Resenha em cápsula (II): Autofagia do capital

Por: Leonardo Dias Nunes

Em seu livro A sociedade autofágica, o filósofo Alselm Jappe estabelece uma relação entre o capitalismo e o narcisismo. O autor argumenta que não é possível saciar a sociedade que busca incessantemente acumular dinheiro. Por isso, contraria o filósofo I. Kant, pois, já não há como conceber uma sociedade que caminha constantemente para o progresso. Jappe afirma que a crise capitalista impede que todos os indivíduos de uma sociedade se transformem em indivíduos modernos, pois a atual revolução industrial tornou a maior parte dos seres humanos supérfluos para o processo produtivo e, por isso, eles já não conseguem emprego para se realizarem na sociedade burguesa. Jappe enfatiza que todo tipo de pensamento contemporâneo, para que seja crítico, precisa fazer a crítica da economia política. Por fim, o autor reitera que o fracasso da difusão do indivíduo moderno tende a torná-lo um indivíduo violento, um “homicida-suicida”. Assim, no fechamento do livro, Jappe conclui que a racionalidade mercantil leva ao surgimento de ideologias suicidas. Diante desta realidade, para superar a crise do indivíduo moderno torna-se necessário superar a “forma-valor” existente no capitalismo.

JAPPE, Anselm. A sociedade autofágica: capitalismo, desmesura e autodestruição. São Paulo: Elefante, 2021.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*