1000 dimensões e 1 história

Mil, milhar, milheiro… O que começou, despretenciosamente, há exatos 1986 dias como mais uma dimensão opinativa nesse mundão interrnético chega hoje à sua milésima publicação. Como muitos, nosso começo foi um humilde blogspot, em template bem básico, onde este que vos escreve tencionava compartilhar suas opiniões e o que mais considerasse interessante quando necessário.

Com o tempo, porém, o projeto meramente opinativo foi sendo deixado de lado. Por dois motivos: primeiro, blogs do gênero há aos milhares e um a mais um a menos não teria importância; segundo, mesmo me considerando um bom articulista (modéstia à parte), faltava-me disciplina e regularidade, além de tempo e paciência para aprender. Assim, passamos inicialmente para a replicação de conteúdo, principalmente por meio de traduções – em especial das tirinhas da série Cectic.

A princípio, foi um sucesso (ao menos para mim): eu tinha material suficiente para me impor uma regularidade e minhas traduções foram aprovadas pelo autor da série. Infelizmente, Cectic foi interrompida pelo autor. Mas havia ainda muito material em seus arquivos, de modo que continuei usando-a por algum tempo. No que essa série mais me ajudou foi na regularidade: comecei com publicações semanais, passei para três publicações por semana e, quando vi, já havia alcançado a meta da postagem diária.

A essa altura, já tinha alguns leitores e me preparava para entrar na faculdade de jornalismo. Tentei fazer um trabalho “jornalístico” cobrindo informalmente o Salão do Automóvel de São Paulo de 2008. Nisso, não tive muito sucesso. Percebi que meu público, embora fosse incipiente já me acompanhava por meus artigos sobre ciências e curiosidades. Mais seguro e experiente, passei a experimentar com mudanças de layout – que sempre foram positivas e ainda me levaram a aprender pelo menos o básico do básico de HTML e CSS.

Pela altura de nosso milésimo dia de vida – 21 de janeiro de 2010 – o hypercubic já estava consolidado. Meus estudos de jornalismo levaram-me a trabalhar com pautas e manter um planejamento mínimo para as publicações ao longo da semana. Na academia, fui apresentado ainda ao conceito de divulgação científica, que de certa forma já praticava (e que busquei aperfeiçoar desde então). Também dei início às minhas séries (ou, se preferir, seções fixas), a começar por Em uma palavra, inspirada por minha paixão lexicográfica. Depois vieram, mais ou menos pela ordem, Conflitos Esquecidos, Patentes Patéticas, O Peso do Nome… Eventualmente, os artigos opinativos ressurgiam, principalmente porque meu ateísmo começava a se consolidar.

Assim, já tinha então pelo menos uma ou duas centenas de leitores fieis e começavam enfim a surgir comentários. Passei então a investir em divulgação, submetendo postagens selecionadas para agregadores de blogs como o Ocioso e o Ueba. Já com bom conteúdo e postagens regulares não foi surpresa notar que às vezes apareciam até 600 visitantes por dia. Muitos acabaram explorando os arquivos e resolveram me acompanhar.

Não tardou a surgirem contatos na blogosfera científica: meu primeiro amigo por aqui foi o Luis Brudna (que na época tinha um blog chamado Glúon) e, por ele, consegui algum contato com o Kentaro Mori, do qual já era fã e leitor assíduo do Ceticismo Aberto e do 100 Nexos. Eles também passaram a me acompanhar.

E o ScienceBlogs Brasil? Quando ele surgiu, tive reações ambíguas. Estava na moda criar “condomínios de blogs” e muitos morriam logo depois de nascerem. Um condomínio de blogs de ciência me parecia fadado ao fracasso. Imaginava isso pelos meus próprios padrões de público relativamente escasso – bem, pelo menos na época eu achava que ter entre 200 e 300 acessos fosse um público limitado. O SBBr também me parecia apenas uma “versão brasileira” do ScienceBlogs gringo. Só que não, como se diz hoje. O 100 Nexos e o Massa Crítica, dentre os demais, mostraram-me que havia muito conteúdo original por aqui. No entanto, incomodava-me igualmente a preponderância de blogs de biológicas em detrimento das áreas de exatas e, principalmente, humanas.

Felizmente, isso também foi percebido pelo SBBr, que após se consolidar, procurou expandir o grupo de sciblings a partir do ano passado. Confesso que senti-me tentado a submeter meu material, mas não o fiz porque temia perder minha independência e ainda ter que pagar uma “taxa de condomínio”. A surpresa veio no fim de 2011 na forma de um convite pessoal do Kentaro: meu conteúdo era bom demais para ficar de fora do ScienceBlogs. Fiquei lisonjeado, mas ainda hesitei por uns dias. Observei então todo o processo de crescimento do hypercubic e dei-me conta de que vir para cá seria o próximo passo lógico.

Foi um novo sucesso, tanto que me levou, alguns meses depois, a uma nova surpresa: em abril, sem querer querendo, fui o vencedor do III Prêmio Bê Neviani. \o/

O meu maior prêmio, porém, foi ver que consegui manter minha regularidade mesmo tendo que trabalhar e estudar – e, junto com essa superação, ganhar centenas de leitores. Agradeço muito ao Kentaro, ao Brudna, ao Samir e à Sibele Fausto pelo apoio e confiança (e pelo prêmio, é claro). Os comentaristas, hoje, são muitos, mas gostaria de destacar o Igor Santos, o Takata e o rafinha.bianchin. Suas considerações (e principalmente suas respostas aos Enigmas) me divertem e me motivam muito.

E esse é o fim de nossa 1000ª. dimensão – rumo às 2000!

chevron_left
chevron_right

Join the conversation

comment 0 comments
  • rafinha.bianchin

    Parabéns! E rumo à dimensão 2000! Para citar um poeta aqui do estado,

    Não podemos se entregar pr'os home'
    De jeito nenhum, amigo e companheiro
    Não 'tá morto quem luta e quem peleia
    E lutar é a marca do campeiro
    Não podemos se entregar pr'os home'...

    E quanto a tal faculdade de jornalismo, está fazendo mesmo?

    • Renato Pincelli

      Sim, estou. Ia me formar neste ano, mas por falta de tempo (e de orientador), além de DP em uma ou duas matérias, só me formo no ano que vem.

  • Igor Santos

    Estou levando uma vida vicária através dos seus enigmas. Não agradeça.

    Agora, precisamos colocar um link no nome, não é? rafinha, quando você vai ter o seu próprio blogue?

  • rafinha.bianchin

    É que eu pensava que os jornalistas eram todos "abitolados" que não sabiam resolver funções.
    Achievement unlocked: stereotype destroyer

  • rafinha.bianchin

    [Não tinha visto seu comentário, igor.]
    olha, um blog... eu não me vejo nesta situação... minhas opiniões são deveras pitorescas. não que tenha medo de expor minhas opiniões, não. é que ninguém vai ter opiniões condizentes com as minhas para ler meus textos.
    quem quer saber o que eu acho da entropia no mundo macroscópico, ou qual eu considero o melhor caça da segunda guerra mundial... mas, quem sabe, não é mesmo...

Leave a comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Comment
Name
Email
Website