O Conselho Federal de Medicina falou, tá falado. Algumas práticas ortomoleculares e biomoleculares não podem ser realizadas por não terem comprovações científicas. – Aliás, quem inventou esses nomes? Parece até essas coisas pseudocientíficas bioquânticas
Agora reposição de nutrientes que estejam faltando, como vitaminas, ou tirar outras substâncias nocivas, como metais pesados e pesticidas, só podem ser feitas nos parâmetros internacionais e se forem medidas e comprovadas a falta ou excesso de substância.
E para essa medição não vale o famoso teste do cabelo, que todo ortomolecular pede. Este só funciona em caso de intoxicação ou contaminação por metais tóxicos. Fora isso não funciona e está proibido de ser usado.
Alguns trechos interessantes da resolução (leia aqui na íntegra):
- Art. 8º A remoção de minerais, quando em excesso, ou de minerais tóxicos, agrotóxicos, pesticidas ou aditivos alimentares se fará de acordo com os seguintes princípios:
- I) O excesso de cada substância tóxica deverá ser considerado isoladamente;
- II) Existência, na literatura médica, de fundamentação bioquímica e fisiológica sobre o efeito deletério do excesso da substância tóxica considerada, bem como de dados que comprovem a possibilidade de correção efetiva por meio da remoção proposta;
- III) Além da melhoria dos parâmetros laboratoriais, deverá haver comprovação científica de utilidade clínica;
- IV) O valor terapêutico da remoção de determinada substância tóxica deverá ser avaliado para cada tipo de distúrbio.
- Art. 9º São destituídos de comprovação científica suficiente quanto ao benefício para o ser humano sadio ou doente, e por essa razão têm vedados o uso e divulgação no exercício da Medicina, os seguintes procedimentos da prática ortomolecular e biomolecular, diagnósticos ou terapêuticos, que empregam:
- I) Para a prevenção primária e secundária, doses de vitaminas, proteínas, sais minerais e lipídios que não respeitem os limites de segurança (megadoses), de acordo com as normas nacionais e internacionais e os critérios adotados no art. 5º;
- II) EDTA (ácido etilenodiaminotetracético) para remoção de metais tóxicos fora do contexto das intoxicações agudas e crônicas;
- III) O EDTA e a procaína como terapia antienvelhecimento, anticâncer, antiarteriosclerose ou voltadas para patologias crônicas degenerativas;
- IV) Análise do tecido capilar fora do contexto do diagnóstico de contaminação e/ou intoxicação por metais tóxicos;
- V) Antioxidantes para melhorar o prognóstico de pacientes com doenças agudas, observadas as situações expressas no art. 5º;
- VI) Antioxidantes que interfiram no mecanismo de ação da quimioterapia e da radioterapia no tratamento de pacientes com câncer;
- VII) Quaisquer terapias antienvelhecimento, anticâncer, antiarteriosclerose ou voltadas para doenças crônicas degenerativas, exceto nas situações de deficiências diagnosticadas cuja reposição mostra evidências de benefícios cientificamente comprovados.
Chiques, famosas e “ortomoleculadas”
Várias destas práticas, agora proibidas, vem sendo feitas e divulgadas a muito tempo. Como acontece com Giovanna Antonelli, uma das estrelas da Novela das Oito “Viver a Vida” (por ser uma entidade, “Novela das Oito” deve ser escrita em maiúsculas, por respeito a sua divindade) . É o que diz sua terapeuta numa reportagem de dietas dos Famosos (também com F maiúsculo por se tratar de divindade): “Giovanna Antonelli chegou ao consultório querendo emagrecer. Uma das providências foi prescrever doses extras de minerais que baixassem sua vontade louca de comer doce na fase pré-menstrual”. Hum… mas sem medir nada pra ver se tava faltando mesmo?
O fato é que resolve mesmo. Pelo menos pra emagrecer. Afinal a Global (G maiúsculo) chega no consultório querendo perder 8kg pra ser a próxima capa da Playboy e a terapia molecular, com todo seu conhecimento, receita o que? Ouça nas palavras de Samara Fellipo: “Não precisei passar fome e sequei 8 quilos em dois meses, reduzindo carboidrato e cortando doce e fritura”. Isso não é terapia ortomolecular Samara, é COMER DIREITO, DIETA, e todo mundo sabe como funciona!
Quem tiver dados REAIS de reposição de nutrientes usadas nessas terapias, pode me mandar.
Não apela, Folha
Agora, esta notícia da Folha resumindo a resolução está muito ruim e errada.
Diz que a resolução confirma a ausência de comprovação científica da prática, o que não é verdade. Ela regulamenta, ou seja, algumas práticas estão autorizadas e outras não. E afirmar “Entre os prejuízos estão o aumento do risco de câncer”, é senssacionalismo, já que não é exatamente isto que a resolução fala, como você pôde ler acima.
E outra, a Folha definiu as práticas ortomoleculares e biomoleculares com o que estava escrito na resolução. Custava dar um “google” pra aprofundar pelo menos um palmo?