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Eu não me iludo

Maior burburinho onde quer que eu leia sobre a COP-15 e eu aqui quieta só assistindo.

De verdade não queria me manifestar a respeito pois de verdade eu serei bem pessimista… Não acredito que veremos grandes mudanças, acordos ou algo que o valha em mais uma Conferência das Partes. Mudança de paradigma, distribuição de renda, educação e tudo mais que o mundo precisa pra ser melhor não se faz, não se decide em encontros diplomáticos ou por decreto, a coisa precisa ser muito mais profunda e verdadeira.

Me desculpe, mas enquanto as pessoas ficarem esperando decretos, acordos, normas para verem as coisas seguirem um caminho melhor e continuarem vivendo suas vidas normalmente sem alterar nada – como andar a pé, evitar sacolas plásticas, economizar energia, reciclar, consumir menos – e digo tudo isso junto ao mesmo tempo, não apenas algumas dessas alternativas – vão ser necessárias mais umas 50 COPs para podermos mudar alguma coisa efetivamente.

Os governos deveriam fazer a sua parte? Deveriam, mas já faz 15 COPs que muito pouco tem sido feito e que mudanças você efetivamente viu? Eu vejo pouquíssimas e falar de redução de carbono sem falar na redução da população mundial e redução de consumo pra mim é uma utopia, é apenas assinar um papel para que no futuro não me responsabilizem por omissão. E se nós não queremos colocar a nossa espécie em risco no futuro nós precisamos de mais, muito mais que isso.

Vamos aceitar a hipocrisia? Workshop – Comunicação e Sustentabilidade


Ontem assisti o workshop Comunicação e Sustentabilidade do Sustentável 2009. As pessoas que falaram foram: Percival Caropreso, fundador da Setor 2½; Ricardo Voltolini, editor da revista Ideia Socioambiental e Massimo Di Felice, professor da USP.
Eu ouvi muito sobre a diferença da comunicação para a sustentabilidade e a comunicação da sustentabilidade; dos cuidados que se devem tomar quando se resolve comunicar a sustentabilidade seja para quem for, de como a sustentabilidade deve ser nas empresas e como deve ser essa comunicação. De fato foi uma aula bastante interessante em que eu vi bastante organizada várias ideias que eu acredito e acho primordial quando se fala do assunto para empresas e profissionais que querem saber do que se trata essa tal sustentabilidade.
Mas várias coisas me inquietaram… E infelizmente não pude ficar para as perguntas para que alguém lá pudesse me dar uma luz.
Uma das coisas que mais me chamou atenção foi que disseram que a mídia denuncia casos não muito corretos de sustentabilidade, eu me pergunto a mídia quem? Não a mídia tradicional, né? Os grandes jornais, revistas e portais de internet nunca vi falando mal de alguma campanha de sustentabilidade inconsistente (e olha que a gente tem um monte por ai), eles citam superficialmente alguma que não é lá muito convincente e na grande maioria o que vejo é só jogação de confete e rasgação de seda, vários prêmios pra dizer quais empresas são mais sustentáveis, qual o melhor projeto de sustentabilidade, quem foi mais sustentável no ano, quem ta só fazendo marketing também consegue entrar no bolo e fica tudo certo. Você confia na mídia? Eu só vejo denúncia mesmo a partir das ONGs (Greenpeace, Amigos da Terra Amazônia Brasileira), blogs e jornais e sites pequenos e regionais.
Me desculpe os profissionais de comunicação em sustentabilidade mas vocês vivem num mundo de faz de conta ou pior, num mundo de hipocrisia, e eu não acho que isso seja um problema, afinal antes de mais nada a gente tem que pensar na nossa sustentabilidade, se a gente não consegue pagar as contas no fim do mês de que adianta sair falando mal de todo mundo por ai? Mas assumam essa hipocrisia, por favor! Vocês escrevem relatórios de sustentabilidade com meias verdades, comunicam ações vazias, não publicam o que vêem de errado por ai e querem credibilidade, querem que as pessoas acreditem nas empresas? Lamento, não são só as empresas que estão sofrendo com a desconfiança do consumidor quando falam de suas ações sustentáveis, pra mim é a mídia que passa por esse problema.
Sim, as empresas têm ações inconsistentes, algumas acham que o lugar da sustentabilidade é no marketing, a grande maioria das pessoas não sabem diferenciar ser de fato sustentável dos “agrados socioambientais” (palavras do Percival), mas o que os profissionais de comunicação estão fazendo para combater isso? Para simplesmente defender e alertar o consumidor leigo que sabe menos ainda se o produto é de verdade verde? Acho que a resposta pra essa pergunta beira ao nada.
Tá, posso estar sendo bem exagerada, mas as pessoas que discordam completamente de mim me mostrem exemplos de que estou completamente enganada, por favor.
P.S.: Eu sei que de uns tempos pra cá eu tenho tentando ser menos pessimista e de fato isto está acontecendo comigo, mas cheguei à conclusão que ver o lado bom das coisas, a mídia tradicional faz muito bem, com certeza em várias revistas semanais você vai ver vários exemplos de empresas que são legais e ganham prêmios por isso, eu vou fazer a minha parte aqui de alertar as pessoas que nem tudo é tão verde e perfeito assim.

Conferência Internacional Ethos – 2009

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Pra quem quiser acompanhar via twitter o que está acontecendo na Conferência Internacional Ethos acesse o nosso agregador de conteúdos. Se você quiser participar via twitter utlize a tag #ciethos. Você também pode seguir o perfil @ciethos.

Amanhã 18/06 acontecerá o ato público contra a Medida Provsória 458, no fim do evento, as 14h30. Se você não puder aparecer e quiser se manifestar on-line, acesse o blog: NãoMP458, siga o perfil @naoMP458 no twitter e utlize a tag #naoMP458.

Conferência Internacional Ethos – 2009

Nos dias 15 a 18 de junho acontecerá em São Paulo a Conferência Internacional Ethos é um evento promovido pelo Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social e realizado pelo UniEthos – Educação para a Responsabilidade Social e o Desenvolvimento Sustentável, em parceria com o Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, do Movimento Nossa São Paulo, da Rede Brasileira do Pacto Global e da São Paulo Turismo.

Estaremos lá, infelizmente não o tempo todo, eu e a Paula do Rastro de Carbono, acompanhando o evento e comentando tudo que vermos e ouvirmos.

 

Evento Surreal

Eu não queria falar mal do evento, aliás o que eu vou fazer não é falar mal, mas apontar o quão surreal ele me parece ser…
Recebi um mail de divulgação do Katoomba Meeting Brasil 2009 cuja imagem está abaixo.

“Mato Grosso ouviu o chamado da natureza.” Já não era sem tempo, né? O Mato Grosso é simplesmente o estado campeão de desmatamento de 2007 e 2008, com 8.744 km2 e 12.534 km2 desmatados, respectivamente, segundos dados do INPE.

Mas sendo o campeão de desmatamento por 2 anos consecutivos não é irônico ler o textinho na imagem-convite dizendo que eles são preocupados com o meio ambiente, com o desenvolvimento sustentável etc, etc, etc? Ah, até entendo que eles têm que dizer isso, mas não soa hipócrita? Tá, eu devo estar me tornando uma ecochata mesmo.

Ai, fui lá eu ver o site do evento e a programação. Pra mim é tão surreal ver um evento de meio ambiente que tem como participante o Blairo Maggi. O que um governador produtor de soja que afirma que “não há como produzir mais comida sem fazer a ocupação de novas áreas e a derrubada de árvores” tem a contribuir com o desenvolvimento sustentável, o comprometimento com o meio ambiente e etc, etc, etc? Espero que ele tenha mudado de ideia e esteja usando o evento para divulgá-las!

O evento parece interessante para a divulgação e discussão do mecanismo REDD (Redução de Emissões para Desmatamento e Degradação). Que eu ainda não tenho opinião formada para me manifestar.

Mas os publicitários que elaboraram a campanha de divulgação do evento (leia-se a imagem, o site, os textos do evento) poderiam ser um pouco mais realistas, né? Ao invés de dizer que o Estado já é todo preocupado, poderia ao menos dizer que eles estão na luta para fazer do Estado um exemplo… Sei lá, soaria menos falso e marqueteiro, eu acho. Será que eu to ficando cada dia mais chata?

Campus Party 2009

Ano passado quando soube da existência desse evento dei pouquíssima bola e achava que apesar de manter um blog e gostar de tecnologia não teria lá muita coisa sobre meio ambiente para aproveitar para meu blog. Mas aí surgiu um convite de um site de meio ambiente para participar do evento. E lá fui eu ver do que se tratava… As minhas impressões você pode conferir aqui.
Esse ano fui convidada pela Maira (organizadora do Campus Verde) para participar novamente e tentar colaborar com a grade de programação. Fiz o que pude, passei alguns contatos, convidei algumas pessoas. No fim rolou uma situação super desagradável, o Hugo Penteado esteve lá na quarta para participar de um debate e mudaram o dia sem avisá-lo! Muito, muito chato.
Mas o que realmente sempre me intrigou nesse evento é: o que as pessoas pensam que existe de relação entre Tecnologia e Meio ambiente? As pessoas que participam do evento se preocupam com isso, sabem que podem e devem colaborar? Como sensibilizá-las?
Na verdade essas inquietações não se limitam a esse evento em particular, mas ao mundo todo. Por que tanta gente ainda não faz nada pelo meio ambiente? Como sensibilizá-las a fazerem a sua parte?
A Paula do Rastro de Carbono, mesmo não estando por aqui, colocou suas inquietações sobre o evento. Eu não discordo das opiniões dela, são válidas com toda certeza, mas será que vale a pena usar tanta energia pra cobrar coisas que os organizadores (e a maioria dos participantes) não estão lá muito preocupados, aliás nem se dão conta da real importância?
Uma coisa que esse evento tem e que acho que não funciona é esse negócio de verde ser separado das outras áreas. Não se pode separar o meio ambiente das outras coisas. Meio ambiente é tudo e deve estar integrado em todas as áreas. Mas uma coisa é certa, “ser verde” só funciona quando os “chefes” do evento, empresa ou seja lá o que for, levam a sério de verdade. É só pegar como exemplo empresas que são consideradas como “verdes”, em todos os casos o alto escalão da empresa está altamente envolvido e comprometido com o tema. Se isso não acontece pode apostar que é só blablabla.
A minha sugestão para o próximo Campus Party é sensibilizar os participantes do evento para o tema ambiental, se os organizadores não se sensibilizaram ainda tentemos fazer ao contrário (apesar de não funcionar assim no mundo coorporativo), vamos sensibilizar os participantes (num número bastante considerável) para que a “parte verde” não seja só uma parte, mas seja um modo de ser do evento e das pessoas que o frequentam. Quem sabe assim a Campus Party possa se tornar um evento mais sustentável.
P.S.: Como o evento ainda não terminou pode ser que algumas coisas ainda sofram alterações no decorrer da semana…