Solução do Cunha: abra uma igreja e salve um parque

"Quer um conselho? Abra uma igreja, Niéde."
“Quer um conselho? Abra uma igreja, Niéde.”

Eu sei que estou comparando alhos com bugalhos aqui, mas ver essas duas notícias na minha linha do tempo do facebook me fez vomitar um pouquinho para dentro. Sabe né, aquela azia que sobe pelo esôfago até a base da língua? Esse mesmo.

Primeira notícia: CUnha enfia mais um jabuti.

Podia ser uma excelente notícia se fosse mesmo um jabuti (animal) e fosse em outro lugar que não na MP 668, que versa sobre o aumento de impostos sobre produtos importados. Jabuti é o apelido que se dá a um item que não tem nada a ver com o tema da MP. Afinal, isenção de imposto para trabalhadores de igrejas não tem muito a ver com aumentar impostos de importação, certo?

Basicamente, se for aprovada, e vai ser, afinal já foi tudo conversado por lá, comissões e gastos de servidores de igrejas não pagarão impostos. Vai se abrir uma via imensa de sonegação, já que o pastor pode estar registrado com um salário mínimo mas ganhar 100 mil por mês em comissão limpinha.

Segunda notícia: o fim da Serra da Capivara.

O Brasil pode mudar a história da raça humana. Os estudos da Niéde Guidon no Parque da Serra da Capivara têm mostrado que o homem pode ter chegado aqui nas américas muito antes do que se acreditava. As pinturas rupestres nas cavernas são patrimônio da humanidade, o que obriga o Brasil a preservá-las. Mas com que dinheiro?
Em entrevista, Guidon fala que até o fim do ano o parque fecha por falta de verba. O aeroporto, que poderia trazer muitos turistas para aquela região e manter o parque, foi começado e nunca terminado.

“Eu acho que perdi realmente a minha confiança no Brasil, inclusive estou pensando que tenho que voltar para a França, porque aqui não deu certo. (…) E não tem nada a ver o fato de o Parque ser no Piauí, ele é nacional e é obrigação do governo federal, do qual sempre tivemos apoio, mas agora está em redução completa porque o Brasil está falido. ” – Niéde Guidon.

Não vá não, Niéde Guidon. Quem sabe se montarmos a Igreja da Serra da Capivara a coisa não se resolve?

Burocracia na pesquisa científica gerando empregos

Bureaucracy by ItsK
Bureaucracy by ItsK

A pesquisadora Lygia Pereira da Veiga desabafou bonito no facebook:

E querem saber? EU NÃO AGUENTO MAIS!!!! ANVISA, DEIXE EU FAZER MINHA PESQUISA!!!

Células-tronco congeladas em gelo seco, enviadas para uma colaboração com Harvard (eu disse HARVARD!!!) estão há 10 dias no aeroporto, paradas pela ANVISA, que só falta pedir um documento com o nome de solteira da mãe pra liberar o material. Pô, é muito difícil fazer um cadastro de pesquisadores e facilitar a entrada para eles?

É como ela disse: rola uma pressão absurda do governo e da sociedade para o Brasil melhorar a produção científica e inovação. Mas como fazer isso se quem está afim de fazer só toma porrada por falta de estrutura no país?

É isso mesmo Lygia, tem que rodar a baiana! Enquanto o projeto de lei do Romário para facilitar a importação de insumos pra pesquisa não sai, vamos ficar nesse limbo da ciência, fazer o quê?

Mas veja pelo lado positivo: uma das exigências da anvisa é essa:

“Obs: Orientamos ao preencher a declaração, evitar termos muito técnicos ou nomes de difícil entendimento para facilitar a compreensão.”

Opa, olha aí uma oportunidade para os pós-graduandos formados sem emprego: tradutor de termos técnicos científicos para burocratas aduaneiros!

Pois é, para fazer ciência no Brasil você tem que considerar que o copo está metade cheio.

Forçando bolsitas de pós-graduação a divulgar ciência em escolas

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Me ensine, pós-graduando!

Quer saber como um governo obriga os pós-graduandos com bolsas federais a virarem excelentes divulgadores de ciência? É só escrever isso aqui num projeto de lei:

O CONGRESSO NACIONAL decreta:
Art. 1º Esta Lei visa articular os programas federais de
concessão de bolsas de estudos para a educação superior com as redes
públicas de educação básica.
Art. 2º O estudante beneficiário de bolsa de estudos custeada
com recursos públicos federais fica obrigado a prestar serviços de
divulgação, formação e informação científicas e educacionais, de no
mínimo quatro horas semanais, em estabelecimentos públicos de educação
básica.
Art. 3º Caberá aos órgãos federais competentes, em conjunto
com as secretarias estaduais e municipais de educação, regulamentar e
definir as formas de participação dos bolsistas nas atividades das escolas.
Art. 4º Os bolsistas no exterior cumprirão o compromisso
quando do retorno ao Brasil, durante período igual ao de duração da bolsa.
Art. 5º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

PROJETO DE LEI DO SENADO, Nº 224 de 2012

Pronto! Problema da educação científica resolvido. PRÓXIMO!

Opa, é claro que não está resolvido coisa nenhuma. Vamos por partes.

Estágio em escola funciona?

Todo mundo que teve estágio obrigatório em escola para poder fazer a licenciatura sabe como é: uma bagunça. As escolas e os professores não estão minimamente preparados para receber os bolsistas, mesmo que os bem-intencionados. Ou o professor te larga com a molecada, ou só deixa você assistir. Poucos são os casos onde professores e escolas aproveitam essa mão de obra escrava.

Mão de obra escrava?

Sim, escrava. Bolsista de programa federal ganha no mestrado R$1.500 e no doutorado R$2.200. É mais do que muita gente ganha, você pode dizer, mas é muito menos do que o mercado paga por um profissional com esse tempo de estudo.

Um bom bolsista, com um trabalho sério, não tem vida nesse período, tanto pelo valor da bolsa ser baixo e deixar o bolsista especialista em harmonizações de miojo, quanto pelo tempo escasso. Muita leitura e trabalho de campo, ou pesquisa, ou laboratório, dependendo da área de atuação.

Claro que conheço bolsistas que só fazem um trabalhinho meia-boca no começo da pós e depois ficam coçando o saco ganhando bolsa até o fim do período. Mas são poucos e isso é problema do programa de pós e do orientador que permitem isso.

Por isso, 4 horas semanais parecem pouco, mas pra quem já não tem tempo é muito, e outra coisa mais importante, e que nunca é lembrada pelo governo nem para ajudar os professores, é o tempo de preparação de uma atividade em sala de aula, que eleva para o dobro o tempo gasto na semana.

Mas então o que fazer?

Claro que não sou contra os pós graduandos atuarem na divulgação científica. Na verdade o meu sonho é que todo cientista atue ou pelo menos saiba da importância de fazer divulgação. Mas fazer nas coxas é que não dá, né?

Na justificativa o projeto se vangloria porque “não cria órgão público e nem tampouco novo programa que possa demandar aumento de gastos públicos”. Num país em que falta muito investimento em educação, justificar uma mudança dizendo que é bom porque não vai mexer no orçamento e nem criar um orgão especializado pra organizar isso tudo, transforma esse projeto de lei numa piada. Só mais uma daquelas leis que não pegam.

Temos sim que gastar com divulgação científica, e temos sim que criar estruturas especializadas nisso. Como fazer exatamente eu não sei. Um caminho é fazer a divulgação valer realmente alguma coisa no currículo científico dos pesquisadores. Outra é ter um programa organizado e com objetivos bem definidos de como alunos de pós podem ajudar na divulgação científica nas escolas.

Temos que estimular novas vocações, e dar caminhos para os interessados a optarem por essa atividade, e não enfiar a divulgação guela abaixo de bolsistas, escolas e professores. Divulgar não é fácil nem trivial. É preciso treino e vocação. Um mau divulgador é pior do que nada, e pode fazer um grande estrago.

Eu gostava muito de psicologia. Quase prestei vestibular para psico ao invés de biologia. Passei a odiá-la quando tive aulas com uma péssima professora de Psicologia da Educação que não sabia nada de nada. Foi a neurociência que resgatou o meu respeito pela psico anos depois. Esse é o meu medo com quem não sabe ou não quer fazer divulgação mas vai fazer obrigado. Crianças odiando ciência sem antes entendê-la.

O blablablá dos políticos na abertura do Fórum Mundial de Ciência

Mesa de abertura do Fórum Mundia de Ciência. Crédito: ASCOM ABC

Aconteceu agora, em final de novembro no Rio de Janeiro, o Fórum Científico Mundial (World Science Forum- WSF). Eu dei uma passada por lá porque é um congresso diferente dos que eu já conheço. E eu conheço dois tipos: os científicos, bem focados em pesquisa básica, e os de mercado, como feiras de tecnologia ou de setores comerciais, como indústrias de couro e calçados.

Esse era de outro tipo: era de policy making. Quer dizer que é um evento político sobre ciência.

Vou falar mais sobre ele depois, mas vou começar pelo começo: a abertura.

O Brasil e a sua ciência maravilhosa

Sabe porque toda abertura de evento político é chata? Porque você sabe exatamente o que os políticos vão falar, e é sempre o mesmo clichê desenvolvimentista.

A Dilma estava na programação mas não apareceu; mandou o vice Michel Temer, que como sempre não decepcionou, não tropeçou em nenhuma palavra. Sempre me surpreendeu a facilidade com que ele discursa. Acho que nunca o vi errar ou engasgar. Pena ter falado besteira.

Ele estava contente por ter ouvido muito sobre as ciências sociais nas outras falas, sentimento que eu compartilho, já que muita gente ainda acha que ciência é só física e biologia, e não está nem aí para as ciências sociais. Mas aí ele falou de ciência JURÍDICA (que se for ciência é em outro contexto), e usou a palavra “social” só pra puxar o clichê do Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida. Ou seja, fica claro que ele não sabe o que é ciência, muito menos ciência social.

Ainda falaram o vice-governador do Rio, o Pezão, e o ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antônio Raupp. Ambos mostrando só o lado bonito da moeda científica brasileira. De como o Rio e o Brasil têm avançado e bla, bla, bla.

Bacana. Mas quer dizer que não temos nenhum problema na ciência nacional, como importação de material que demora 6 meses, falta de financiamento, falta de educação científica da população e falta de estímulo à inovação? E questões polêmicas, como a dos beagles dentro do uso de animais em experimentação, estão todas bem resolvidas, ou pelo menos bem discutidas?

Aliás é bom mencionar que a Dilma não apareceu na abertura e o ministro Raupp sumiu depois dela. Eu pelo menos não o vi nos outros dias do evento. Bom, pode ser que o Fórum não seja tão importante quanto eu imaginei.

Quem comprou essa?

Eu fico imaginando se os estrangeiros ali presentes realmente compraram essa ideia de que o Brasil é a nova fronteira científica mundial como faz parecer o discurso oficial.

É obrigação dos representantes do governo venderem a imagem do país dessa forma, como se ele fosse um carro usado? Isso é bom para nós?

Em um fórum sobre como a ciência pode ajudar o mundo, de forma prática, a resolver os maiores problemas que a humanidade já enfrentou, acho mais inteligente a fala realista de József Pálinkás, presidente da Academia Húngara de Ciências e do Fórum, que reconhece que a ciência criou soluções, mas também muitos problemas:

“A ciência foi e continua sendo o principal contribuinte para o desenvolvimento, mas precisamos ser sinceros: a ciência fez parte da construção do mundo que estamos tentando mudar. Agora, precisa reverter esse processo”.

Se a ciência, bem feita, já pode gerar problemas, imagine uma ciência sem planejamento, tocada a toque de caixa, e que tampa com uma peneira as suas próprias falhas.

 

Leia mais aqui:

Cobertura oficial do evento:

Resultados do Ato Público contra a nova distribuição dos royalties do petróleo.

Dias atrás comentei a realização de um Ato Público encabeçado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) contra o projeto de lei que prevê a redistribuição dos royalties do petróleo.

As críticas à Proposta de Lei Substitutiva 448 extrapolam a cobertura da mídia sobre o entrave entre os Estados e Municípios produtores e não produtores, baseando-se no fato de a nova proposta extinguir itens que tratam da destinação de percentagens específicas para Ciência, Tecnologia & Inovação previstos na legislação vigente.

Salão Nobre lotado para o início das discussões. Ato Público realizado em São Paulo no dia 7 de Novembro de 2011. (Imagem: arquivo pessoal)

O evento terminou com a decisão das entidades organizarem um movimento para solicitar aos deputados da Câmara Federal mudanças no PLS 448 que destinem por lei percentuais para as áreas supracitadas. Um resumo do Ato foi publicado pela SBPC em “Já a partir de 2012, os fundos setoriais perderão quase metade do valor atual“.

O ScienceBlogs Brasil manifestou seu apoio à questão pela publicação do artigo “Royalties do Petróleo: Educação, Ciência, Tecnologia & Inovação e o PLS 448” no blog Raio-X. O texto contém explicações sobre o tema e foi elaborado para que todos tenham mais conhecimento sobre o assunto.

Acessem!

Royalties do Petróleo: Educação, Ciência, Tecnologia & Inovação e o PLS 448

 

Direitos dos animais: permitindo o diálogo saudável

Transcrevo aqui o comentário do leitor José Gustavo Vieira Adler em nosso post sobre o debate de direito animal.

Achei interessante o seu ponto conciliador, mostrando a importância da pesquisa – inclusive para o embasamento dos ativistas pelos direitos animais -, mas também mostrando que não devemos nos acomodar com as práticas atuais, afinal temos o poder de continuar mudando técnicas e conceitos.

Mas antes… BÔNUS: Aqui está o link para o Conselho de Cuidado Animal do Canadá (CCAC), que são as diretrizes seguidas pelo conselho de ética animal do Instituto de Biociências da USP. Ou seja, é o que a USP segue no que se refere a bem-estar dos animais em experimentos, nos seus míííííííínimos detalhes. Vale a pena dar uma olhada (em inglês).

O comentário foi transcrito com mínima intervenção minha; o original está aqui.

(…)
Quanto aos experimentos, dizer que se tem que acabar com os

experimentos é realmente difícil uma vez que nossa crença, nossos
conhecimentos e nossa cultura é baseado no metodo de pensar ciência e
como tal é impossível no estagio que estamos abdicar por completo do
uso de animais em experimentos. Mas usar isto como travas, correntes e
poltronas cômodas do costume é um equívoco, uma aberração contra a
nossa própria natureza, que é o avanço cultural.
Muito já se mudou, sendo que
hoje a pesquisa não depende de experimentação animal como dependia
em anos atrás, devido em grande parte graças ao movimento
ativista (que engraçado ter surgido por conta da visão mecaniscista dos
animais que eram vistos quase como máquinas e portanto não os
consideravam seres dotados de sentimentos e conhecimentos). O
diálogo só surgiu porque surgiu a emergência dos valores
intrínsecos aos demais animais, graças a luta pelos “direitos
animais”, e se faz necessário a continua luta e diálogo para forçar
financiamento para que mais e mais sejam desenvolvidas novas técnicas,
métodos e pensamentos voltados para a contínua retirada dos animais
dos laboratórios.

Agora, essas brigas de ego (macaco-alfa) de muitos que defendem os
direitos dos animais com ciêntistas que tem plena consciência da
problemática, a demonização dos que praticam a, realmente, enfadonha
tarefa de utilizar os animais em experimentos é um erro de julgamento,
um disturbio da idealização. Fazendo um paralelo com um argumento
muito usado pelos que lutam a favor dos valores dos outros animais,
vemos a escravidão do periodo colonial como uma ação demoníaca
dos donos de escravo, mas na verdade em muitos casos os donos de
escravo julgavam-se tratar da melhor forma possível seus escravos,
criavam empatia e um certo estreitamento. Quando esses escravos atacavam
ou matavam alguns de seus donos e fugiam pros quilombos eram julgados
como animais sem alma, selvagens, assim como um elefante mata seu
treinador ou uma orca afoga sua treinadora. Os julgamos como animais
selvagens, indomáveis. Os julgamentos e crenças são frutos do
contexto de cada época e cultura – condenar a caricaturas malevólas os
escravocratas é um desvio da valoração idealista. Os escravocratas
em grande parte acreditava que os negros eram realmente animais, ou que
seus sentimentos não valiam por não terem a consciência que seus
donos tinham a respeito da moral e costumes. Foram precisos muitos anos
de luta e uma mudança de interesses comerciais e econômicos para que
houvesse uma mudança no modo de julgar os negros, de enxergar os
negros, para depois entender que os negros são tão brancos quanto
nós e nós somos tão negros quanto eles, que somos todos humanos, da
mesma espécie, da mesma raça.

Para mudar o contexto socio-cultural que estamos imersos é preciso de
tempo, de muito diálogo, confronto de idéias, aquisição de
conhecimentos novos, aberturas de perspectivas, e PRINCIPALMENTE uma
mudança e um avanço no enfoque, nas ferramentas que temos para obter
nossos conhecimentos, criando alternativas viáveis e interesses
morais, éticos e economicos diferentes quanto a utilização de
animais, da coisificação de outras espécies.

Tratar os cientístas como demônios, assim como muitos humanistas,
esquerdistas tratavam os escravocratas como demônios é um erro de
julgamento, quando o que tem que ser combatido é a ação. O que tem que se
fazer é forçar cada vez mais a necessidade de se utilizar de outras
ações que dispensem o uso de outras espécies. Mesmo porque, ironia
do destino, a valoração dos animais ganhou visibilidade cética
graças a muitos experimentos com animais em cativeiro,
experimentações que chegavam até a ser invasivo.

Ou seja, é verdade que os que lutaram pelos direitos animais
empurraram a necessidade por uma abordagem dos valores dos outros
animais, também é verdade que que as pesquisas crescentes na
cognição e na sua evolução deram conteúdo, embasamento, para
tornar a visão de valores animais encorporada no contexto da Cíencia
,
tornar o assunto tema de respaldo e de valor cientifico. Os dois lados
caminharam em convergência para alcançar o grau de entendimento e
questionamento que chegamos atualmente. Muitos dos ativistas usarão o
discurso de que a inteligência animal era óbvia e clara, e que não
precisava de experimentos para atestar o que se podia averiguar
bastando conviver com os animais em seus habitats. Mas sem o respaldo
da Ciência, dos seus métodos e critérios, a idéia de inteligência
nas demais espécies estaria fadada a um saber local, ilhado,
desconectado dos processos do saber do homem contemporâneo. Estaria
reclusa na crença popular, em valores de povos regionais, não teria o
alcance e nem o corpo investigativo e criterioso em que uma metodologia
experimental de uma investigação científica dá à crença.

Ainda somos dependentes dos animais para nosso avanço como ser
cultural, mas não podemos tornar essa dependência como uma
naturalidade, como uma situação imutável.

Evolução da consciência e direito animal – o debate

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Primata admirando seu reflexo

Aconteceu em São Paulo, na Livraria Cultura, dia 3 de maio de 2010, a palestra “Evolução da consciência e direito animal”. Consciência por si só já é o assunto mais espinhoso e difícil de debater, afinal sobram, e por isso mesmo faltam, definições só pra poder começar a conversa. E misturar a isto “direito animal”, é a mesma coisa que juntar nitroglicerina e um moleque do interior em época de festa junina. “Será que explode?!”
Organizada pelo escritório de advocacia do advogado Rubens Naves [adendo -difícil chamar advogado de doutor. Para mim doutor é quem tem doutorado, mas parece que D. Pedro Segundo estipulou o tal título para bacharéis em direito e eles adoram jogar isto na nossa cara], teve a presença ilustre de Cesar Ades, psicólogo que trabalha com etologia ou comportamento animal e o cientista mais gente boa dos trópicos; Sidarta Ribeiro, famoso neurocientista que foi o braço direito do mais famoso Nicolelis; eu (Zé ninguém) e mais uma porção de pessoas interessantes, alguns amigos e outros nem tanto; e um grupo organizado de um instituto de proteção dos animais.
(veja o prospecto com mais sobre os participantes aqui)
Tudo começou com uma explicação de porque raios um “adEvogado” tem que se meter em assuntos de animais. Naves já avisou que o escritório tem atuado em algumas causas relativas a direitos animais, e citou outros casos emblemáticos como a farra do boi no Paraná e problemas de saúde pública, as sempre presentes zoonoses. Ou seja, o direito tem q estar atento ao assunto sim.
Chegou a hora do bom velhinho falar, Cesar Ades. Como sempre cativou todo mundo com seu jeito moleque e deslumbrado perante a natureza e o comportamento animal. Lembrou que os animais sempre nos acompanharam durante nossa evolução, e que a própria definição do que é ser humano vem mudando conforme vai se entendendo mais o animal. E ele deu aqui vários exemplos de o quanto animais podem se sobressair em relação a nós, com chimpanzés mais rápidos que estudantes universitários [nenhuma novidade aqui], e até corvos resolvendo problemas que uma criança de 5 anos não resolveria [confesso que mesmo este blogueiro não teria resolvido a parada].
Veio então Sidarta tentar buscar as diferenças entre animais humanos e não-humanos. Tamanho de cérebro? Não, golfinhos e baleias tem cérebros maiores e passarinhos com cérebros minúsculos fazem coisas incríveis.
Comunicação? Não também. Animais conversam entre sim das mais diversas e sofisticadas formas.
Capacidade de entender símbolos? Hum…não. Macacos e pássaros podem entender símbolos se forem acostumados a tal.
Então por que “coisificamos”, ou utilizamos os animais como coisas? Bom, isso foi vantajoso pois foi o que nos trouxe até aqui: evoluimos puxados à charrete e comendo um bom bife. E além do mais fazemos a mesma coisificação com os próprios homens, como em Auschwitz. Sidarta conclui que não estaríamos aqui sem nos utilizar de animais (e homens), e que o problema do direito animal toca também o direito humano.
Começa o quebra-pau
Foi então que esquentou. As perguntas começaram inocentes, mas o grupo de proteção animal ficou com uma comichão na cadeira, se remexendo e falando alto. Deu pra perceber o nervosismo antes mesmo de eu entender que aquele grupo estava junto e sob a mesma causa.
Algumas coisas desse grupo me irritaram:
Acusaram o Sidarta de ter usado de ironia na apresentação para sacanear os defensores de animais que ele supostamente sabia que estariam lá. – Não procede. Não houve cinismo e acho que esse pessoal foi com pedras na mão. A atitude deixou isso mais claro.
Não argumentaram, só atacaram. Um dos adEvogados do grupo de defensores usou o brilhante e inédito argumento “e se fosse você sendo torturado para pesquisa em lugar do rato”, o que eu acho bem infantil para um doutor em direito.
Aí a coisa descambou. O Sidarta disse que fato é que mata animais profissionalmente, apesar de não gostar disso e compensar o fato dando um fim maior ao que faz, e enfatizando que a sociedade como um todo, democraticamente, lhe deu este direito.
Perguntou até quem mais matava animais profissionalmente e eu tive que levantar a mão, né (veja aqui o porquê).
[Se bem que se pensarmos bem, profissão é o que se faz por necessidade, se comemos por necessidade, todo mundo que come algum animal está matando profissionalmente, mas esse não foi o ponto levantado]
Na saída da palestra o grupo, que descobri ser do Instituto Nina Rosa, distribuiu CDs com um documentário sobre experimentação animal, que eu prometo assistir e contar pra você.
E é isso, meu amigo. Peço mais serenidade neste tipo de debate.
E para não pensarem que sou tendencioso, afinal eu uso animais no laboratório, veja aqui um relato do debate de uma advogada (o único comentários que achei sobre o debate até agora, inclusive olhando no site do Instituto Nina Rosa).

Cuidado com a prática ortomolecular e biomolecular

ORTOMOLecular.jpgO Conselho Federal de Medicina falou, tá falado. Algumas práticas ortomoleculares e biomoleculares não podem ser realizadas por não terem comprovações científicas. – Aliás, quem inventou esses nomes? Parece até essas coisas pseudocientíficas bioquânticas

Agora reposição de nutrientes que estejam faltando, como vitaminas, ou tirar outras substâncias nocivas, como metais pesados e pesticidas, só podem ser feitas nos parâmetros internacionais e se forem medidas e comprovadas a falta ou excesso de substância.

E para essa medição não vale o famoso teste do cabelo, que todo ortomolecular pede. Este só funciona em caso de intoxicação ou contaminação por metais tóxicos. Fora isso não funciona e está proibido de ser usado.

Alguns trechos interessantes da resolução (leia aqui na íntegra):

  • Art. 8º A remoção de minerais, quando em excesso, ou de minerais tóxicos, agrotóxicos, pesticidas ou aditivos alimentares se fará de acordo com os seguintes princípios:
  • I) O excesso de cada substância tóxica deverá ser considerado isoladamente;
  • II) Existência, na literatura médica, de fundamentação bioquímica e fisiológica sobre o efeito deletério do excesso da substância tóxica considerada, bem como de dados que comprovem a possibilidade de correção efetiva por meio da remoção proposta;
  • III) Além da melhoria dos parâmetros laboratoriais, deverá haver comprovação científica de utilidade clínica;
  • IV) O valor terapêutico da remoção de determinada substância tóxica deverá ser avaliado para cada tipo de distúrbio.
  • Art. 9º São destituídos de comprovação científica suficiente quanto ao benefício para o ser humano sadio ou doente, e por essa razão têm vedados o uso e divulgação no exercício da Medicina, os seguintes procedimentos da prática ortomolecular e biomolecular, diagnósticos ou terapêuticos, que empregam:
  • I) Para a prevenção primária e secundária, doses de vitaminas, proteínas, sais minerais e lipídios que não respeitem os limites de segurança (megadoses), de acordo com as normas nacionais e internacionais e os critérios adotados no art. 5º;
  • II) EDTA (ácido etilenodiaminotetracético) para remoção de metais tóxicos fora do contexto das intoxicações agudas e crônicas;
  • III) O EDTA e a procaína como terapia antienvelhecimento, anticâncer, antiarteriosclerose ou voltadas para patologias crônicas degenerativas;
  • IV) Análise do tecido capilar fora do contexto do diagnóstico de contaminação e/ou intoxicação por metais tóxicos;
  • V) Antioxidantes para melhorar o prognóstico de pacientes com doenças agudas, observadas as situações expressas no art. 5º;
  • VI) Antioxidantes que interfiram no mecanismo de ação da quimioterapia e da radioterapia no tratamento de pacientes com câncer;
  • VII) Quaisquer terapias antienvelhecimento, anticâncer, antiarteriosclerose ou voltadas para doenças crônicas degenerativas, exceto nas situações de deficiências diagnosticadas cuja reposição mostra evidências de benefícios cientificamente comprovados.

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Chiques, famosas e “ortomoleculadas”

Várias destas práticas, agora proibidas, vem sendo feitas e divulgadas a muito tempo. Como acontece com Giovanna Antonelli, uma das estrelas da Novela das Oito “Viver a Vida” (por ser uma entidade, “Novela das Oito” deve ser escrita em maiúsculas, por respeito a sua divindade) . É o que diz sua terapeuta numa reportagem de dietas dos Famosos (também com F maiúsculo por se tratar de divindade): “Giovanna Antonelli chegou ao consultório querendo emagrecer. Uma das providências foi prescrever doses extras de minerais que baixassem sua vontade louca de comer doce na fase pré-menstrual”. Hum… mas sem medir nada pra ver se tava faltando mesmo? 

samara_felippo.jpgO fato é que resolve mesmo. Pelo menos pra emagrecer. Afinal a Global (G maiúsculo) chega no consultório querendo perder 8kg pra ser a próxima capa da Playboy e a terapia molecular, com todo seu conhecimento, receita o que? Ouça nas palavras de Samara Fellipo: “Não precisei passar fome e sequei 8 quilos em dois meses, reduzindo carboidrato e cortando doce e fritura”. Isso não é terapia ortomolecular Samara, é COMER DIREITO, DIETA, e todo mundo sabe como funciona!

Quem tiver dados REAIS de reposição de nutrientes usadas nessas terapias, pode me mandar.

Não apela, Folha

Agora, esta notícia da Folha resumindo a resolução está muito ruim e errada.

Diz que a resolução confirma a ausência de comprovação científica da prática, o que não é verdade. Ela regulamenta, ou seja, algumas práticas estão autorizadas e outras não. E afirmar “Entre os prejuízos estão o aumento do risco de câncer”, é senssacionalismo, já que não é exatamente isto que a resolução fala, como você pôde ler acima.

E outra, a Folha definiu as práticas ortomoleculares e biomoleculares com o que estava escrito na resolução. Custava dar um “google” pra aprofundar pelo menos um palmo?

Um argumento a menos para os “defensores dos animais”: Brasil regulamenta o uso de cobaias.

Demorou 13 (sim, TREZE) anos para sair (ou entrar, depende do referencial) do papel, mas o Ministério de Ciência e Tecnologia finalmente regulamentou a Lei Arouca, que trata do uso de animais para Ensino e Pesquisa no Brasil.

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Os verdadeiros Heróis da Ciência


Quem tiver interesse em conhecer tudo à respeito dessa nova Lei, pode acessar o Portal do Ministério da Ciência e Tecnologia, que contém toda a informação necessária.
Agora os defensores de animais precisarão rever parte de seu discurso, já que a idéia de “uso indiscriminado e assassino”, em teoria, não se aplicará mais. Como o Lula adora dizer, “nunca antes na história desse país” houve qualquer tipo de controle oficial sobre a utilização de animais, mas agora isso faz parte do passado.
Formação do Concea
A lei nº 11.794 de 8 de outubro de 2008 havia sido sancionada em Outubro de 2008, e foi publicada no Diário Oficial da União do último dia 15 de julho (Decreto nº 6.899). Também ficou estabelecida a criação do Concea (Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal), que será presidido pelo ministro da Ciência e Tecnologia.
O Concea será formado por 14 integrantes, e incluindo dois membros de sociedades protetoras de animais legalmente criadas no país. No conselho também estarão representados órgãos públicos e associações científicas, como a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) e a ABC (Academia Brasileira de Ciências).
Todas as instituições que criam ou utilizam animais para fins científicos ou didáticos também deverão se adequar. Será considerado ilegal quem não criar ou se associar a uma comissão de ética em até 90 dias. Vale lembrar, no entanto, que todas as instituições de pesquisa e ensino sérias do Brasil já possuem seus comitês de ética há vários anos, de modo que o controle sempre foi exercido internamente (todos os projetos que envolviam experimentação animal de que eu participei até hoje foram avaliados e aprovados pelo comitê de ética da universidade em que trabalho.
Hoje, no Cobea (Comitê Brasileiro de Experimentação Animal), já existem 150 comissões de ética cadastradas. “A maioria das universidades federais e estaduais, assim como as particulares e as diversas instituições [públicas] de pesquisa e laboratórios particulares já tem sua comissão ou está criando”, afirmou Marcel Frajblat, pesquisador da Universidade do Vale do Itajaí (SC) e presidente do Cobea (Colégio Brasileiro de Experimentação Animal), em entrevista à Folha de São Paulo.
O Estado chega atrasado mais uma vez
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Sociedade Brasileira de Ciência em Animais de Laboratório


Apesar de a Lei Arouca ser de extrema importância, vale ressaltar que já havia uma noção consciente sobre o manejo dos animais usados em experimentação animal, sendo necessário dar destaque à atuação da Sociedade Brasileira de Ciência em Animais de Laboratório, a SBCAL, e dos Comitês de Ética em Pesquisa que já haviam sido formados muito antes de qualquer ação governamental, dada a importância desse controle.
* Em breve, teremos aqui no |RNAm| um parecer jurídico sobre o conteúdo da Lei Arouca, fiquem atentos!

A fraqueza da ciência

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Cena do seriado CSI: investigação dos resultados científicos.

A má fé existe também no mundo científico. Nada de novo nesta afirmação, afinal todos sabemos que as pessoas têm o toque de rei Midas às avessas: sempre estragando no que elas põem a mão.

“Quase nove por cento dos 2.012 cientistas de 605 instituições
pesquisadas pelo Escritório de Integridade Científica (ORI, na sigla em
inglês), uma agência de monitoramento de pesquisas científicas nos EUA,
disseram ter testemunhado algum tipo de fraude ou conduta inadequada
nos últimos três anos. A agência estima que todo ano ocorram três
incidentes de fraude para cada 100 pesquisadores.”  – Saswato R. Das

Sim, a ciência pode errar. Mas fique claro que ela erra na sua prática, não na sua teoria. Afinal, sendo a ciência apenas um conjunto de métodos que busca sempre o que for estatisticamente relevante, não tem muito como estar errada nesta teoria.

Mas pra quem não sabe como isto funciona na prática da ciência vou dar um exemplo recente. Semanas atrás os autores de um artigo publicado na Nature em 2000 pediram retratação do artigo. Traduzindo: “Sabe aquele trabalho que a gente fez em 2000? Esquece. Finge que não aconteceu”.

A Fraude

O trabalho liderado pelo sulcoreano Hyun Chul Lee consistia em um tratamento para a diabetes tipo 1, doença em que o sistema imune do corpo acaba destruindo as células produtoras de insulina. O tratamento seria feito pela introdução de um gene da insulina, usando um vírus (terapia gênica), em algumas células que passariam a produzir a insulina. Isto tudo em ratos e camundongos, mas com grandes esperanças de funcionar em humanos.

Muito interessante, com resultados claros de melhora, mas ninguém mais conseguiu repetir o resultado. Nem mesmo os próprios autores, que pressionados, pediram a retratação do artigo. Praticamente um atestado de fraude.

A faculdade sulcoreana Yonsei, responsável pelo laboratório, abriu investigação e acabou pedindo a retratação, já que constatou duplicação de figuras e não encontrou o gene usado no trabalho. Foram analisados cadernos de anotações e teses relacionadas ao trabalho. E é aqui que aparece a maior fraqueza da pesquisa científica: maquiagem de dados.

Afinal, se toda pesquisa é inédita e ninguém sabe o resultado que terá, se um pesquisador traquinas inventar um resultado, editar uma figura, mudar uma tabela, como saberemos que se trata de farsa?

Mais casos de fraude:

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O mais famoso foi o da fusão a frio: Em 1989 dois físicos químicos anunciam o sonho da humanidade, a fusão a frio, que seria um modo de fazer energia quase ilimitada e limpa. Provou-se manipulação de dados entre outras imposturas científicas.

Células-tronco humanas clonadas: o caso do sulcoreano Woo Suk Hwang ficou famoso a alguns anos por estar na moda. Alegou ter clonado células-tronco humanas, coisa que se tentava fazer a algum tempo já. Provou-se que além de maquiar dados ele ainda usou óvulos humanos doados por membros de seu grupo de pesquisa. Isso incorre em problemas éticos, pois não há como saber se a orientada do professor não foi forçada a doar os óvulos.

Onde surge a verdade

Mas aqui, na fraqueza, surge também a força da ciência. Porque se um resultado aparece isolado e não pode ser reproduzido, este é o fim da linha para ele. Pode até render uma publicação na Nature, mas nunca vai se tornar um tratamento, uma tecnologia, ou algo a ser utilizado e lembrado realmente.

Existe este auto-controle científico, o que não justifica o aparecimento de fraudes. Afinal grande parte das pesquisas é feita com dinheiro público. No caso das fraudes das células-tronco e da fusão a frio, milhões foram investidos. Claro que uma minoria das pesquisas, mesmo as bem feitas, realmente dá um resultado positivo e relevante, afinal é como dizem, em pesquisa 90% do tempo é para 10% dos resultados. Agora, perder dinheiro com pesquisas falsas e enviesadas para a glória de um país ou pesquisador é algo inaceitável.


Como controlar?

Alguns controles são feitos. Algumas publicações, como Science e principalmente o The Journal of Cell Biology passam as imagens que recebem dos autores para publicação por uma análise, como exemplificada nesta imagem abaixo do trabalho de Hwang.

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Legenda da imagem: Acima está a imagem original enviada e publicada, que representaria diferentes culturas de células. Abaixo um pequeno ajuste no photoshop revela qua as duas imagens do meio são iguais e foram repetidas.

A Nature usa o método de amostragem, escolhendo um trabalho por edição para o pente fino. Os críticos deste método preferem chamá-lo de roleta russa.

A mesma Science ficou traumatizada com o caso Huang e após deliberações adotou uma rotina de dar atenção maior a trabalhos “arriscados”. Seria uma classificação pelo nível de impacto popular de cada trabalho, presença de resultados contra-intuitivos ou inesperados, ou que tocam questões políticas controversas. Estes seriam os que passariam por um escrutínio maior.

Ideal seria devassar ao máximo todos os trabalhos, mas parece ser algo impraticável.

Quanto mais travas de segurança houver, desde que não atravanquem o pesquisador com burocracia, melhor investido será o nosso dinheiro.

Quanto à construção do conhecimento científico podemos ficar tranqüilos, os charlatões sempre terão seus castelos de carta derrubados pelos tijolos dos fatos, cedo ou tarde.