Animes que me animam (vol. 4)

Uma prisão carnavalesca, o trabalho de funcionários públicos e criadores de games, um malandro transformado em professor, as aventuras de um gênio da medicina-legal e o drama de um tira com alma feminina


Animes

NANBAKA [2016-17 | 2 temporadas | Crunchyroll] — Que visual teria um anime ambientado numa prisão de segurança máxima cheia de prisioneiros e guardas perigosos? Se você espera algo sombrio e melancólico, melhor procurar outra coisa porque esse anime é uma comédia coloridíssima e vistosa, a começar pelo título — Nanbaka é um trocadilho entre Nanba (que pode ser tanto “número” quanto o nome da ilha-prisão que serve de cenário) e baka (insulto presente em 9 entre 10 animes). Os idiotas numerados são os prisioneiros, especialmente os quatro que ocupam a Cela 13 do Pavilhão 13: Jyugo, 1315 (fugitivo crônico, com habilidade de abrir qualquer tipo de fechadura), Uno, 1311 (britânico galanteador com um fraco por apostas e jogos), Rock, 1369 (americano superlativo: grandalhão, comilão, fortão e brigão) e Nico, 1325 (outro gringo, é o louco das drogas e dos animes). Sempre em fuga, mais por tédio do que pelas condições de Nanba, esse quarteto idiotástico é uma constante fonte de dor de cabeça para guardas como Hajime Sugoroku (faixa-preta em judô que leva tudo a sério, talvez até demais), Mitsuru Hitokoe (extrovertidíssimo, serve como narrador e costuma sempre nos lembrar que Nanbaka “ainda é um anime de comédia” quando a porra fica séria), Seitaroo Tanabata (sempre o primeiro a denunciar as fugidinhas do pessoal da cela 13 e, ipso facto, saco de pancada dos prisioneiros) e Yamato Godai (japonês alto, esbelto, meio patriota; adora malhar e tem péssimo senso de direção, o que às vezes o leva a fugir com os prisioneiros em vez de capturá-los). Todo mundo vive sob o reinado de Momoko Hyakushiki (mulher intimidante de longos cabelos azuis, a diretora do presídio se derrete toda perto do Hajime).

A graça de Nanbaka reside justamente no exagero. A ilha-prisão parece ser colossal, seus corredores são labirínticos e seu Festival de Ano-Novo (onde guardas e presidiários são obrigados a cooperar em provas absurdas) tem proporções épicas. Em contraste com a temática carcerária, as cores e a animação são extravagantes, quase carnavalescas, o que muitas vezes cria personagens andróginos como Hitoshi, crossdresser que não se parece em nada com o durão do irmão, Hajime. Os personagens, aliás, são numerosos e vão de Shiro (cozinheiro gigantesco e impassível) a Tsukumo (o 1399, que foi criado acreditando ser um ninja mas na verdade é apenas um ator fracassado). Embora alguns episódios sejam divididos em duas ou três partes, as ações normalmente se desenrolam em ritmo que beira o frenético. Como não poderia deixar de ser num anime cômico, o uso de chibis é frequente. Apesar de tudo isso, Nanbaka também tem seus momentos de drama, mistério e suspense — principalmente com Jyugo, atormentado por braceletes e tornozeleiras indestrutíveis que foram colocadas nele por uma figura desconhecida, que ele descreve apenas como o Homem da Cicatriz.

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Servant x Service [2013 | 1 temporada | Crunchyroll] — São muitas as diferenças sociais e econômicas entre o Brasil e o Japão, mas existe algo em comum: a ambiguidade que cerca os funcionários públicos. Lá como cá, os funcionários públicos geralmente têm o benefício da estabilidade no emprego, o que torna as vagas no setor bastante atraentes. Por outro lado, também existe o estereótipo negativo, que faz a população ver o servidor público como alguém que trabalha pouco e de modo ineficaz. Um erro de um servidor é o fio condutor deste anime ambientado numa repartição pública da fictícia cidade de Mitsuba, em Hokkaido, no norte do país. Mais do que a estabilidade no emprego, Lucy Yamagami arranja um trabalho na repartição por motivos de vingança: ela quer descobrir quem foi o cartorário infeliz que aprovou seu imenso nome — Lucy Kimiko Akie Airi Shiori Rinne Yoshiho Chihoko Ayano Fumika Chitose Sanae Mikiko Ichika Yukino Reina Eri… — que sempre lhe foi motivo de constrangimento.

Momentos constrangedores é o que não falta nesse slice of life com um toque de romance. Temos Yutaka Hasebe, um Romeu preguiçoso que sempre tira sarro do nome de Lucy enquanto tenta conquistá-la; Saya Miyoshi, menina observadora que passa a maior parte do tempo ouvindo a reclamação dos cidadãos, especialmente da velhíssima e minúscula Tanaka-san; Megumi Chihaya, assistente social mais interessada em cosplay do que no prório serviço; Taishi Ichimiya, supervisor dos novatos e um senpai que não é levado a sério por ninguém, exceto sua irmã, Tooko — colegial de temperamento explosivo e com ciúmes do irmão, é uma típica tsundere. O chefe, Kenzo Momoi, é nada menos que um coelho de pelúcia falante e vive tentando se enturmar mas na maior parte das vezes acaba sendo acidentalmente pisoteado ou estripado. Dos personagens secundários, o destaque fica para a já mencionada Tanaka-san, que sempre está tentando casar seu neto, Joji, bancário solteirão e rival de Hasebe.

Nos 13 episódios da temporada única, acompanhamos Lucy em sua inglória jornada para descobrir quem foi o desgraçado que aprovou seu nome; Hasebe tentando escapulir do serviço sempre que possível e Saya com vontade de desistir várias vezes. Além disso, temos as tretas causadas pela Tooko, que sempre sai do colégio direto pra repartição para ficar de olho no irmão mais velho e encher o saco dos demais funcionários. Também há elementos de comédia romântica, com a vovozinha Tanaka tentando jogar o neto no colo da Saya, a discreta relação entre Chihaya e Ichimiya (para desespero de Tooko) e principalmente as investidas fracassadas de Hasebe sobre Lucy, que geram uma relação de amor e ódio. Divertido, esse anime traz causos que são facilmente reconhecíveis por quem já trabalhou no serviço público ou num escritório: solicitantes reclamões, pessoas perdidas pelos corredores, pilhas e mais pilhas de papel que precisam ser processados e arquivados. Destaque para a abertura, que combina os personagens em 2D com um caótico escritório de verdade (e é uma pena que a animação em si não tenha seguido esse conceito).

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New Game! [2016-17 | 2 temporadas | Crunchyroll] — Outro anime de trabalho, outro ambiente. Nesse a protagonista também começa a trabalhar por um motivo muito forte: ela adora videogames. Assim, logo que se forma no Ensino Médio, Aoba Suzukaze vai trabalhar no Eagle Jump, estúdio onde foi criado Stories Fairies 3, seu game favorito. Uma vez lá, Aoba-chan vai ser encarregada do character design, modelando e renderizando os personagens de uma nova versão do seu jogo mais querido. Apesar do entusiasmo, Aoba vai aprender que desenvolver videojogos não é tão fácil: as jornadas de trabalho são longas, muitas vezes exigindo horas extras madrugada adentro, com pernoites no cubículo e altas doses de energéticos.

Lidar com as colegas de trabalho — sim, senhor, esse anime de games só tem personagens femininas — também não vai ser tão simples. Hifumi Takimoto, sua senpai no desenvolvimento de personagens, é tão tímida que só fala com os outros via mensagens instantâneas e e-mail. Yun Iijima é a gótica que desenha os monstros. Hajime Shinoda trabalha no dep. de desenv. de personagens mas é do setor de animação e faz extras para aumentar sua coleção de props (geralmente espadas inspiradas em outros games, usadas tanto como brinquedo como referência). Nos cubículos vizinhos ficam Kou Yamagami, chefe workaholic de Aoba, tem o hábito de dormir debaixo da mesa com as pernas de fora quando faz horas extras. Ela é contrabalançada por Rin Tooyama, diretora de arte organizadíssima e que fica um pouco enciumada com quem se aproxima demais de Yamagami-san. Do outro lado, temos uma programadora estressada, Umiko Ahagon, que adora disputas de airsoft e tem vergonha do seu sobrenome. Quem acaba indo dividir espaço com Umiko é Nene Sakura, ex-colega de escola de Aoba; embora tenha ido pra faculdade, ela se preocupa tanto com a amiga que arruma um estágio na Eagle Jump como debugger.

A chefe da porra toda é Shizuku Hazuki, mulher de meia-idade que parece ter uma queda tanto por novinhas (o que explica, em parte, seu quadro de funcionários inteiramente feminino) quanto por mudanças impulsivas nos projetos dos jogos. Mozuku, um gato velho, grande e preguiçoso, parece ser o único macho da área. Ao longo das duas temporadas, com 12 episódios cada, acompanhamos Aoba e sua turma no processo de desenvolvimento de SF3. Com um elenco inteiramente feminino, pode parecer um prato cheio pra fanservice, mas quem espera isso pode ficar decepcionado (sim, a Yamagami aparece seminua às vezes, mas isso me parece mais uma piada interna recorrente do que um artifício erótico gratuito). New Game!! (a segunda temporada só se diferencia pelo número de exclamações no título e pela entrada de personagens estrangeiros) é uma comédia simples de cotidiano, focada nos pequenos constrangimentos e contratempos que todo escritório de empresa tecnológica tem: o aborrecimento das refações, as dificuldades dos novatos em se enturmar, os happy hours e convenções, as horas extras que rendem pouco do ponto de visa financeiro, os desentendimentos que põem amizades em risco, o tratamento diferenciado dado aos estagiários ou o dia em que todo mundo resolve trazer um lanche pra presentear a turma, levando a uma inundação de rosquinhas que estavam em liquidação.

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J-Drama

GTO – Great Teacher Onizuka [2012 | 2 temporadas | Crunchyroll] — Que imagem você tem de um professor? Um sujeito malandro, motoqueiro de cabelo pintado e vestido de modo despojado é que não é. Baseado em mangá homônimo de Toru Fujisawa, este dorama mostra que é possível transformar tal malandro num professor, talvez até no maior professor do Japão. O Great Teacher do título é Eikichi Onizuka (Akira, do grupo de J-Pop Exile), 22 anos. Ex-delinquente juvenil, virgem e famoso por se meter em encrencas, Onizuka fez parte de uma bosozoku (gangue de motoqueiros praticantes de artes marciais) e frequentou uma universidade de quinta categoria, formando-se em Estudos Sociais. Aí, a vida adulta chegou e, com ela, a obrigação de trabalhar. Apesar da ambição em ser o melhor do Japão em qualquer coisa, Onizuka não tem a típica ética de trabalho japonesa e está mais interessado em levar a vida entre um apartamento bagunçado e repleto de pornô e a observação de meninas nas estações de trem. Só que isso não enche a barriga de ninguém e depois de passar por vários bicos Onizuka acaba seduzido pela carreira de professor. Mas não pelos motivos mais nobres: o que o atrai é a perspectiva de trabalhar e conviver diariamente com meninas em uniforme de colegial.

No processo seletivo para professor num colégio particular, Onizuka conhece Asuza Fuyutsuki (Miori Takimoto), moça discreta e  certinha, que vai acabar sendo sua professora-auxiliar e Hiroshi Uchiyamada (Tayama Ryosei), vice-diretor da escola que está sempre batendo cabeça com o novato por seus métodos fora do normal. A diretora do colégio e responsável pela contratação de Onizuka é Ryoko Sakurai (Kuroki Hitomi), que está quase sempre disfarçada como a simpática tia da cantina. Para infernizar a vida do recém-chegado, Uchiyamada o põe a cargo da turma 2-4, a mais problemática de todas. Dentre seus alunos, destacam-se Noboru Yoshikawa (Taishi Nakagawa), otaku de tendências suicidas salvo por Onizuka; Miyabi Aizawa (Kawaguchi Haruna), moça venenosa e líder de um grupo de bullying, uma das principais opositoras ao novo professor; Kunio Murai (Shintaro Morimoto), encrenqueiro com um comportamento parecido com o do jovem Onizuka; Tomoko Nomura (Miyazaki Karen) é a lerda e tímida que sonha com o estrelato e vai ser inscrita num concurso por GTO; Yoshito Kikuchi (Takada Sho), é o menino-prodígio e hacker da turma.

Fora da escola, Onizuka vai ter o apoio de dois ex-membros de sua antiga gangue: Ryuji Danma (Shirota Yu), que abriu um café perto do colégio e age como principal conselheiro de Eikichi; e o divertido Toshiyuki Saejima (Yusuke Yamamoto), que virou policial mas não deixou de lado a malandragem; é tão informal e desalinhado que parece um cosplay e não um tira de verdade. Com uma abordagem absolutamente descolada e enfrentando problemas dos alunos — de timidez e bullying  a problemas familiares e tentativas de suicídio — com uma coragem que só um ex-delinquente poderia ter, Onizuka vai ganhando popularidade entre os pupilos e projeção nacional. Ao mesmo tempo, vai colecionando inimigos entre alguns alunos e os colegas de trabalho que não gostam dele e estão sempre tramando para forçar sua demissão. Típico shonen escolar, o mangá (do qual cheguei a adquirir dois volumes) teve uma adaptação em anime (1997-98) bem fiel no traço e no ritmo, mas da qual não gostei muito. Apesar de mais soft por conta de algumas adaptações que evitam as referências eróticas do original, o dorama  (um remake do live action feito em 1998)  me agradou muito mais pois seus personagens são menos caricatos mas não perdem o carisma — sobretudo o Onizuka, que tem uma autoestima da porra. Os episódios têm cerca de uma hora e desenvolvem bem os conflitos apresentados, sem abrir mão de alguma pancadaria (afinal, é um shonen). Além dos capítulos da série, houve três OVAs e um mini-spin-off ambientado em Taiwan.

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K-Drama

Quiz from God [신의 퀴즈 ou Shineui Kwijeu | 4 temporadas | 2010-14 | Netflix] — Existem dois tipos de estudante de medicina: os que se acham deus e os que pulam fora da carreira assim que podem. Finalizando o curso na Universidade Hankook, o neurocirurgião Han Jin-woo (Ryu Deok-hwan) é uma mistura dos dois tipos e quer desistir porque tudo lhe parece fácil demais. Cansado da residência, ele quer abandonar a rotina hospitalar mas sem querer vai ser levado a algo muito pior por Jang Kyu-tae (Choi Jung-woo), seu orientador: o Instituto Médico-Legal da universidade.

Sempre vestido com um cachecol e sua franja emo, Han vai trabalhar com a Dra. Jo Young-shil (Park Joon-myun), uma legista-chefe gordinha que não vai com a cara dele e Kang Kyun-hee (Yonn Joo-hee), a destemida detetive que faz a ligação entre o IML e a polícia. Entre os laboratórios de autópsia e as cenas dos crimes, Jin-woo vai revelar um poder de dedução sherlockiano, sobretudo quando se trata de doenças raras — como porfiria, fenilcetonúria, distrofia muscular, síndrome de Guillain-Barré e savantismo. Enquanto desenvolve uma relação marcada pelo sarcasmo com Kang e sua turma, o Dr. Han passa a apresentar crises intensas de zumbidos auditivos, fortes enxaquecas e desmaios. Seria ele um portador de uma doença rara desconhecida? Ou será tudo obra de Thanatos, a entidade que passa a seguir seus passos e vai colocá-lo em risco de vida ao fim da primeira temporada?

Com bom ritmo, God’s Quiz (como também é conhecida) tem reviravoltas surpreendentes e autópsias bem realistas (realistas demais pro meu gosto avesso a cenas cirúrgicas/sanguinolentas). Os episódios (aprox. 50 min.) são thrillers que fazem uma mistura interessante e inteligente de assassinatos e doenças raras, que afligem tanto vítimas quanto assassinos e muitas vezes são a chave de cada quebra-cabeça apresentado. Embora a transição entre um episódio e outro seja bem-feita, não achei boa a ligação entre a primeira e a segunda temporada (só vi até o começo da segunda), que é marcada por pontos negativos como mudanças nos cenários e a chegada de Min Ji-yool (Lee Seol-hee), uma antipática profiler que quase sempre duvida das teorias do Dr. Han (e vice-versa).

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Filme

Entre a Lei o Salto Alto [Man on High Heels (inglês) ou Hai Hil (coreano) | Coreia do Sul | 2014 | 125 min.] — Ji-Wook (Seung-won Cha) é um detetive policial implacável, famoso por seu estilo violento mas que abre mão do uso de armas de fogo para capturar bandidos. Apesar de seus abusos ele é protegido pelos colegas da polícia, pelo ministério público e admirado até por seus inimigos mafiosos. No entanto, quando está prestes a capturar os irmãos Park, chefes de uma máfia ligada ao tráfico de drogas, ele decide sair do serviço policial. O motivo? Ji-wook esconde um segredo desde a adolescência: por trás da fachada de homão da porra e mestre em artes marciais se esconde uma mulher dentro de seu corpo. Ele quer trazer essa mulher à tona e frequenta o submundo dos travestis coreanos, onde descobre o alto custo para mudar de sexo. Assim o incorruptível Ji-Wook quase se vende para conseguir uma mudança de sexo e assumir sua identidade reprimida desde o trágico suicídio de seu primeiro namoradinho, no colégio de uma cidade do interior da Coreia do Sul. Quando está travestido e prestes a sair do país para a operação, ele descobre que a máfia está matando e ameaçando todas as pessoas que lhe são próximas: seus colegas da polícia, o promotor público e sequestraram a menina que é irmã de seu primeiro namoradinho. O resultado é uma corrida por vingança sanguinária à la Kill Bill. Ji-wook quase morre mas seu final não é nada feliz: em vez de se tornar mulher, ele acaba casando-se com a mocinha do filme. Com muita ação mas também muito drama e forte carga psicológica, esse é um filme policial e de artes marciais bastante incomum e mostra que muitas vezes a pior homofobia é a que vem de dentro. [Nota: vi o filme no Netflix, mas ele parece ter saído do catálogo há poucos dias. Infelizmente.]

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