Outro dia fui num evento da GV-CES chamado: “Análise econômico-financeira em projetos de sustentabilidade”, o objetivo do evento era apresentar 2 estudos de caso em que análises econômico-financeiras foram incorporadas em projetos de sustentabilidade.
Confesso que fiquei frustrada. Se isso tivesse sido apresentado há 10 anos eu teria ficado bastante empolgada, mas usar ferramentas de um sistema falho e cheio de problemas para mensurar algo como serviços ecossistêmicos só me mostra a perpetuação do erro, mas ok se é o que convence esse povo eu posso até engolir, mas por que demoraram tanto para isso? Ou será que resolveram mostrar só agora para as pessoas que sustentabilidade pode ser mensurada em valores econômicos?
Mas além dessa frustração teve outra coisa que me irritou um pouco. Acabei fazendo o comentário lá que considerar o uso de análises econômico-financeiras para projetos de sustentabilidade algo inovador é um tanto atrasado na minha opinião, afinal o planeta, os serviços ecossistêmicos prestados por ele e etc, serem considerados apenas recentemente como peça fundamental na estratégia de uma empresa é algo que deixa muito a desejar e que acaba gerando uma angustia em mim, pois eu sempre espero mais das empresas. Sem contar do que levantei ali em cima, usar como solução parte do problema não vai trazer resultados muito diferentes ou inovadores.
Ouvir como resposta desse comentário de que vivemos num sistema complexo e que as coisas não acontecem na velocidade que gostaríamos é algo que aceito, mas usar o argumento de que a pressão para que isso mude tem que vir do consumidor é algo que me dá certa tristeza e acho uma covardia sem tamanho. É quase que colocar a responsabilidade das empresas de serem corretas no colo das pessoas comuns. Se o consumidor fosse de fato ouvido ou levado em consideração não existiria montadora burlando os sistemas de controle de emissão de poluição de carros nos testes de emissões, não teríamos comida sem nenhum valor nutricional sendo vendida ou sequer existiria a obsolescência programada. A pressão social pode até ter sua importância, mas acredito que apenas em alguns casos pontuais, a força da pressão social é muito superestimada quando o assunto é o poder das grandes empresas. Esse papo de que os consumidores, a sociedade, os cidadãos, etc, devem se mobilizar e fazer pressão soa para mim só uma desculpa para justificar a inércia das empresas.