Corujas são lindas e meio aterrorizantes. Bom, talvez sejam lindas justamente por serem um pouco aterrorizantes, … e redondinhas. Ou seja, meio fofas também
Enquanto eu estava ouvindo um podcast sobre a audição (aliás se você entende inglês DEVE ouvir Causticsoda), citaram a coruja, que é um dos animais com a melhor audição no mundo porque, entre outras coisas, as penas da sua cara formam uma parabólica que joga o som direto nos ouvidos da ave.
Daí eu pensei: se tudo naquele bicho parece pena, COMO SERIA UMA CORUJA SEM PENAS?
Googlei e achei algumas coisas.
A imagem mais bacana que achei foi essa aqui que dá uma ideia de quanto do bicho é pena, e dá pra ver o formato original por baixo daquilo tudo:
Quase que eu me enganei com uma imagem de um filhotão de outra ave pelada, mas parece que o Google também não faz ideia de como é uma coruja adulta sem penas. Juntando a imagem de cima com essa aqui de baixo dá pra ter uma ideia do que seria, mas fico te devendo essa.
Se você tiver algo melhor pra ilustrar isso, por favor me mande nos comentários.
E tem gente que acha que a internet tem tudo. Tsc, tsc…
UPDATE: Por algumas horas eu achei que essa última foto fosse de uma coruja, mas não era e eu alterei o post. Fiquei encanado com o bico e a abertura do ouvido longe dos olhos e confirmei ser outra espécie. Simplesmente não há fotos de corujas peladas. Mas não deve ser mais bonito que isso aí.
Sempre vejo essa comparação entre o olho humano e uma câmera fotográfica, mas fico imaginando se a origem dessa tecnologia foi mesmo bioinspirada ou se é só um jeito didático de explicar essa convergência. Alguém sabe?
E falando em convergência, a convergência adaptativa do nosso olho e o dos polvos é impressionante, mesmo nós sendo primos tão distantes:
Update 10/10/14: O querido Takata do blog Gene Repórter mais uma vez contribuiu nos nossos comentários:
“É mais convergência. As câmaras fotográficas são desenvolvimentos das câmaras escuras (camara obscura, pra quem quer gasta latim) – que eram câmaras mesmo, uma sala escura com um buraco em uma das paredes (como um pinhole, inicialmente sem lentes).
A menção mais antiga que nos chegou até hoje de uma câmara escura é de um texto chinês do séc. 5 a.C. Euclides usou o funcionamento da câmara escura como prova de que a luz viaja em linha reta.
Apesar de Alhazen ser considerado tanto o pai da óptica quanto o pai da oftalmologia, por seus estudos com a câmara obscura e anatomia do olho; parece que a comparação do funcionamento do olho com o funcionamento da camara obscura começou nos anos 1600. Em 1604 Kepler – que leu muito os trabalhos de Alhazen – cunharia o termo ‘camara obscura’ e usaria a compreensão da formação da imagem nela para apoiar a hipótese de que a imagem no olho era formado na retina. http://www.mpiwg-berlin.mpg.de/Preprints/P333.PDF
Com o desenvolvimento de instrumentos ópticos com lentes e seu uso em pesquisas científicas, é possível que tenha começado a bioinspiração.
A pessoa tem dinheiro, educação, é uma das criaturas mais viajadas do Brasil, afinal esse é o trabalho dela, e ainda sim consegue ter um nível de ignorância extrema. Pelo menos ignorância científica.
Confiança cega por métodos velhos de tradições antigas, é uma coisa que pode ser perigosa e cruel. (Confiança cega na ciência também. Por isso fique sempre atento).
Estou falando de uma estrela da TV, mas dessa vez foi a Glória Maria (não confundir com Ana Maria) que disse não viver sem o chá de ninho de passarinho tailandês.
Esse tal ninho é feito por duas espécie de andorinhão, Aerodramus fuciphagus e Aerodramus maximus (achei fontes citando o Collocalia Fuciphaga também, mas são todos andorinhões), e é feito de baba. Isso mesmo. Não é feito de galhos e folhas: o macho da espécie produz uma baba que endurece e forma o ninho. Nojento, né?
E é disso que se faz uma sopa, que é usada pela medicina tradicional (=velha) chinesa para várias coisas: boa saúde, tratar infecções, vitalidade e, como tudo na velha medicina chinesa, vigor sexual!!! Assim como os chifres de rinocerontes, agora em extinção.
Mas a Glória Maria revelou que não faz sopa, faz um chá com o ninho de baba para manter a juventude.
Nas palavras da Paulinha, minha colega que compartilhou a notícia: A mulher fala uma bizarrice dessas e todo mundo acha normal?!
Bom, nem Paula nem eu achamos normal, por isso resolvi apurar.
Infelizmente tive que assistir um trecho do programa Estrelas, com Angélica.[Pior que isso só se fosse com o marido dela.]
O vídeo tem dois pontos altos que eu vou contar para você não ter que assistir essa droga e nem dar audiência para a página que o carrega.
De onde vem esse ninho?
Glória diz, com a maior tranquilidade, que os coletores de ninhos tiram o primeiro ninho feito pelo andorinhão, que é branquinho. O bichinho fica nervoso e faz outro ninho, que sai com uma cor mais amarelada que o anterior por cauda do estresse. Aí tiram esse dele também e o passarinho faz um outro, mais escuro ainda, com toda raiva e estresse que ele tem em seu coraçãozinho. E tiram esse dele também. É este terceiro que é o “bão”, o tal elixir, produto do estresse, da tortura e do desespero de um pequeno pássaro tailandês. É este que, SEGUNDO A LENDA, sustenta a gloriosa beleza da Glória (… glória, aleluia!).
Além de estressar o bicho, é claro que uma iguaria cara como esta (que custa até 100 dólares por sopa nos Estados Unidos) gera um comércio massivo que diminuiu muito o número de ninhos e, consequentemente, de pássaros nas regiões de coleta! E só como uma cereja no bolo, muita gente morre coletando esses ninhos de paredões e cavernas.
Mas fazer o quê, né? Vale tudo para manter a beleza e o vigor sexual de uma jornalista/celebridade/viajante brasileira que acredita em clamores místicos de uma medicina sem base científica, não é mesmo? Vai um pó de chifre de rinoceronte aí?
Eles, os negros
Dizer que orientais e negros não enrugam já é um dado difícil de confirmar. Se alguém tiver algum estudo sobre isso me mande, por favor. Agora, falar que isso se deve ao ninho de passarinho é demais. Não achei registro de uso de ninho na África. E outra coisa, Glórinha: “eles” os negros? Pô, e você é o quê? Se sua pele é bonita e você não aparenta ter a idade que tem (especula-se 65) pode ser pela sua ascendência negra, querida! Sorte sua. Mas chega de comer baba de passarinho né, querida!
O endereço da entrevista (tá aqui pra constar mas não clique, please):
http://gshow.globo.com/programas/estrelas/O-Programa/noticia/2014/05/gloria-maria-presenteia-eva-filha-de-angelica-com-um-vestido-de-marrocos.html
Um estilo de ficção em um futuro-retrô-vitoriano, com engrenagens e máquinas analógicas é conhecido como estilo steampunk, que ao pé da letra quer dizer “punk a vapor”.
Saiu o podcast que eu gravei para o Bule Voador sobre uso de animais em pesquisas. Se você não conhece o Bule Voador veja do que se trata aqui. São amigos bem polêmicos do RNAm.
Foi um ótimo papo. Eu estou meio sério porque é um assunto delicado e eu não quis acabar fazendo uma brincadeirinha que podia ser mal interpretada.
De qualquer forma pude mostrar todo meu pessimismo com relação a uma solução definitiva para este problema, mas mostrei também meu otimismo com o diálogo entre as partes, que deverá ser constante e respeitosa como foi neste podcast.
Gente, notícia bombástica: encontraram uma espécie na China que ninguém sabe identificar. Vejam que esquisito:
Isso chegou na lista de discussão do SBBr pela Claudia Chow, vizinha do Ecodesenvolvimento, mas a princípio fui cético. Aponto aqui alguns trechos do texto que me fizeram desconfiar:
“Ninguém sabe que criatura é essa.” – Ninguém? Onde estão esses zoólogos que não souberam dizer a espécie do bicho?
“O animal foi entregue por um homem anônimo…” – How convenient.
“… para um zoológico no leste da China.” – OK, qual?
“… mas acreditam ser um tipo estranho (bem estranho) de macaco ou algum cruzamento exótico entre Lemures (aquele do “eu me remexo muito” do Madagascar) e alguma outra coisa interplanetária.” – Eu nem perderei meu tempo comentando a “super expressão técnica” usada, “um tipo estranho de macaco” é prá rasgar o diploma de qualquer zoólogo. Meu problema foi a afirmação seguinte: quem foi o FDP que fez uma afirmação dessas? Trocando em miúdos, para o zoológico “é um macaco bizarro ou um híbrido extraterrestre”? WHAT?
Mas enfim, fiquei curioso e busquei mais informações no Google. Qual não foi minha surpresa quando descobri que esse tipo de descoberta tem acontecido muito ultimamente. Vejam algumas das imagens abaixo, são só uns poucos casos desse tipo que ainda estão em aberto e desafiam os maiores especialistas em identificação animal:
E, o mais assustador de todos. No Brasil (acreditem!!!) foi registrada uma aparição DUPLA dessas estranhas criaturas:
Preciso confessar: se no início eu estava cético, agora fiquei extremamente preocupado…
Olhe o absurdo: um cientista da computação mexicano recebe uma caixa com o aviso “parabéns, aqui está o prêmio que você ganhou”. Ao abrir, o pacote explode. Era uma bomba. Armando Herrera Corral e seu colega Alejandro Aceves López estão hospitalizados, e só não estão em um necrotério porque a bomba não explodiu completamente, mas havia explosivo para derrubar um pedaço do prédio.
Em abril e maio outras bombas foram enviadas para um centro de nanotecnologia mexicano, que por sorte falharam.
Os terroristas são um grupo que odeia cientistas que trabalham com nanotecnologia e computação, por acharem que o mundo vai ser dominado por uma inteligência artificial. Os caras acham que Exterminador do Futuro era um documentário, fala sério.
Como tudo que eles querem é publicidade eu não coloquei o nome do grupo aqui. Se você quiser mesmo saber pode achar facilmente por aí.
Ataques a bomba a cientistas não são novidade, mas normalmente os terroristas são ativistas pelos direitos animais. Destroem casas, carros e laboratórios por todo o mundo e aqui no Brasil também. Um laboratório já foi totalmente destruído e um amigo bem próximo, trabalhando no laboratório de uma das maiores universidades de São Paulo, atendeu o telefone para ser avisado que devia sair do prédio pois havia uma bomba no jardim. E era uma bomba mesmo! De terroristas pró-animais-não-humanos – afinal, lembre-se que nós somos animais também. E novamente não vou dar nomes para não dar publicidade ao grupo.
Esses caras estão num nível de loucura tão grande que um colega foi a um congresso de bem-estar animal, afinal quem trabalha com animais se preocupa sim com seu bem-estar, mas percebeu que o congresso só tinha pessoas anti-experimentação animal(-não-humano). E se deparou com um dos ícones desse movimento dizendo que as pessoas não sabem fazer ameaças direito, e passou a ensiná-las como fazer! “Tem que descobrir onde o filho do pesquisador estuda, colocar um bilhete na mochila do moleque, pra saberem que você sabe da vida dele”!!!
Eu tenho medo desse pessoal anti-experimentação. Eles são sempre muito agressivos em discussões. Veja um desses meus encontros com eles aqui.
Eu entendo a motivação desse pessoal, mesmo não concordando com eles, mas partir pra violência não tem cabimento nenhum.
E, desculpem meu humor negro, mas eu queria dizer outra coisa com “precisamos fazer a ciência bombar no Brasil”.
Eu não sou zoólogo, mas dá pra não se apaixonar pelas aranhas?! Para isso é so olhar essas coisas sensacionais que outro não-zoólogo apaixonado juntou no Rainha Vermelha.
Aqui na BBC tem o vídeo de uma ressonância magnética em uma aranha! Coisa que eu nunca tinha visto antes. E dá pra ver o coração batendo! Sim, aranhas parecem cruéis mas elas tem coração, ou algo que se parece com um.
Não é tao bonito quanto elas por fora, mas ainda sim vale a pena.
Para que estudar o coração da aranha?
Bom, imagine como é dificil definir os batimentos delas: um estetoscópio bem pequenininho e impreciso ou enfiar uma agulha dentro da aranha. Melhor mesmo a ressonância.
Interessante que na reportagem o pesquisador diz que pode ajudar a pesquisa com venenos e “venenos tem aplicação na agricultura como pesticidas”. Isso parece o papo de pesquisador que precisa pôr no projeto algum objetivo intere$$ante economicamente para poder receber dinheiro para a pesquisa.
Mas o mais legal (e aposto que é a real intenção do pesquisador) é que pode-se usar a ressonância no cérebro do bicho, e talvez até estudar seu comportamento por dentro, como é feito em humanos no escaneamento funcional (fMRI), ajudando assim no estudo da evolução do comportamento e da inteligencia.
Uma pergunta muito digna esta se as girafas boiam (digna de uma criança de 4 anos, que têm sempre as melhores perguntas e são cientistas natas).
Eu não saberia nem chutar uma resposta. O que você acha? Com aquele pescoço comprido parece que ela ficaria sempre pendendo para frente sem conseguir deixar a cabeça pra fora. E aquelas pernas finas com certeza não seriam bons remos para nadar.
Um teste óbvio seria jogar uma girafa numa piscina bem grande. Mas apesar de parecer uma cena hilária para a gente, seria aterrador para a girafa. Então pela ética (e principalmente porque ninguém pagaria por isso) fica impossível fazer esse teste.
Para resolver isso, um cara curioso, Darren Naish que escreve para a revista Scientific American, tem um amigo muito interessante que pode ajudar.
Esse amigo é Donald Henderson do Royal Tyrrell Museum of Palaeontology que criou por computação modelos tridimensionais de dinossauros que ele usa para estimar quanto um dinossauro pesava e se era aquático ou terrestre. E nada mais parecido com um brontossauro (ou braquiossauro, sei lá) do que uma girafa, concorda? Pelo menos a silhueta é a mesma, certo?
Então foi só construir um modelo de girafa e jogar na água, respondendo a pergunta, que era: girafas boiam?
A resposta é SIM!
E podem nadar de forma bem precária, coitadas. Tomara que nunca precisem disso para sobreviver.
Assim pudemos ver que modelos computacionais são uma mão na roda quando você não pode fazer o teste real, por mais hilário que ele possa ser.