Animais mecanizados com estilo

Um estilo de ficção em um futuro-retrô-vitoriano, com engrenagens e máquinas analógicas é conhecido como estilo steampunk, que ao pé da letra quer dizer “punk a vapor”.

Aqui vai o bestiário steampunk do ilustrador Vladimir Gvozdeff para você entender o que quero dizer:

5.0.2 5.0.2 5.0.2

Via boingboing -> via Pipe Dream Dragon

As mais maravilhosas (e científicas) ilustrações do mundo

ilustração plantas

Esse blogue matou a pau. Scientific Illustration tem um acervo gigante com imagens lindas e de qualidade. E tem link pros artigos e/ou trabalhos de onde foram retirados.

Estou seriamente viciado.

A arte imita a ciência ou a ciência imita a arte?

pterodactilo

Um biólogo metido a crítico na Bienal de Arte e Tecnologia

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Fui na Bienal Internacional de Arte e Tecnologia – Emoção Art.ficial, no Itaú Cultural na av. Paulista.

Há tempos eu não ia a uma exposição, e as pessoas que me invejam por não morarem na capital cultural do Brasil estavam me enchendo o saco para aproveitar mais a cidade.

Para saber sobre a exposição entre no site, porque mesmo na exposição não havia nada de texto. Nem um folhetinho. Em cada obra havia uma telinha com um esquema que não explicava quase nada dela, nem a tecnologia nem a arte por trás da coisa toda.

Primeiro a parte chata – ou de como um biólogo se mete a crítico crítico de arte

As primeiras obras me chatearam bastante (veja a lista de obras aqui). No começo só haviam obras “interativas”, como os Bion, uma obra bem bonita mas que de tecnológico só tem um sensor de proximidade que diminui a intensidade da luz de LED dentro dele. Bonitinho mas ordinário, ainda mais quando foi ver quem é o “cientista” no qual o artista Adam Brown se inspirou: um maluco chamado Wilhelm Reich que inventou uma “energia biológica primordial” chamada orgone. Era tão charlatão que morreu na cadeia preso por vender aparelhos que curavam de tudo com esta energia. Mais ou menos como o aparelho bio-quântico.

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Além desse haviam as Hysterical Machines, que se movem inesperadamente com a presença de humanos, mas de forma nada orgânica como propõe o artista; e Prosthetic Head que é a cabeça do artista em 3D usando um programa de inteligência artificial já bem antigo para responder perguntas do visitante. 

Essas três obras me chatearam porque esperava coisas mais inovadoras. Essa história de interatividade é muito anos 90 pro meu gosto.

O prêmio “desperdício de oportunidade” vai para Silence Barrage:
“Robôs movem-se verticalmente ao longo de várias colunas, deixando rastros que são, na verdade, a representação dos disparos de neurônios de roedores, cultivados num recipiente de vidro localizado a milhares de quilômetros de distância. Paralelamente, sensores ao largo da instalação capturam os movimentos do público, que, por sua vez, também fazem os robôs se deslocarem.”
Legal… mas como assim? Os disparos dos neurônios? Ahn?!

Pois é, nada é explicado. Nem no site da exposição. Tem os neurônios lá nos EUA, em uma placa, e sabe-deus-como captam algo que faz umas coisas na obra. E ainda a câmera que devia filmar a cultura de célula lá nos EUA estava fora do ar.
Assim, cientistas que trabalham com células (como eu) e publico em geral não se empolgam nem um pouco. Tanto esforço por nada.

Mas a coisa ficou boa. Muito boa!

A coisa começou a melhorar com o Caracolomobile. Primeiro pelo nome muito legal, segundo que isto sim é um tipo de tecnologia que esta mais na moda e mais na ponta da interação homem-máquina. A obra é um ser de movimento e sons que responde aos estímulos recebidos por eletrodos na cabeça de uma pessoa (lembrem do Nicolelis). Alguns sinais são bem fáceis de entender, como quando se morde o chiclete ele solta sempre o mesmo ruído. Mas algumas reações da máquina não são tão decifráveis. Começa assim a vontade de entender a que a máquina está respondendo, ou seja, a tentar conversar com ela (e com você mesmo, já que ela esta respondendo às suas ondas cerebrais).

O Ballet Digitallique é bem legal. Um scanner marca sua silueta parado com os braços abertos. O computador projeta e dá movimento àquela imagem estática. E coloca movimento exatamente onde deve ter, dobrando as juntas de braços, pernas e tronco. Como o computador sabe o que deve se mexer, ou como se move uma pessoa baseando-se só numa imagem estática 2D? Me fez pensar no cérebro, que com padrões simples faz verdadeiras criações e interpretações usando regras simples, que até um computadorzinho pode fazer.

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Mas o mais legal para o biólogo aqui foi o Robotarium SP e o Evolved Virtual Creatures.
O Robotarium é um zoológico de robôs, onde cada um tem um temperamento, ou uma programação, e interagem entre si. Um é calmo e evita entrar em contato com outros, outro é agressivo e avança nos outros; outro só gira sem parar, e assim vai. Todos eles juntos acabam funcionando como um modelo de interação ecológica, em que cada indivíduo tem um comportamento simples, mas como um todo passam a tem um comportamento complexo.

E o Evolved Virtual Machines mostra como mudanças aleatórias + regras simples + tempo, podem sim gerar criaturas complexas e que parecem ter sido desenhadas. Se você entender esta obra você entendeu a mais importante lição de EVOLUÇÃO!

Só ainda não consegui decifrar se aqui a arte inspira a tecnologia ou a tecnologia inspira a arte.

Vagas para designers em laboratórios

A arte com dados

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Não se assuste se logo mais começarem a aparecer anúncios de emprego como “vagas para designers – tratar no laboratório Fulano”

Ajuda dos designers

Hoje os dados das pesquisas científicas estão cada vez mais complexos. E como visualizar uma montanha de números ou mesmo compará-la com outras montanhas de dados? É aí que precisamos de designers. Artistas mesmo que ajudem os cientistas a visualizar seus próprios dados.

O nosso cérebro não se sente confortável olhando para uma tabela ou uma matrix de números. Para isso construímos computadores, para lidarem com esta nossa limitação. Transformar estas informações em algo mais confortável e visual é o que permite que encontremos padrões e relações importantes dentro dos dados de uma pesquisa.

E nada do velho gráfico de pizza ou das barras verticais. É hora de novos formatos, afinal os dados são realmente muito pesados.

Veja este exemplo. Circos, um visualizador de genomas que permite visualisar e até comparar dois ou mais genomas inteiros entre si.

Dados complexos – ajuda da arte

Parece hoje em dia que as grandes descobertas já foram feitas. Coisas como a penicilina, que ao serem descobertas revolucionaram o tratamento de doenças, abriu um campo novo dos antibióticos e deu um salto na nossa saúde.

Mas hoje as descobertas parecem andar mais devagar. E realmente cada vez mais os esforços são maiores para ganhos menores. Porque o que é fácil está na cara. Já foi descoberto por ser muito simples.

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As novas fronteiras do conhecimento estão nos detalhes e em entender coisas complexas.

Por isso os dados que temos que analizar também são muito detalhados e complexos. A coleta de dados deixa de ser um problema, mas a análise deles sim é o pulo do gato.

Não só na visualização de dados que o design pode ser útil para a ciência. E claro que a ciência também pode ser útil ao design, sendo que as duas têm por objetivo servir ao ser humano em suas necessidades.

promo_seed-design-series.pngPara mais exemplos desta interação entre ciência e design, veja esta série de vídeos promovidos pelo Museu de Arte Moderna, MoMA e disponíveis no site da revista SEED.

Se repararmos sob a superfície de nossa sociedade, veremos que durante seus percursos, ciência e design permearam todo o nosso mundo, gerando desenvolvimento, beleza, praticidade,… enfim, cultura.

Leia mais:
Both science and design–forward motors, providers of perspective, guardians of beauty and truth