36 – Iniciativa de energias para minorias

E aí pessoal?

Vocês se lembram do meu texto sobre o racismo ambiental? Espero que tenham compreendido o seu conceito, pois acredito que para um debate mais amplo, inclusive sobre formas de implantação de energia, é necessário seu entendimento.

Nesse texto eu venho divulgar algumas alternativas que visam esse combate não só ao racismo ambiental, mas também ao conceito de racismo energético.

Comunidades indígenas

No Território Indígena do Xingu, já existem 70 sistemas fotovoltaicos devido ao projeto “Xingu Solar”. O projeto tem como objetivo a substituição da energia solar pela energia a diesel, a qual possuí mais desvantagens em relação ao seu abastecimento[1].

Além disso, temos a iniciativa do Greenpeace com a fundação americana Empowered by Light  para Munducuru utilizar a energia solar. Esse projeto também é contato como uma mobilização contra a instalação da hidrelétrica naquela região[2]. Para maior entendimento, recomendo a leitura do texto sobre Belo Monte deste blog.

Finalmente, o Instituto Socioambiental, o Conselho Indígena de Roraima e Universidade Federal do Maranhão iniciaram o Projeto Cruviana. Esse projeto tem como objetivo a instalação de energia solar e energia eólica para as comunidades indígenas em Roraima, na Amazônia. Esse projeto recebe investimentos do programa de governo Luz para Todos. Assim como a iniciativa anterior, ela também visa como substituir a opção de instalar uma hidrelétrica nessa região[3].

Favelas e comunidades

Existe um instituto chamado Favela da Paz localizado em São Paulo, cujo proposito é ensinar as comunidades locais a importância da implantação das energias renováveis. Por exemplo, já existem projetos relacionados a instalação de energia solar e até mesmo biogás nessas regiões graças a iniciativa dessa ONG[4].

A imagem mostra em plano aberto um grande muro de tijolo à vista, onde dois homens magros, vestindo jeans e camiseta estão instalando uma placa fotovoltaica pequena (menos de 1 metro quadrado). Eles seguram a haste da placa e estão de costas para a imagem.

Em 2016, houve uma iniciativa do REVOLUSOLAR para a implantação da energia solar no morro da Babilônia no Rio de Janeiro. Essa associação foi feita pelos próprios moradores da comunidade, com o intuito de informação a população sobre os benefícios da energia solar. Esse projeto consta com o apoio de quatro instituições, como a Organização de Cooperativas do Brasil, Viva Rio, o Frente para uma nova Política Energéticas do Brasil, Favela Orgânica e a Fundação Heinrich Boell[5].

Há também outros casos de projetos voluntários pelo Brasil, como o Engenheiros sem Fronteiras em Belo Horizonte, que fizeram um projeto de iluminação de ruas e espaços públicos na Vila Acaba Mundo utilizando energia solar, através do projeto Integre-se por Luz[6]. Ressaltando que a ONG Engenheiros sem Fronteiras também tem atuação em outras cidades, como a implantação de painéis solares em escolas de Joinville ou aquecimento de água em Niterói para comunidades carentes[7].

E você? Tem algum exemplo?

Após a apresentação dessas iniciativas, eu venho lhe pedir se você também viu algo similar, ou tem outro exemplo. E aproveito também para divulgar a serie do nosso Blog de dimensionamento de sistemas energéticos. Se você já leu os textos de dimensionamento de energia, você tem uma base de como foram feitos os trabalhos citados nesse texto.

Até a próxima.

Referências

[1] Xingu solar: como a energia renovável pode beneficiar comunidades indígenas no Brasil, Instituto Socioambiental, disponível em: <https://www.socioambiental.org/pt-br/noticias-socioambientais/xingu-solar-como-a-energia-renovavel-pode-beneficiar-comunidades-indigenas-no-brasil>, acesso em: 8 jan. 2020.

[2] CALIXTO, Bruno, Povo indígena mundurucu começa a usar energia solar, Blog do Planeta, disponível em: <https://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/blog-do-planeta/noticia/2016/07/povo-indigena-mundukuru-comeca-usar-energia-solar.html>, acesso em: 8 jan. 2020.

[3] PROJETO CRUVIANA: ENERGIA EÓLICA E SOLAR EM TERRA INDÍGENA, NOVOS PARADIGMAS, disponível em: <https://web.archive.org/web/20190126143348/https://praticasalternativas.org.br/pratica/projeto-cruviana-geracao-de-energia-eolica-e-solar-distribuida-em-terra-indigena/>, acesso em: 8 jan. 2020.

[4] CALGARO, Sheila Ana, A revolução verde no meio da favela, Believe.Earth, disponível em: <https://believe.earth/pt-br/revolucao-verde-no-meio-da-favela/>, acesso em: 8 jan. 2020.

[5] REVOLUSOLAR – ENERGIA SOLAR NO MORRO DA BABILÔNIA, NOVOS PARADIGMAS, disponível em: <https://web.archive.org/web/20190126143430/https://praticasalternativas.org.br/pratica/energia-solar-morro-da-babilonia/>, acesso em: 8 jan. 2020.

[6] CARVALHO, Rodrigo de Oliveira et al, Integre-se por Luz: iluminação de ruas e espaços públicos utilizando postes de energia solar na Vila Acaba Mundo em Belo Horizonte, V Congresso Brasileiro dos Engenheiros sem Fronteiras, p. 10, 2018.

[7] KRUGLER, Henrique, Engenheiros criam saídas reduzir lixo e gerar energia no litoral, Folha de São Paulo, disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/10/1924417-engenheiros-criam-saidas-reduzir-lixo-e-gerar-energia-no-litoral.shtml>, acesso em: 8 jan. 2020.

Rafael Henrique

Sou graduado em Engenharia de Energia pela PUC Minas. Recentemente, concluí o mestrado em Planejamento de Sistemas Energéticos pela UNICAMP. Decidi dar inicio a este blog, com o intuito de abrir o espaço de divulgação científica relacionado a energia e seus temas relacionados.

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1 Resultado

  1. Penha disse:

    Muito bom texto, parabéns. Ótima iniciativa para que todos possam ter acesso à energia.

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