The biology book is on the table: biólogos virando professores de inglês

A física do “the book is on the table”

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Minha mulher voltou a fazer aulas de inglês para desenferrujar, e as aulas são num sistema particular em que você marca quando pode e a empresa indica um professor para este horário. Assim cada dia você pode ter aula com um professor diferente. No primeiro dia ela volta e diz que o professor dela era da Inglaterra e fez biologia por lá. Legal. No segundo dia de aula ela volta e diz que a aula foi boa, a professora era simpática e, surpresa, é BIÓLOGA também!

Ah, espera um pouco! Como biólogo eu fiquei espantado. Isso é acaso ou os biólogos não estão achando mercado mesmo? Fiquei preocupado, pois dos meus colegas a grande maioria está na área acadêmica, fazendo mestrado e doutorado (e pós-doutorado, pra me lembrar como estou ficando velho), ou dando aulas nos mais diversos níveis, ensino fundamental, médio, superior, particulares ou públicas e até mesmo na indústria.

Não estou desmerecendo quem dá aula  de inglês, e sei que emprego não tá fácil, mas quem faz biologia não sonha em se formar para dar aula de línguas, concorda?

Pode ser que o problema não seja só o mercado, mas sim o erro ao escolher a profissão. Sempre achei muito temeroso forçar as pessoas a decidir suas carreiras aos 17 anos. Na minha utopia seria assim: todo aluno formado no ensino médio teria que fazer 2 anos de um curso profissionalizante, com estágio e tudo. Só depois disso eles teriam autorização para prestar um vestibular. Isso ajudaria a definir com mais segurança quem quer seguir a carreira acadêmica e quem quer já entrar no mercado.

Sei também que existem os períodos de dúvida e transição em que a gente fica desempregado, sem bolsa, ou cansado dessa vida de professor ou pósgraduação, mas uma opção que muitos amigos próximos tem feito é de dar aulas particulares ou oferecer cursos. E dá para arrumar uma aula de biologia, mas o que o pessoal realmente precisa é química, física e matemática, que os biólogos tiram de letra também, certo? [diga que sim, não me envergonhe agora, ok?]. Então anuncie seu curso, ou escolha um curso pra melhorar seu currículo. Aqui vai uma dica: Cursos gratuitos

Um professor rio abaixo

Este Blog Action Day sobre a água caiu bem no dia do professor. E eu com essa mania pragmática e direta de resumir tudo e fazer duas coisas ao mesmo tempo não me contive e pensei no que uma coisa podia se ligar a outra, e acabei me lembrando da experiência mais fantástica da minha vida. Uma experiência didática sobre a água (não que eu tenha caminhado sobre ela) que mudou mesmo minha vida pra sempre.

Foi durante a graduação em biologia, quando tínhamos aulas de prática de ensino que consistiam em aulas teóricas por um semestre e no outro aulas reais na rede pública de Rio Claro, interior paulista.

A enrascada começa no ensino fundamental, no qual o conteúdo não respeita a minha tacanha formação biológica e eu podia pegar aula de matemática, português, ciências sociais e, com muita sorte, ciências, que ainda sim engloba TODAS as ciências básicas. [adendo – interessante que a única aula que eu não corria o risco de pegar era a de educação física. Essa mania de separar essa aula das outras é uma coisa que sempre me incomodou, mas deixo esta saga para os educadores físicos.]

Sorteada a sala de aula, fico com uma quinta série em aulas de geografia. O tema é rios e relevo.

Hum… e agora? Foi importante ter uma biblioteca didática na faculdade, não cheia de livros, mas com material como mapas, globos e maquetes. E foram essas coisas que me deram o insight. Peguei emprestado e fui pra aula com um mapa do estado de São Paulo, um globo terrestre e uma maquete do relevo do rio Tietê.

Chegando lá, mapa na parede, aponto o rio e pergunto “Pra onde o rio aqui corre?”
“Dâââ fessor, de cima pra baixo até o mar, né! (professor besta)” disseram e pensaram os alunos.
Etapa 1 concluída
rio tietê.jpg

http://blogactionday.change.org/Eita rio danado que corre pra cima!


Agora a etapa 2 foi a maquete. Ela mostrava um corte do rio e revelava o perfil do relevo do Tietê. E eita rio danado que, ao contrário de quase todos os outros, nasce no mar e corre para o meio do continente ao contrário de todos os outros.

Ok, na verdade não nasce no mar, mas na Serra do Mar, e vem descendo até encontrar o rio Paraná.
Passei para a próxima etapa: colocar o mapa sobre a mesa com a maquete do relevo em cima. E veio a pergunta novamente: “pra onde corre o rio Tietê?”. Hum, agora na horizontal é tudo diferente. Mas então o rio pode correr pra cima? Onde é “cima”?

Foi aí que entrou o globo e a mágica aconteceu: não existe “cima” ou “baixo” num mapa; um rio pode correr para cima; pensava uma coisa e agora entendi outra; e outras idéias que eu nem posso imaginar.

Posso dizer que essa foi uma das maiores emoções que já tive na vida, e é esse brilho no olhar da molecada tendo seus insights, quase que em transe, que me acompanha e me impulsionou a inaugurar este blog. Não sou um professor com P maiúsculo, esse é meu hobby. Mas quem sabe meu rio não me leva a ser um professor profissional?

Change.org|Start Petition

Bate papo sobre as preocupações e os anseios de um educador e de um cientista.

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As preocupações e os anseios de um educador e um cientista com relação à educação, o papel das Universidades e o acesso da população aos meios científicos. 

Aqui, um dos blogueiros do RNAm conversa com um grande amigo apelidado Sangue, professor do Estado há alguns anos, sobre a educação, o método científico e tudo mais.

Esta conversa não foi planejada, simplesmente surgiu pelo msn, e foi transcrita praticamente sem alterações. Por isso desculpem a informalidade e elogiem a franqueza.

E, claro, nos digam o que acham de tudo isto.

Leiam a conversa clicando abaixo:

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