68 – Tesão em querer ficar rico: Verdes, mas caros

E aí pessoal?

Lembra do texto anterior intitulado Tesão em querer ficar rico: Greenwashing?

Bem, hoje vamos para a parte final deste texto, referente aos produtos mais amigáveis para o meio ambiente. Porém, eles tem um grande problema. Eles são mais caros.

E antes de começar a leitura, recomendo a nos seguir nas nossas redes sociais.

Produtos ecologicamente caros

E você deve estar se perguntando o porque de produtos mais ecológicos serem mais caros. Segundo o site The Sustainable Living Guide[1], estes motivos estariam relacionados a falta de demanda e os custos de produção de produtos ecológicos serem mais caros.

E sim, sobre a questão dos custos serem altos pode ser refletida nos exemplos das viagens de Uber[2], em que as viagens de carros elétricos são mais caras, cujos motivos estaria a ver com a produção destes.

Mas isso pode ser aceitável? Bem, pense que vários produtos com a atual crise também estão sendo ficando menos acessíveis. Como por exemplo, o próprio gás de cozinha, ao qual devido a situação econômica atual (referente a data que este texto esta sendo lançado), esta fazendo com que varias pessoas estejam optando pelo uso da lenha[3]. Em outras palavras, o gás de cozinha está virando um produto “de luxo”.

Desta forma, considerando que poucos possam ter acesso a fontes de energia mais limpa e produtos ecológicos, acaba que estas acabam restritos a pessoas com uma renda maior. E acaba sendo uma contradição que as pessoas mais ricas são as que tem mais acesso a produtos ecológicos ou energias renováveis, sendo que temos dados evidenciando que países mais desenvolvidos (e com acesso a energias renováveis) ainda poluem mais que os com menos acesso[4].

E obvio. Isto atrapalha a nossa transição energética, a qual necessita que os combustíveis fósseis sejam substituídos pelas fontes renováveis, sem atrapalhar a acessibilidade das pessoas.

Estudos sobre produtos ecológicos, consumo, e seus preços

O artigo do Journal of Business Strategy[5] estuda os hábitos dos Millenials (geração Y) para consumo de produtos verdes, considerando a literatura estudada. Foram feitas varias perguntas, dentre elas o porque de não utilizar produtos verdes. Tal resposta foi devido que eles são caros, dentre outros fatores. Logo, para esta geração, um dos fatores que eles avaliam para comprar produtos verdes é o seu preço.

Uma pesquisa realizada pela Amfiteatru Economic[6] ilustra que a maioria dos produtos de 80 famílias de oito estados na Moldavia – Romania não vem dos mercados ou lojas especializadas em produtos verdes, mas de outras casas e dos mercados de rua.

Finalmente, o estudo de Inbambi[7] analisa as compras de consumidores dos supermercados da cidade de Nairobi – Kenya. Os resultados foram positivos em relação ao uso e consumo de produtos verdes, aos quais são resultado de fatores socio-culturais e governamentais. Porém apesar do consumo de produtos verdes serem incentivados, não nega que eles ainda estão em um valor elevado do que os convencionais.

Conclusão

É necessário sim uma revolução verde, porém esta precisa ser inclusiva. Se quisermos reduzir as emissões de gases poluentes, é necessário lutar por uma política que permita acessibilidade das pessoas a produtos mais verdes. Pois só através de incentivos e políticas públicas para que os produtos ecologicamente verdes não sejam mais apenas para “ricos”. Caso contrário, o oposto acontece, tornando outras fontes de energia menos acessíveis* ainda, como o que está acontecendo com o gás de cozinha.

E sim, os países e pessoas mais ricas também devem fazer a sua parte no combate ao aquecimento, sem ficar apontando o dedo para os mais pobres.

*Acessíveis no sentido de todos terem acesso. Não no sentido de necessariamente, por exemplo, alguém possuir um gerador de energia fotovoltaica. Também esta no sentido de instalação de uma usina fotovoltaica para uma comunidade inteira. Ou também não no sentido de cada um possuir um carro elétrico, mas de uma comunidade possuir um transporte com energia renovável e de preço acessível.

Lembre-se de nossas redes sociais.

Referências

[1] ERIC, Why Are Eco-friendly Products More Expensive?, The Sustainable Living Guide, disponível em: <https://thesustainablelivingguide.com/why-are-eco-friendly-products-expensive/>, acesso em: 14 Jun. 2022.

[2] HAWKINS, Andrew J., Uber pledges to shift to ‘100 percent’ electric vehicles by 2030, The Verge, disponível em: <https://www.theverge.com/2020/9/8/21427196/uber-promise-100-percent-electric-vehicle-ev-2030>, acesso em: 14 Jun. 2022.

[3] CARREGOSA, Lais, Uso de lenha em casas bate patamar de 2009 por alta do botijão, Poder360, disponível em: <https://www.poder360.com.br/energia/uso-de-lenha-em-casas-bate-patamar-de-2009-por-alta-do-botijao/>, acesso em: 14 Jun. 2022.

[4] UNISINOS, Alerta da Oxfam: os mais ricos poluem, os mais pobres sofrem as mudanças climáticas, Instituto Humanitas Unisinos, disponível em: <https://www.ihu.unisinos.br/categorias/603061-alerta-da-oxfam-os-mais-ricos-poluem-os-mais-pobres-sofrem-as-mudancas-climaticas>, acesso em: 14 Jun. 2022.

[5] LU, Leslie; BOCK, Dora and JOSEPH, Mathew, Green marketing: what the Millennials buy, Journal of Business Strategy, vol. 34, no. 6, p. 3–10, 2013.

[6] MARIO, Pagliacci et al., The Consumers of Green Products. The Case of Romanian Moldavia Counties, www.amfiteatrueconomic.ro, vol. 21, no. Special 13, p. 830, 2019.

[7] IMBAMBI, Olinjo Samuel, Consumer Buying Behaviour and Adoption of Green Products in Large Supermarkets in Nairobi City Kenya, Nairobi: University of Nairobi, 2017.

Rafael Henrique

Sou graduado em Engenharia de Energia pela PUC Minas. Recentemente, concluí o mestrado em Planejamento de Sistemas Energéticos pela UNICAMP. Decidi dar inicio a este blog, com o intuito de abrir o espaço de divulgação científica relacionado a energia e seus temas relacionados.

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