Capítulo 15

Corrigindo boatos de forma estratégica

p. 108-112

Checagem de Fatos ou dos excessos de desinformação e tentativas de combatê-la

 

19 de fevereiro de 2021
Dayane Fumiyo Tokojima Machado e Minéya Gimenes Fantim

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Revisão: Érica Mariosa Moreira Carneiro e Maurílio Bonora Junior
Edição e arte: Carolina Frandsen P. Costa

Você não aguenta mais receber Fake News no grupo da família? Já cansou de corrigir os mesmos boatos toda semana? Pois você não está sozinho. Desde que os primeiros casos de COVID-19 começaram a ser registrados, os potenciais riscos das desinformações deixaram de ser assunto para pequenos grupos de cientistas e invadiram o dia a dia de boa parte da sociedade.

Semana epidemiológica #107

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Média móvel de novos casos no Brasil, na ocasião de publicação deste texto

1.331 óbitos registrados no dia (245.083 ao todo)

Nesses últimos meses, muita gente teve que aprender a checar informações. Além disso, tem ajudado colegas e familiares a filtrar o conteúdo que anda circulando por aí.

Mas, apesar disso, o resultado desse tipo de interação nem sempre é o esperado e, como consequência, muita gente tem ficado frustrada e sem entender por que parece que certas correções não funcionam.

Numa tentativa de popularizar o que a gente já sabe a partir das pesquisas sobre desinformação, um grupo de mais de 20 especialistas no tema se reuniu para publicar:

O Manual de Desmistificação 2020

O documento resume os resultados dos principais trabalhos da área e transforma tudo isso em um conjunto de recomendações simples e diretas para você aplicar na sua rotina.

Assim, a proposta é que cada vez mais pessoas entendam o problema e que a partir daí, possam ajudar no enfrentamento da desinformação de forma estratégica.

Por exemplo, você sabia que nem sempre vale a pena corrigir um boato?

Se ele tiver pouca visibilidade, a correção pode até sair pela culatra, tornando o boato mais popular em vez de realmente combatê-lo (veja mais detalhes na figura abaixo).

O pessoal mal-intencionado, especialmente quem já faz parte de movimentos negacionistas, sabe disso e tenta surfar na popularidade de jornalistas e celebridades para alcançar um público maior.

Infelizmente, muita gente vem mordendo a isca. Dessa forma, vemos veículos jornalísticos validando desde teorias da conspiração sobre o resultado das eleições norte-americanas a questionamentos sobre a segurança das vacinas contra a COVID-19.

 O panorama estratégico da desmistificação. Adaptado do original de Lewandowsky, S., et al, 2020, tradução de Fernandes, A. et al, 2020.

Em suma, você encontra os dois documentos, além de outros recursos para combater o negacionismo e a desinformação (…)

O Manual da Desmistificação 2020 chega poucos meses depois da publicação do Manual das Teorias da Conspiração e é produzido pelos pesquisadores Stephan Lewandowsky e John Cook e também disponível em português.

Em suma, você encontra os dois documentos, além de outros recursos para combater o negacionismo e a desinformação na página do Centro para a Comunicação das Mudanças Climáticas da Universidade George Mason e na página do Skeptical Science.

Entretanto, através do manual, você também vai entender por que certos boatos continuam “grudando” na cabeça das pessoas, independente de quantas vezes eles sejam corrigidos, vai aprender a evitar que isso aconteça e, quando não for possível prevenir, vai saber como corrigir os boatos de forma efetiva, aumentando as chances de que a correção realmente funcione. 

PARA SABER MAIS 

 

 

Sobre o Manual da Desmistificação 2020

Linha de fundo

Pandemias são um risco iminente. Elas sempre estiveram aí, desde quando começamos a nos reunir em grandes centros e nos tornamos uma grande civilização. Algumas dizimaram cidades, enquanto outras conseguiram destruir nações e até partes de continentes. Não são atuais os avi-sos sobre estarmos a um passo de uma nova pandemia. Existe um monitoramento constante de vírus e bactérias com potenciais pandêmicos, que não debatemos em nossa sociedade de forma constante ou ampla.

Linha do Tempo

Um pouco do contexto epidemiológico brasileiro que permeou o período em que cada um dos textos que compõem este livro foram escritos.