Liberais e conservadores: idéias diferentes, cérebros diferentes.


Não é difícil aceitar que nossos cérebros produzam nossos pensamentos. E que diferenças entre cérebros possam gerar as diferenças de pensamento de um indivíduo para outro. Mas difícil é aceitar essa idéia no dia-a-dia, aceitar que os nossos pensamentos são estruturados, e que seguem padrões e tendências neurofisiológicas. Talvez por isso uma notícia recente tenha causado espanto. Descobriu-se que pessoas classificadas politicamente como liberais ou conservadoras se mostram diferentes nas respostas a estímulos.

Um teste simples foi feito. Primeiro um questionário classifica se o indivíduo é liberal ou conservador; um teste de resposta “go\don´t go”(vai\não-vai) é aplicado e consiste em observar a aparição das letras M e W numa tela. Sempre que aparecer um M o indivíduo aperta uma tecla. Mas às vezes aparece um W e a tecla não deve ser apertada. Como 80% das vezes é um M que aparece e como o W se parece muito com a outra letra, a tendência é acabar apertando o botão quando o W aparece.

O resultado foi o seguinte: os liberais erraram menos, o que indica que respondem melhor a este teste. Como os participantes estavam ligados a um eletroencefalograma (aparelho que mede a atividade de regiões do cérebro) pôde-se perceber também que os liberais tinham uma maior atividade na região do cérebro que está ligada a analise e resolução de conflitos. Dá a entender que liberais se adaptam mais rápido a mudanças para corrigir suas respostas.

Isto quer dizer que liberais são melhores? Não sejamos precipitados. Ambas as estratégias existem há muito tempo ao longo da história humana. Isso provavelmente quer dizer que ambas são vantajosas. Qual a mais moral ou ética já é outra questão mais difícil de responder.

http://scienceblogs.com/cognitivedaily/2007/09/the_claim_politically_liberal.php

http://www.latimes.com/news/science/la-sci-politics10sep10,0,5982337.story?coll=la-home-center

Humanos = 99% chimpanzés. Não, 97%. Ou melhor, 83%…

“A diferença entre humanos e chimpanzés é de apenas 1%!”. Este é um dos dados mais usado pelos evolucionistas em discussões, pois nele está implícita a base da biologia evolucionista: que todos os seres vivos são aparentados e que nem o Homo sapiens escapa desta família. Prova disto seria a proximidade genética com outras espécies de animais, como o chimpanzé por exemplo. Mesmo num artigo anterior, neste mesmo blog (“Genoma do Homem de Neandertal. E daí?”), foi citada a tal diferença de 1 % para chimpanzés e 0,5% para o Homo neanderthalensis. O problema é que a coisa não é tão simples assim.

1% de que? Esta porcentagem, que ficou famosa em 1975, foi confirmada recentemente com o seqüenciamento do genoma do chimpanzé. Mas percebeu-se que este 1% (1,23% na verdade) se refere apenas a substituições de bases, ou seja, troca das moléculas que formam a seqüência do DNA. Trocar um A (adenosina) por um G (guanina), por exemplo. Mas os pesquisadores perceberam que estes 1,23% não levavam em conta trechos inteiros inseridos ou excluídos nos genomas. Levando isto em conta a porcentagem da diferença sobe para 3%. Analisando ainda as diferenças nos números de cópias de genes das duas espécies chegamos a 6,4% de diferença. E se considerarmos só os genes que estão funcionando em determinadas regiões de um tecido, por exemplo o cérebro, essa diferença de expressão pode chegar a 17%.

Na verdade é impossível calcular um número que defina a diferença absoluta entre qualquer espécie. Nas palavras de um pesquisador do consórcio para o seqüenciamento do chimpanzé: “No fim, nossas diferenças serão definidas no âmbito político, social e cultural”. E talvez seja nisso que os evolucionistas citados no inicio do texto possam apostar suas fichas. Não na porcentagem molecular, mas no incalculável e inegável reconhecimento de algo quase humano no olhar de um chimpanzé.

Referência:

  • Relative Differences: The Mith of the 1% – Science, 29 de Junho 2007
  • Híbrido animal-humano: o Frankenstein salvador de embriões humanos?


    Embrião híbrido humano-animal. Seria isto um tipo de Frankenstein? Na verdade é o mesmo principio usado na clonagem da ovelha Dolly. Se pega um óvulo, retira-se o núcleo e introduz-se um novo núcleo de uma outra célula adulta. Só que neste caso o óvulo é de um animal qualquer e o núcleo de uma célula de algum tecido humano já adulto, como pele, mama, ou qualquer outro.

    Este assunto entrou em pauta esta semana devido à aprovação do uso de embriões híbridos para pesquisa no Reino Unido.

    Está técnica vem para ajudar os cientistas a estudar células embrionárias e tocar suas pesquisas em doenças como Alzheimer e Parkinson. Assim, não seria necessário o uso de embriões humanos para tais pesquisas. A idéia é não sacrificar humanos concebidos naturalmente, mas criar estes híbridos e não ter mais que enfrentar os famosos problemas éticos envolvidos em pesquisas com células-tronco embrionárias. Mas lembre-se que o embrião gerado possui 99,9% de genes humanos. Seria ele então um embrião “humano”? Não teria ele também os mesmos direitos? Bem, a Igreja Católica já respondeu mais no sentido de enfatizar sua posição de que embriões são seres humanos, e, portanto, merecedores de respeito. Como publicado no site G1 “No final de junho, o Papa Bento XVI lembrou da posição da Igreja Católica sobre o tema, que estipula que ‘a investigação científica deve ser fomentada, mas não deve se desenvolver em detrimento dos outros seres humanos, cuja dignidade é intocável desde os primeiros momentos da existência'”.

    É, talves o híbrido não tenha vingado na arena da briga ética, mas é fato que traz vantagens técnicas para a pesquisa. Será que caímos no mesmo erro do Dr. Frankenstein, desumanizando nossa criação?

    Importante dizer também que a regulamentação só foi autorizada após vários meses de consulta com a população. 61% dos britânicos foram a favor da autorização, e 25% se opuseram. O quanto essas pessoas entenderam do processo e suas implicações é sempre difícil saber, mas pelo menos alguém perguntou.

    DVD da Disney parece dificultar desenvolvimento de bebês


    A Walt Disney company está em pé de guerra com uma faculdade dos EUA, por causa de uma pesquisa recente. Parece que a exibição de vídeos e DVDs para bebês, incluindo uma marca da Disney chamada “Baby Einstein”, pode estar ligada a dificuldades no desenvolvimento de linguagem.

    Este estudo foi publicado em agosto e concluiu que bebês com idade entre 8 e 16 meses que assistiram aos DVDs uma hora por dia pontuaram menos que outras crianças em um teste que avalia desenvolvimento comunicativo. Um dos pesquisadores chegou a dizer que prefere que os bebês assistam “American Idol” (a versão americada do programa “Ídolos”) no lugar dos vídeos. Claro que a Disney se defendeu pondo em dúvida a seriedade do estudo, dizendo que a metodologia é duvidosa, os dados anômalos e as medições não confiáveis. Num comentário publicado na Nature, foi citado o porquê da agitação.

    Esta pesquisa pisou num calo da Disney, que com essa linha de DVDs para bebês, pretende faturar U$ 1 bilhão de dólares até 2010. Mas mesmo a especialista em Desenvolvimento Infantil e Televisão convidada pela Disney para comentar a pesquisa não foi enfática na defesa da empresa. Disse apenas ter algumas discordâncias metodológicas, mas que algumas conclusões são válidas e motivam mais estudos no assunto.

    Com dinheiro e saúde não se brinca.

    Em notícia recente, foi divulgado que uma nova droga está funcionando muito bem para o tratamento de câncer, reduzindo em até 75% o tamanho dos tumores em apenas 3 semanas. O que mais chama atenção na noticia, porém, é o fato de que alguém está vendendo esta droga pela Internet. E se ela funciona, qual o problema de comercializá-la, não é mesmo? O problema é que ela ainda não foi testada em humanos!

    Não vou discutir a droga em questão na notícia, mas quem trabalha com pesquisa em câncer sabe que existem mil-e-uma substâncias e/ou técnicas que podem reduzir tumores nessa proporção. Mas isto em ratos. Mexer com gente complica um pouco as coisas. Ratos e humanos têm diferenças que não podem ser esquecidas. Primeiro que suas fisiologias não são idênticas, ou seja, o que funciona em um pode não funcionar no outro. Aliás, pode funcionar bem mal. Segundo que homens têm algo que os ratos não têm: advogados. Pessoas que em seu desespero compram um medicamento pela Internet sem a opinião de um médico podem ser as mesmas que processarão uma industria farmacêutica, caso seu antiinflamatório lhes cause um enfarte (caso que ocorreu com o Vioxx).

    Um medicamento, para chegar às farmácias, tem que passar por testes e mais testes. São os chamados testes clínicos. Inicialmente uma droga nova é testada em ratos, depois em macacos e aí então se parte para humanos. Começam os testes com no máximo 100 pessoas, não para ver se a droga funciona, mas para ver se a droga não tem nenhum efeito colateral. Acompanha-se de perto os pacientes por um bom tempo até se ter certeza que está tudo bem. Então se passa para mais 1000 pessoas. Ainda aqui o objetivo não é testar a eficiência da droga, mas sim a sua segurança. Após o acompanhamento destes pacientes é que se passa para a outra etapa com mais umas 10 mil pessoas, quando será avaliada a segurança e a eficácia da substância.

    Todo esse esforço, tempo e dinheiro se justificam, pois é a segurança dos doentes/consumidores que está em jogo. Além, é claro, da segurança financeira das industrias farmacêuticas. E todos sabem que com dinheiro e saúde não se brinca.
    notícia recente

    Economize tempo na internet

    Aqui vai só uma dica pra quem quiser economizar tempo na Internet. Todo dia você acessa todos os sites de notícia, blogs, email e busca, um por um? Existe um site que junta tudo isso num lugar só! www.netvibes.com. É uma ferramenta fantástica! Totalmente online (não precisa baixar nada) e totalemnte personalizável.

    Basicamente é uma pagina de Internet que pode ser editada para ter janelas que se atualizam automaticamente com as manchetes do seu jornal de escolha, por exemplo. Você pode ter uma janelinha do Google, outra da Folha de S. Paulo, outra do Estadão, uma de previsão do tempo e outra do seu blog favorito na mesma página da web, e atualizadas em tempo real. Tudo que você tem a fazer é conferir se o site que você quer incluir possui esse tipo de serviço. É só reparar neste simbolozinho aqui:
    (procure na maioria das págians por aí, você vai se surpreender em nunca ter dado bola para ele).

    O formato, criado em 1997, usa a tecnologia XML (Extensible Markup Language) para a publicação automática de conteúdo e links de um site em outros. Também permite o uso de programas conhecidos como leitores RSS ou agregadores, que reúnem o conteúdo de diversos sites em uma só interface.

    Os arquivos RSS (Really Simple Syndication) –também chamados de feeds– trazem o título e o primeiro parágrafo das notícias, além de um link “Leia mais”, que remete para o site de origem e permite ler o texto completo.

    Entre no site do netvibe e leia as instruções. Para adicionar este blog que vos fala no seu netvibe é só adicionar um feed com este endereço: http://rnam.blogspot.com/atom.xml

    Psicologia do Dinheiro


    É de conhecimento geral que o dinheiro mexe com as pessoas. O que não se sabia era o fato de que apenas pensar em dinheiro fosse algo tão poderoso a ponto de alterar as ações das pessoas.

    Isto foi comprovado recentemente em um estudo realizado com centenas de estudantes universitários que foram testados em diferentes experimentos. Todos estes experimentos foram realizados basicamente da mesma forma. As pessoas a serem testadas foram divididas em dois grupos, sendo que um deles tomou contado com palavras que indiretamente lembravam dinheiro, tais como “sucesso financeiro”ou “salário alto”, dentro de um jogo de palavras. O outro grupo jogou o mesmo jogo, mas sem palavras que se relacionavam a dinheiro. Após este jogo vários testes foram feitos, tais como observar o tempo que as pessoas testadas levavam para pedir ajuda para resolver um problema, ou mesmo o número de lápis que a pessoa recolhia quando alguém derrubava uma caixa cheia deles.

    Os resultados são claros: o grupo do dinheiro demorou o dobro do tempo para pedir ajuda; recolheu bem menos lápis caídos; ofereceu menos tempo de sua ajuda para outra pessoa; preferiu atividades solitárias, como uma aula individual de cozinha, a um jantar com mais quatro pessoas de sua escolha. O simples fato de ficar em uma sala com dinheiro de brinquedo ou um quadro com cédulas antigas já alterava os padrões de reação das pessoas testadas.

    E fica clara qual a tendência desta reação gerada pelo dinheiro. Tende à auto-suficiência de maneira individualista. Quando se trata de dinheiro, não se quer depender de ninguém e não se quer ter dependentes.

    É realmente incrível como uma palavra ou uma imagem podem ter efeitos tão diretos nas nossas tomadas de decisão. E nos resta ficar atentos aos publicitários e economistas e ao que eles podem fazer de posse desse conhecimento.

  • Outros Comentários:
  • Money and Me, Me, Me
  • Money is Material

  • Genoma do Homem de Neandertal. E daí?


    Dois artigos publicados recentemente nas revistas Nature e Science deram o pontapé inicial para o sequenciamento do genoma do Homem de Neandertal (Homo neandertalensis). Mas, e daí? Porque seqüenciar uma espécie extinta?

    Bom, para início de conversa, esses artigos são importantes pois desenvolveram técnicas de coleta, sequenciamento e análise de DNA muito antigo, e por isso mesmo muito degradados pelo tempo, coisa que até pouco tempo era impossível de se conceber.

    Mas o mais importante é que esses trabalhos possibilitaram algo muito importante para o conhecimento do homem: a comparação entre o Homo neandertalensis e nós, Homo sapiens.

    A espécie viva até hoje que mais se assemelha ao homem é o chimpanzé. E olhando assim para eles, nem parecem tanto assim com a gente. Mas sabe-se que só 1% do genoma dos chimpanzés é diferente do nosso. 1% que foi o suficiente para nos dar as características que nos separam desses macacos.
    O Homo neandertalensis foi a espécie mais próxima evolutivamente de nós, e por isso a mais parecida conosco que já existiu. Estima-se que nossos genomas se diferem em apenas 0,5%. Esses hominídeos tinham um corpo muito parecido com o nosso, só eram um pouco mais atarracados (mais baixos e troncudos), com alguns ossos do crânio mais salientes, um nariz bem largo e achatado e, o mais intrigante, um volume cerebral maior que o do homem moderno! Além disso eles desenvolveram habilidades únicas até então: inventaram ferramentas como a agulha, confeccionavam roupas de couro, tratavam esse couro, desenvolveram as pedras lascadas fabricando machados e martelos. Mas então, o que os tornava diferentes de nós? Algo que realmente só o Homo sapiens desenvolveu na face da Terra: abstração.

    Mesmo possuindo um cérebro maior e sendo capazes de fabricar ferramentas mais bem acabadas do que os sapiens, os neandertalensis nunca foram capazes de adornar suas machadinhas, pintar suas cavernas com figuras abstratas ou fazer rituais fúnebres religiosos. Acredita-se hoje em dia que o cérebro dos neandertalensis, apesar de grande, era compartimentalisado, ou seja, não integrava os pensamentos. Comparando os cérebros do neandertalensis e do sapiens, acredita-se que o cérebro do primeiro seria como uma caixa de ferramentas, enquanto que o do segundo seria um canivete suíço. Assim, a maior interação entre as diferentres partes do cérebro do homem atual seriam a explicação para a redução do volume (da caixa de ferramentas para o canivete) e também um dos fatores para a origem da abstração.

    Assim, descobrir as pequenas diferenças entre o genoma do neandertalensis e do sapiens, pode nos dar muito boas dicas de como ocorreu o primeiro estalo que nos fez abstrair, imaginar, e criar, ou seja, o que nos fez humanos.

  • Outros comentários
  • The Dawn of Stone Age Genomics
  • comentario nature
  • (Muitos destes artigos são de acesso restrito, principalmente Nature e Science. É uma pena que se restrinja acesso a esse tipo de informação. Surge assim mais uma justificativa para meios de divulgação cientifica como este blog.)

  • O roedor fiel.


    Muitos dizem que a monogamia não é vantajosa (principalmente para machos), porque se é possível copular com várias parceiras, as chances de se ter mais filhos é maior. E não há dúvida que o objetivo de todo ser vivo é procriar, pois não só Darwin diz isso, mas o próprio Deus recomendou: “Multiplicai-vos!”. E muitos homens têm usado este argumento para defender sua promiscuidade. Mas não vou me ater à questão da vantagem, ou adaptabilidade, da fidelidade, ou seja, ao “por quê” dela, mas sim ao “como”.

    Podemos definir monogamia como uma organização social, na qual cada indivíduo de um casal é mais seletivo e tem preferências com relação ao parceiro de cópula e convivência, com o qual divide o mesmo ninho e o cuidado com os filhotes. E veja que nessa definição não se exige exclusividade sexual total de parceiro. Sendo assim, veremos que apenas 3 a 5% dos mamíferos são monogâmicos.

    Um desses mamíferos monogâmicos que vêm sendo estudados é um roedor do gênero Microtus e acabou se tornando um modelo de roedor “fiel”. Com ele descobriu-se que a formação de casais pode ser influenciada molecularmente, através de substâncias liberadas no cérebro. Em machos isto é influenciado pelo hormônio vasopressina (também ligada ao comportamento típico de machos como agressividade, marcação de território e côrte) e em fêmeas pela oxitocina (ligada à amamentação e à relação com filhote). Os estudos feitos consistiam em injetar vasopressina e oxitocina no cérebro de machos e fêmeas, respectivamente, e reparou-se que isto acelerava a formação de casais. E ao injetar substâncias que anulam o efeito desses dois hormônios impedia o enlace. O interessante é que os cérebros de espécies de roedores muito parecidas mas que não são monogâmicas são muito menos sensíveis a essas substâncias, e isto porque os poligâmicos têm menos receptores de oxitocina ou vasopressina que os monogâmicos, isto em áreas do cérebro relacionadas à formação de casais (seriam essas substâncias o tão procurado elixir do amor?).

    Agora mais um dado curioso: não há dúvida de que a cópula gera prazer, e sabe-se que o prazer está ligado à dopamina. Mesmo o prazer de comer está ligado a esta substância, e esse sistema gera uma aprendizagem: o que nos dá prazer pode nos dar prazer de novo, então porque não ir atrás deste prazer novamente? É assim que aprendemos como ou onde saciar nossa fome, ou como e onde obter sexo. Assim, como sexo é recompensa, e é ela que nos faz aprender, quando a recompensa se relaciona com algum outro estímulo, um cheiro por exemplo, ocorre um tipo de aprendizado. Assim um Microtus, que é muito sensível ao olfato, ao copular relaciona este prazer (dopamina) ao cheiro do(a) companheiro(a), formando assim um casal que aprendeu a ter prazer mutuamente. É interessante observar que este sistema da dopamina é o mesmo usado por drogas como a cocaína para gerar dependência.

    Formado o casal, como mantê-lo? O que garante que um indivíduo do casal não descubra que também pode obter prazer “pulando a cerca”? Fácil, é só diminuir os receptores de dopamina que interagem com o estímulo do cheiro. E é isso que acontece nestes roedores: depois que o casal é formado diminuem os receptores que interagem prazer e cheiro, assim um novo cheiro não vai causar o mesmo efeito que o do parceiro, não deixando um novo casal se formar.

    Assim, resumindo, a formação de casais nesses roedores depende da interação entrsistema de reconpensa da dopamina e o sistema de reconhecimento social. E isso nos faz pensar: será o amor um vício, como a cocaína? Até que ponto o Microtus “escolhe” seu parceiro? E em humanos, como ocorre a seleção de parceiros?

    Uma coisa é certa: se Deus, o criador dos animais, por meio das moléculas disse “multiplicai-vos”, para algumas espécies Ele disse também, “multiplicai-vos, mas apenas com um(a) parceiro(a)!”

  • Artigo Nature Neuroscience
  • Reflexão sobre a origem e o futuro da monogamia em humanos