Pioneiro das nudes na França, ele entrou para a História por suas fotografias da Comuna de Paris
Daguerreotipista francês notável por seus retratos, reconstituições e pelas imagens artesanalmente coloridas em colaboração com Laurie Gouins, com quem ele acabaria se casando em 1855. No ano anterior, Braquehais havia causado sensação ao lançar o primeiro álbum de nus artísticos femininos registrado oficialmente, o Daguerrian Museum.
A partir de 1863, assume integralmente o estúdio fotográfico da família da esposa e começa a trabalhar, de maneira bem-sucedida, com negativos de carbono. Expõe em Berlim em 1865 e em Paris em 1867. Mas o trabalho que o tornaria célebre e o faria entrar para a história seria seu registro fotográfico da Comuna de Paris (1871).
Indiferente às muitas restrições técnicas (a dificuldade de locomoção com o equipamento completo, a lentidão da exposição) e políticas (havia uma lei que censurava “todas as imagens propícias à perturbação da lei e da ordem”), Braquehais “escapuliu” de seu estúdio e registrou cerca de 150 negativos (dos quais 109 sobreviveram) do evento.
Ao contrário de outros fotógrafos da comuna, que focavam apenas na destruição, Braquehais também fez fotografias que incluíam pessoas — famílias diante de barricadas, “celebrações públicas” que reuniam gente de todas as classes e idades —, dando uma face humana à Comuna. Braquehais é considerado, por isso, precursor do fotojornalismo na França.
Entretanto, o envolvimento de Braquehais com a Comuna lhe custaria caro: ele faliu em 1873 e foi preso no fim do mesmo ano, acusado de “abuso de confiança”. Permaneceu encarcerado por pouco mais de um ano, mas saiu de lá com a saúde bastante fragilizada e faleceu em fevereiro de 1875, pouco depois de ser libertado. Braquehais, que era surdo, não teve filhos.
Rapidamente esquecidas após sua morte, suas fotos da Comuna de Paris só seriam redescobertas um século mais tarde, durante as comemorações do centenário do levante parisiense. Atualmente, seus registros fotográficos fazem parte do acervo de diversos museus e arquivos públicos, entre os quais o Metropolitan Museum of Art, a Bibliothèque Nationale e a Bibliothèque historique de la ville de Paris. A nossa Biblioteca Nacional também possui uma cópia do álbum da comuna, adquirido por Pedro II. A Wikimidia e a World Digital Library têm digitalizações de quase todas as fotos da Comuna.