O Romantismo Medievalista sem dúvida vai confundir futuros arqueólogos (especialmente aqueles que faltaram às aulas de literatura). O primeiro Conde de Hardwicke, Philip Yorke (1690-1764), encomendou apenas um castelo medieval em ruínas para decorar os jardins de Wimpole Hall, sua propriedade rural próxima a Cambridge. Amigo do conde, Lorde Lyttleton (1709-1773) descreveu assim o projeto ao arquiteto Sanderson Miller (1716-1780):
Ele não deseja [ter] uma Casa ou mesmo uma Sala, mas apenas algumas Paredes e a Silhueta de um Velho Castelo como objeto para sua propriedade. No máximo, o que ele quer é uma escada espiralada até o topo de uma das Torres e uma meia galeria próximo dela. Ele [o castelo] terá um belo bosque nos fundos e ficará sobre uma Colina a uma distância apropriada da Residência. Ousei propor que você desenhasse um para sua Lordeza que fosse apropriado aos seus Propósitos. […] Sei que um trabalho desses seria uma Diversão para vós.
Sanderson deve ter se divertido bastante, pois acabaria considerado como “um grande mestre do gótico” na arquitetura inglesa.
Para piorar a possível confusão cronológica, Mr. Yorke (que foi Lord Chancellor entre 1736 e 1757) encomendou sua pseudo-ruína em 1750 — praticamente meio século antes do surgimento do Romantismo Medievalista. Ou talvez o próprio conde tenha, mesmo que inconscientemente, criado as condições para o Romantismo Medievalista: mais de 30 castelos e abadias “arruinados” apareceram nas paisagens e jardins ingleses na segunda metade do século XVIII.
Mas e se a ideia de Yorke já tivesse sido pensada antes? Será que os arqueólogos contemporâneos já teriam sido trollados por ruínas plantadas por razões puramente estéticas?
rafinha.bianchin
As tradições escandinavas sempre falam mais alto.