Inovação alavancou vendas de motos em periódo de crise

Quem nunca notou que os veículos de duas rodas são populares e numerosos no Brasil, sobretudo nos centros metropolitanos onde há piora na mobilidade urbana? De cada 4 veículos no país um é motocicleta. Parte desse sucesso está na capacidade de inovação da indústria. Artigo publicado na última edição de 2017 da Revista Brasileira de Inovação analisa a importância da inovação para que a Honda retomasse a liderança do mercado de motos quando lançou, em 2009, o primeiro modelo flex. “A Honda teria vendido 27% a mais de novas motocicletas por ter inovado” estimam Diogo Signor e Fancis Petterini, da Universidade Federal de Santa Catarina, autores da análise.

Fonte: Signor & Petterini (2017)

Alguns fatores contribuíram para propiciar o investimento na inovação como o fato da empresa e o modelo CG 150 serem os líderes de venda de motos, a retração na economia em 2009 e a informação de que a concorrente – à época a Kasinski (em terceitro lugar depois da Yamaha) –estaria investindo em um motor flex. A Honda permaneceu como única produtora de motos flex até 2013, quando a Yamaha lançou seu primeiro modelo e a Kasinski saiu do mercado.

O motor flex para motos seguiu a tendência dos automóveis brasileiros que inauguraram essa tecnologia em 2003 (com o lançamento do modelo Gol da Volkswagen), movimento similar ocorrera com o motor à etanol iniciado em motos em 1981. Atualmente o Brasil é o segundo país com maior frota de veículos flex do mundo, com 6,2 milhões de unidades, depois dos Estados Unidos, onde a mistura fica entre a gasolina e o etanol produzido a partir de milho.

Mesmo detendo, desde a década de 1990, 80% do mercado de motocicletas, a Honda investiu em inovação para minimizar o impacto da crise. “A incorporação do motor flex foi relevante para a Honda mitigar perdas nas vendas de motocicletas no período 2009-2012”, concluíram os autores do artigo. Em época de crise, nada mais apropriado do que investir em um plano ousado para mudar o cenário.

Signor e Petterini lembram ainda que faltam estudos acadêmicos sobre a relevância do mercado de motos no Brasil que vende uma média de 1,5 milhão de unidades zero anualmente.

 

Leia o artigo completo:

Signor D. & Petterini F.C. O impacto do motor flex no mercado brasileiro de motocicletas e na lidenrança da Honda. Rev. Bras. Inov., v.16 (2): 351-380. 2017.

Pergunte aos autores:

Diogo Signor, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), email: diogosignor@gmail.com

Francis Carlos Petering, UFSC, email: f.petterini@ufsc.br

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