A sacada de gênio de uma cientista
Quando falamos que alguém é cientista, muitas pessoas se assustam e imaginam uma pessoa como Einstein, com cabelo bagunçado; ou explodindo coisas, como a dupla Pink e Cérebro.
A realidade é que cientistas são pessoas normais, estudiosos que seguem uma rotina de laboratório intensa, com muitos experimentos que, na maioria das vezes, não dão certo.
É, caros leitores, cientistas vivem mais de erros do que de acertos, mas devemos lembrar que as maiores descobertas da humanidade foram feitas ao acaso, então acredito que estamos no caminho certo.
A pesquisa
Todos nós, cientistas, desejamos ter uma ideia genial, fazer uma descoberta revolucionária ou criar um produto para ser comercializado, mas infelizmente não são todos que conseguem essa conquista em um curto período de tempo.
Na ciência é preciso ter paciência e perseverança! Foi o que fez a Dra. Alessandra Alves de Souza, que teve uma sacada de gênio e descobriu um produto através de pesquisa básica.
Bactéria Amarelinho
A cientista e pesquisadora Alessandra, juntamente com seus alunos, estava desenvolvendo uma pesquisa com uma bactéria que causa doença nas plantas de laranja, conhecida como “Amarelinho”.
A planta é contaminada quando o inseto cigarrinha alimenta delas. É possível comparar, mais ou menos, como acontece quando o mosquito da dengue pica um humano.
Ela age da seguinte maneira:
- Dentro da planta ela se junta com outras bactérias, formando uma comunidade, chamada de biofilme;
- A comunidade entope os vasos das plantas e impede que os nutrientes necessários para crescimento caminhem por toda a planta.
A ideia da cientista Alessandra
A pesquisadora Alessandra, que é mãe, e estava com o filho doente em casa, percebeu que o remédio que ele estava tomando para melhorar a tosse e expectorar, tinha a função de desfazer a secreção densa e viscosa que fica dentro das nossas vias respiratórias.
E foi aí que ela teve uma luz e pensou: “Será que eu não posso usar esse mesmo produto para fazer minhas bactérias desgrudarem uma da outra e quebrar o biofilme?”.
Ela testou a substância do remédio (N-ACETILCISTEÍNA) no biofilme e, adivinhe, funcionou!
O resultado
O teste e o resultado das pesquisas teve um resultado incrível e abriu uma oportunidade de negócio. A empresa CiaCamp foi criada, e deverá desenvolver um novo produto para comercialização.
O plantio de laranjas e a ciência agradecem!
A pesquisa básica definitivamente é algo importante, e esse trabalho de formiguinha pode se tornar algo útil e inovador.
E você sabe o que a genética tem a ver com o suco de laranja? Assista ao vídeo a seguir e confira este texto sobre o tema.
27 comentários
Alessandra Alves de Souza · 12 de junho de 2016 às 18:33
Parabéns pelo Post e pelo vídeo. Ficaram ótimos! Quanto a ideia do uso do NAC nada teria sido possível se não fosse o conhecimento gerado através do projeto genoma da Xylella, do apoio dos órgãos de fomento e dos alunos motivados pelo trabalho científico.
Laís · 12 de junho de 2016 às 19:58
Obrigada Ale, inclusive pela complementação. Vamos fazer um post somente sobre genomas. Bjinhos.
Danila · 12 de junho de 2016 às 23:03
Nossa gente, que d+! Parabéns pelo post, parabéns pelas pesquisas de excelente qualidade desenvolvidas pelo grupo!
Saudades de todos! Bjos.
Paula · 13 de junho de 2016 às 11:02
Gente ta fantasticoooooooo. Parabéns master!!
Marcos · 13 de junho de 2016 às 12:27
Turma, pode ir em frente. Está ficando bom...
Marcos
Paulo · 14 de junho de 2016 às 11:14
Que bom que está gostando Marcos e muito obrigado pelo incentivo e apoio.
Abraço.
Simone · 13 de junho de 2016 às 12:55
Ficou muito bom o post, parabéns!!! Em breve a CiaCamp terá mais informações para vcs divulgarem! Bj
Paulo · 14 de junho de 2016 às 11:15
Obrigado Simone, estamos aguardando as novidades da CiaCamp.
bjs
Isis Gabriela · 13 de junho de 2016 às 22:33
Amei!Ficou super legal! Parabéns Laís!
Laís · 14 de junho de 2016 às 21:01
Muito obrigada Isis!
Raquel Caserta · 13 de junho de 2016 às 22:58
Amei o vídeo!
Gabi · 14 de junho de 2016 às 10:32
Gente, muito legal!! Adorei!!
Camila Delmondes · 14 de junho de 2016 às 11:08
Que texto mais delicioso de ler. Parabéns, pessoal! Sobre a parte inicial do texto, eu costumo dizer o seguinte: dizem que a maioria dos cientistas é formada por pessoas normais. Bem, é verdade. Mas, por outro lado, vez em quando, a gente conhece alguns malucos também, não é mesmo? Eu conheço vários aqui da Unicamp mesmo...ahaha. Brincadeiras a parte, eu acho que esse primeiro parágrafo do texto rende um novo post. Dá pra fazer uma discussão bem bacana sobre como a gente é despertada para as coisas da ciência. De onde vem a inspiração? Eu, particularmente, era apaixonada pelo Beakman's World. Acabei virando jornalista e hoje em dia já aprendi um pouco mais sobre essa visão estereotipada do cientista. Mas, confesso que quando o próprio 'Beakman' passou aqui pela Unicamp, eu fui lá buscar o meu autógrafo. E olha só, tinha um montão de gente comigo 🙂
Laís · 14 de junho de 2016 às 21:00
Oi Camila, que bom que gostou do post.Estamos com várias ideias de posts e sua sugestão é muito bem vinda e iremos acatar com certeza! Aliás, aceitamos muito mais sugestões...hahaha. Bju
Daniel · 14 de junho de 2016 às 16:45
Realmente brilhante, exemplos assim me fortalecem na graduação e na pesquisa!
Laís · 14 de junho de 2016 às 20:57
Nossa! Obrigada Daniel..esperamos mesmo com esse blog estimular muitas pessoas assim como você a se animarem com a pesquisa!!
MARCELO EIRAS · 14 de junho de 2016 às 22:27
Parabéns pelo trabalho de vocês neste Blog. Linguagem acessível ao grande público e divulgação da boa ciência feita em nossas instituições de pesquisa!
Laís · 15 de junho de 2016 às 16:34
Obrigada Dr. Marcelo. Espero que possamos divulgar ainda mais nossa ciência! Continue nos acompanhando!
Michelly · 5 de outubro de 2016 às 16:37
Parabéns, adorei.
Realmente quando falamos que fazemos pesquisa a maioria das pessoas nos olham estranho. E termos que repetir os experimentos é normal né hehehe
Sacada de gênio essa de aplicar o remédio expectorante na planta da laranja!!!!
Marcel C · 9 de outubro de 2016 às 19:26
Tenho lido as postagens do "Descascando" e descoberto coisas muito interessantes sobre as plantas cítricas. Muito boa a ideia de um blog com uma temática assim, específica. Nunca mais vou pensar numa laranja como uma mera laranja, hehe.
KARINE BRANDAO NUNES · 26 de novembro de 2016 às 18:34
Adorei o blog, parabéns pela iniciativa. Estou preparando a avaliação final da Oficina de Iniciação Científica do PROEMI e vou usar os textos do blog 🙂
Sinto muita falta do CCSM!
UMA SACADA DE GÊNIO - Blogs Científicos - UNICAMP · 13 de junho de 2016 às 11:48
[…] [..Saiba Mais..] […]
Bactérias X-MEN - Descascando a ciência · 4 de julho de 2016 às 21:53
[…] na superfície da folha e cresce formando um BIOFILME, que nós já explicamos no primeiro post (releia aqui). O biofilme é uma comunidade de bactérias que são grudadas umas nas outras por uma goma chamada […]
Um blá blá blá de bactéria - Descascando a ciência · 9 de agosto de 2016 às 21:24
[…] desses sinais moleculares já são muito estudados e conhecidos, como no caso de Xylella fastidiosa e Xanthomonas citri, já conhecidas de vocês! Ambas causam doenças em laranjeiras, mas atuam de […]
Para que servem os eventos científicos? - Descascando a ciência · 10 de novembro de 2016 às 23:03
[…] Outro evento bem legal na nossa área aconteceu na FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) na primeira semana de novembro, e chamou a atenção para a aplicação da pesquisa básica e objetivou apresentar os avanços científicos e tecnológicos de pesquisas realizadas no Centro de Citricultura, por exemplo, o desenvolvimento de um novo produto para controle de doenças da citricultura, com lançamento previsto para 2018 (você já viu isso por aqui em SACADA de GÊNIO). […]
Atração Fatal - Armadilhas contra pragas agrícolas · 23 de agosto de 2018 às 22:03
[…] exemplo, cigarrinhas transmitem a bactéria Xylella fastidiosa causadora do CVC, algumas espécies de ácaros transmitem o vírus da leprose dos citros e o psilídeo dos citros […]
Comunicação de bactéria confundida por planta transgênica · 23 de agosto de 2018 às 22:10
[…] alguns pesquisadores desenvolveram: plantas transgênicas de laranja que produzem aquela molécula (DSF) das bactérias e assim fizeram com que a laranja conseguisse “conversar” com a […]