrâneo se tornou economicamente inviável e foi desativado. Os trechos que não foram abandonados acabaram virando área de depósitos.
Os túneis do Mail Rail foram redescobertos por exploradores urbanos em 2011. Dois anos depois, foram anunciados planos para transformar a rede subterrânea numa espécie de museu até 2020. Por isso, reformas estão em andamento, mas há previsão de reabertura parcial para visitas a partir de 2016.