Até Homero e Virgílio

“AOS ASSISTENTES ESCOLARES — Procura-se um respeitável GENTIL-HOMEM de bom caráter, capaz de ENSINAR os CLÁSSICOS até Homero e Virgílio. Aplique-se…” Assim começa um anúncio publicado no Times no fim de 1826. Não há nada de extraordinário nele, como nota John Timbs em A History of Advertising from the Earliest Times [Uma História dos Anúncios desde os Primórdios, 1874, p. 271]. O que fez Timbs reproduzir o singelo anúncio em seu livro foi a resposta de um interessado, que apareceu no mesmo jornal alguns dias depois:

Sir — Com referência ao anúncio que foi inserido no jornal Times há alguns dias, a respeito de assistente escolar, peço para informar que ficaria feliz de cobrir tal vaga. Mas como a maioria dos meus amigos mora em Londres e não conhecendo a que distância Homero e Virgílio ficam da cidade, gostaria de deixar claro que não iria ensinar os clássicos além de Hammersmith ou Turham Green, ou no máximo em Brentford. — No aguardo de sua resposta, senhor, &c, &c, John Sparks.

Timbs não leva a sério tal anúncio, mas relata que o editor do jornal parece ter acreditado na história do professor de clássicos que não tem noção do que é Horácio e Virgílio. Segundo Timbs, o anúncio original apareceu cheio de erros de sintaxe e ortografia (não se sabe se por descuido de Mr. Sparks ou da tipografia do jornal), sendo corrigido pelo editor na edição seguinte do periódico londrino, junto com o seguinte comentário sobre um equívoco parecido, mas bem menos culto:

Isso nos lembra de uma pessoa que certa vez anunciou em busca de um “forte carregador de carvão” [i.e., uma pessoa para carregar carvão], replicado por um pobre homem no dia seguinte que dizia “não tenho um negócio chamado carregador de carvão forte, mas comprei um cesto de carvão forte, feito do melhor ferro” e responderia à proposta se a barganha fosse favorável.

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