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Ex-marinheiro, ex-ator, ex-pintor, Atget tornou-se o fotógrafo perfeito para a Paris da Belle Époque
Nascido em 1857, em Libourne, Jean-Eugène-Auguste Atget foi criado pelos avós maternos em Bordeux pois seus pais morreram quando ele tinha cinco anos. Após completar os estudos até o ensino médio, Atget passou alguns anos na marinha mercante. Aos 21 anos, ele resolve ir pra Paris com o objetivo de tornar-se ator. No entanto, ele só consegue ser admitido numa escola de teatro em sua segunda tentativa. A essa altura, foi convocado pelo serviço militar, o que prejudicou sua frequência escolar, levando-o a ser expulso da escola de dramaturgia.
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Nos anos seguintes, o jovem Atget insistiu na atuação e juntou-se a uma trupe itinerante. Foi assim que conheceu a atriz Valentine Compagnon, com quem se casaria. Em 1887, uma infecção nas cordas vocais interrompe sua carreira teatral. Com isso, o ex-ator voltou ao interior e tentou a sorte como artista plástico. Não teve muito sucesso na pintura, mas nesse meio tempo entrou em contato com a fotografia.
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Após passar três anos perdido profissionalmente, Atget retorna a Paris como fotógrafo em 1890. Suas fotografias, que deveriam servir apenas como um auxílio para pintores e arquitetos, acabaram tendo um valor artístico próprio por retratarem a Paris antiga que desaparecia, a Paris do dia-a-dia, a Paris vista pelos pedestres, a Paris dos quartos, salas e cozinhas.
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Como um típico flâneur, Atget percorria sozinho as ruas parisienses, onde adquiriu grande conhecimento histórico da capital francesa. No verso de suas fotografias, além de anotar o nome do local registrado, ele dava pequenas indicações históricas, como a data de construção do local ou seus usos ao longo dos anos. Sua técnica, porém, era antiquada: ele sempre se manteve apegado às chapas de vidro seco de grande formato.
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Suas imagens mostram que Atget tinha bom trânsito na Cidade-Luz. Entre as esculturas dos parques parisienses, ruas pitorescas e vitrines de diversos estabelecimentos comerciais, Eugène Atget também topava com muitas figuras populares: vendedores ambulantes, trapeiros, tocadores de realejo e prostitutas. O fotógrafo não tinha assistentes em seu trabalho de revelação e divulgação — sua única ajuda vinha da esposa, Valentine Compagnon.
Apesar do trabalho meio improvisado, Atget teve algum reconhecimento: em 1898, a Bibliothèque historique de la ville de Paris comprou algumas de suas fotos e faria novas encomendas a partir de 1906. Durante a I Guerra, ele arquivou seus negativos e fotos num porão e quase abandonou o serviço. Como inúmeras famílias francesas, a sua perdeu alguém no front: Léon, filho de Valentine adotado por ele. Em meio a tudo, Atget não deixou a atuação de lado e, entre um passeio fotográfico e outro, dava aulas e oficinas para aspirantes a atores.
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Nos anos 1920, o fotógrafo vendeu a maior parte de suas fotografias e alcançou alguma independência financeira. Seus últimos anos foram agridoces: enquanto seu trabalho começava a circular, principalmente entre os surrealistas, sua esposa morreu em 1926. No ano seguinte, aos 70 anos, Jean-Eugène-Auguste Atget faleceu. Nas décadas seguintes, sua obra seria promovida e publicada pela fotógrafa americana Berenice Abbott [1898-1991]. A Wikimedia disponibiliza mais de uma centena de suas fotos, que também podem ser encontradas em instituições como o Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova York, o Eastman Museum e a Biblioteca Nacional da França. Além de uma rua em Paris, Atget dá nome a uma cratera de Mercúrio.
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