8 – Eleições 2018: Propostas dos presidenciáveis em relação ao cenário energético
Este é um texto especial considerando as eleições que já estão acontecendo e que estamos cada vez mais próximos de decidir o futuro presidente do Brasil de 2019 a 2022. Basicamente, é um levantamento das principais propostas dos candidatos em relação ao cenário energético, idem o seu comprometimento quanto a esse assunto. Aqui, eu levanto também o que eu acho das propostas em relação a energia. Logo, a analise opinativa está limitada quanto a este contexto. Não é uma analise do que os candidatos propõem como um todo. Sem contar que o estudo é feito limitando-se aos documentos das suas propostas de governo, e não as suas declarações antigas ou recentes.
A analise também consiste em contabilizar a palavra energia, de forma a avaliar também o seu comprometimento com o assunto.
Álvaro Dias (PODE)
Energia: 1
Não há muitas referências quanto a questões energéticas. No final do plano ele menciona a preservação e aproveitamento de biomas nacionais, idem o programa Renovabio. Como poucos conhecem o programa, achei que ele deveria ter explicado sobre o mesmo, e não simplesmente ter colocado ele como proposta. No plano de governo, eu senti falta de mais detalhes para cumprir o desenvolvimento sustentável. Inclusive na questão dos biomas nacionais, que é um assunto que exige esta explicação.
Cabo Daciolo (PATRI)
Energia: 0
Nenhuma alusão a questão energética. Muito menos em relação ao meio ambiente.
Ciro Gomes (PDT)
Energia: 8
Em relação a questões ligadas a infraestrutura, Ciro Gomes propõe uma seria de investimentos para incentivar as energias renováveis, como a solar e a eólica. Na parte de seu plano relacionado a meio ambiente, ele propõe estimular tais fontes com políticas públicas. Tal objetivo é a redução dos gases estufa, considerando a meta do Acordo de Paris. Demonstrou conhecer este contrato. Propõe também reduzir o desmatamento, desenvolver sistemas com informações sobre a emissão de carbono, e desenvolver setores que agregam a sustentabilidade. O programa de ciência do presidenciável visa contemplar a energia como um dos pontos mais importantes, demonstrando preocupação com o setor energético.
Finalmente, ele menciona a questão nuclear, promovendo seu desenvolvimento. Ciro pensa em trazer a decisão da energia nuclear para fins militares venha da população, e não de deficiências tecnológicas e científicas.
Fernando Haddad (PT) – Propostas considerando o plano de governo de Luís Inácio Lula da Silva
Energia: 13
Seu programa consta a produção de energia a partir de energias mais limpas, considerando que o país tem elevado potencial. Idem uma maior prioridade para fontes renováveis. Apresenta mais detalhes, como as tecnologias verdes de informação e comunicação, agricultura de baixo carbono, dentre outras. Da mesma forma que investir em competências mais verdes, como agroecologia, biocombustíveis, dentre outros.
Assim como Ciro, pretende investir em ciência e tecnologia, com um foco para a área energética. O presidenciável também cita uma parceria entre empresas e universidades para o auxilio na sua proposta de políticas de financiamento. Finalmente, ele propõe uma reforma fiscal verde, com o intuito de aumentar o custo da poluição e premiar investimentos com emissão de baixo carbono. Estas propostas visam fortalecer tecnologias mais sustentáveis.
Na sua proposta de soberania energética, propõe a redução das emissões de GEE, maior implementação de kits fotovoltaicos, e a modernização do sistema elétrico existente. Esta última propõe substituir os combustíveis líquidos por gás natural e biocombustível. Logo, ele propõe a inserção de pelo menos um combustível fóssil na matriz energética, embora esta também emita gases poluentes. A mesma proposta também propõe aumentar a eficiência energética.
O governo também propõe uma gestão sustentável dos recursos hídricos. Ele também menciona e visa cumprir o Acordo de Paris mais a agenda 2030.
Geraldo Alckmin (PSDB)
Energia: 1
Apenas cita priorizar as energias renováveis. Inclusive também cita meio ambiente uma vez, falando em desenvolvimento sustentável, como a questão da preservação da Amazônia e a redução de gases, inclusive referenciando a agenda 2030 definida pela Organização das Nações Unidas (ONU). Praticamente o programa dele é fraco em conteúdo, tanto a questão da energia, quanto em relação ao meio ambiente.
Guilherme Boulos (PSOL)
Energia: 18 (2 vezes a palavra aparece em um contexto fora de propostas energéticas)
O programa de Boulos provou ser mais voltado ao meio ambiente do que para o desenvolvimento sustentável em si, embora ele não ignore a sua importância. Em seu plano de governo, é priorizado as fontes renováveis. Inclusive, ele também cita o incentivo aos carros elétricos. Basicamente, ele foca em alternativas para reduzir a emissão de gases estufa. O programa de Boulos também menciona o Acordo de Paris, considerando sua proposta para redução.
Inclusive em seu programa, ele não propõe a construção de novas usinas hidrelétricas e nucleares. Porém, propõe a manutenção das mesmas.
Outro ponto interessante é o desmatamento zero. Ou seja, não desmatar nenhuma floresta e utilizar apenas as áreas já desmatadas. Uma proposta ousada, porem dependendo de um bom estudo de consumo, poderá ser possível. Isso é, se não haver desperdício do que é produzido por estas áreas.
Henrique Meirelles (MDB)
Energia: 1
Menciona o Acordo de Paris, porém apenas cita em uma única frase que irá cumpri-lo. Idem o incentivo para fontes renováveis. O presidenciável também cita a preservação do meio ambiente e da floresta Amazônica. Ao meu ver, faltou muitos detalhes em seu plano de governo.
Jair Bolsonaro (PSL)
Energia: 10
Ele menciona que o Nordeste deve ser motivado a gerar energia eólica e solar, cujo potencial é maior. Inclusive, é um dos poucos candidatos que apresenta em seu plano de governo a questão do setor elétrico, embora fale muito pouco desta. Ainda mais que possui um tópico sobre energia, embora tenha pouco conteúdo. Isto realmente está sendo debatido nas universidades, considerando o seu mercado. Em questão as hidrelétricas, o candidato propõe um licenciamento ambiental de no máximo 3 vezes, o que reduziria o prazo para avaliar se é viável ou não. A medida tem como objetivo a redução da burocracia ambiental. Finalmente, ele propõe o uso em conjunto do gás natural com as energias renováveis. Apesar de ter pouco conteúdo nestas partes, apresenta maior preocupação do que vários dos candidatos.
João Amoedo (NOVO)
Energia: 2
Ele cita o fim dos subsídios em energias não renováveis, idem o incentivo as fontes renováveis. Tem uma parte específica sobre o assunto falando sobre a sustentabilidade, e que aborda estes pontos. Porém, ainda assim achei que faltou detalhamento destas propostas.
João Goulart Filho (PPL)
Energia: 4 (3 vezes a palavra aparece em um contexto fora de propostas energéticas)
Menciona a energia em questão da infraestrutura. Em sua proposta de número 11, ele propõe um uso racional dos recursos naturais, o que indiretamente envolve a produção de energia. Embora a sua proposta seja mais focada no meio ambiente. João Goulart também menciona a eólica e a energia hídrica, porém como renda de terra que deve ser priorizada para o crescimento econômico. Não da muitos detalhes, além de citar a manutenção da estatização e re-estatização de empresas privadas.
José Maria Eymael (DC)
Energia: 1
Também menciona pouco a energia na questão da infraestrutura. Também menciona pouco o meio-ambiente, resumindo em usufruir deste sem agredi-lo. Praticamente apresentou pouco sobre os temas, porém aprofundou menor do que os presidenciáveis que fizeram pouco caso.
Marina Silva (Rede)
Energia: 21
Como já era esperado (para aqueles que já conhecem Marina pela sua longa trajetória idem suas candidaturas passadas para presidência), Marina propõe uma política mais sustentável. Como por exemplo, na questão do saneamento, ela propõe a redução de emissões dos gases estufa e do consumo de energia. Na questão do urbanismo, ela sugere a substituição de veículos elétricos no lugar dos convencionais (movidos a combustíveis fósseis), idem geração de energia renovável nas cidades, inclusive mencionando o uso da eficiência energética.
Tem um tópico específico para desenvolvimento sustentável. Neste tópico ela, assim como Bolsonaro, reconhece o problema na distribuição de energia elétrica. Tem como proposta uma matriz sustentável e que produza um custo de investimento e operação o mais baixo possível.
Possui também um tópico para uma economia de carbono neutro. Neste, promove o uso de energias renováveis, e cita o Acordo de Paris com o intuito de cumpri-lo. Ainda cita a Petrobras para atuar em investimentos nas energias mais limpas. Neste paragrafo ainda reforça a questão da eficiência energética para melhoria de distribuição de energia. Também tem uma proposta ousada que é expandir a energia solar para comunidades vulneráveis, embora se utilize de parcerias de instituições de pesquisas para este fim.
Finalmente, neste tópico, Marina aborda questões relacionadas ao controle do desmatamento no meio ambiente.
Em relação a qualidade de vida no campo, Marina Silva também levanta utilizar a agricultura para atender a demanda por biocombustíveis.
Basicamente, no seu plano de governo, a pesquisa e a ciência é mais focado para a preservação do meio ambiente e seu uso de forma sustentável.
Vera Lúcia (PSTU)
Energia: 0
Não fala nada sobre energia. Fala ainda bem pouco do meio ambiente, em relação ao agronegócio.
Conclusão:
Quanto a contabilidade da palavra energia, temos o seguinte ranking. O ranking, no caso, mostra quais estão mais comprometidos em relação ao tema da energia. Não aborda de fato a qualidade de seu conteúdo.
1 – Marina Silva (21 vezes aplicado no contexto energético)
2 – Guilherme Boulos (16 vezes aplicado no contexto energético)
3 – Fernando Haddad (13 vezes aplicado no contexto energético)
4 – Jair Bolsonaro (10 vezes aplicado no contexto energético)
5 – Ciro Gomes (8 vezes aplicado no contexto energético)
6 – João Amoedo (2 vezes aplicado no contexto energético)
7 – Álvaro Dias, Geraldo Alckmin, Henrique Meirelles, João Goulart Filho e José Maria Eymael (1 vez aplicado no contexto energético)
8 – Cabo Daciolo e Vera Lúcia (A palavra energia não aparece, mesmo num contexto fora do cenário energético)
Em relação ao conteúdo, ao meu ver o plano de Haddad (consultando o plano do ex-presidenciável Lula) foi o melhor, tanto por apresentar uma proposta conciliatória para o uso de energias renováveis quanto para não renováveis (como o incentivo ao gás natural), quanto para incentivar o uso da ciência para fins energéticos. Em seguida, teria a Marina por ter um viés mais ambiental porém incentivado para as energias renováveis, idem uma preocupação com o sistema elétrico, sendo este um ponto tocado apenas por ela e Jair Bolsonaro. Sem falar que também há um incentivo para a ciência, porém com um foco mais ambientalista. Em seguida estaria Ciro Gomes, por incentivar a ciência para investimento na energia, e fazer um destaque quanto ao uso da energia nuclear. Guilherme Boulos está em quarto lugar, não só por ter muitos detalhes em relação ao seu plano energético com um viés ambiental, mas também por ter uma preocupação em relação as usinas nucleares e hidrelétricas já existentes. Tanto que pensa em preserva-las, embora não busque expandi-las. Em quinto, Jair Bolsonaro. Apesar de demonstrar preocupação com o cenário energético, e destacar a política de preços, não deu muitos detalhes, no qual eu senti falta. Na penúltima colocação, ficariam Alckmin, Amoedo, Dias, Eymael, Meirelles e João Goulart. Posição compartilhada principalmente pela falta de detalhes em suas proposta. E em último, Daciolo e Vera Lucia, por justamente não mencionarem este assunto. Vejamos o ranking:
1 – Fernando Haddad
2 – Marina Silva
3 – Ciro Gomes
4 – Guilherme Boulos
5 – Jair Bolsonaro
6 – Álvaro Dias, Geraldo Alckmin, Henrique Meirelles, João Amoedo, João Goulart Filho e José Maria Eymael
7 – Cabo Daciolo e Vera Lucia
E você. Qual a sua opinião? Quem na sua opinião tem uma melhor proposta no cenário energético. Lembre-se que a analise foi considerada apenas os documentos com seu plano de governo, e não suas mídias sociais, entrevistas, participações em debate, dentre outros. Fiquem a vontade para enriquecer este debate, idem acessar o plano de governo dos demais candidatos.
Parabéns pelo trabalho, Rafael. Você chegou a ver análise que fizemos para o Meio Ambiente?
https://www.blogs.unicamp.br/naturezacritica/2018/09/06/propostas-em-meio-ambiente-dos-candidatos-a-presidencia-do-brasil-2018/
Sim. Eu vi. Alias, eu peguei os textos com as propostas dos candidatos em seu texto. Obrigado!!!
Legal. O texto teve um impacto bacana. Que bom que está repercutindo. Acho que ainda hoje soltamos um post em relação às propostas para o meio ambiente dos candidatos ao governo de São Paulo. Depois dê uma olhada.
Já saiu. Acabou de sair. A iniciativa de política, né?