A obra de Frantz Fanon, intelectual nascido na Martinica, é uma das mais relevantes para se entender a circulação de ideias no contexto de intensificação dos movimentos de independência na década de 1960. Quais territórios na África proclamaram autonomia política frente aos impérios coloniais a partir da segunda metade do século XX? Em 1957, cinco anos depois da publicação da primeira edição de “Pele negra, máscaras brancas”, Gana se livrou do domínio político e militar britânico. Camarões obteve a independência em 1960, mesmo ano da autonomia conquistada por Nigéria, territórios que compunham a África equatorial francesa, Sudão Francês (que viraria o Mali), Somália, Madagascar e outros países. No ano seguinte, quando foi publicada em francês a primeira edição de “Os Condenados da Terra”, com prefácio de Jean-Paul Sartre, Tanganica, Zanzibar e Serra Leoa deixaram a condição de protetorados britânicos.
Vou economizar linhas sobre a trajetória intelectual Fanon porque há vários resumos de sua biografia, como no blog [simple_tooltip content=’Idealizado pelos alunos da disciplina de História da África do curso de Ciências Sociais e História da Fundação Getulio Vargas com parceria e orientação do Professor Cláudio Pinheiro.’]África em questão[/simple_tooltip]: https://africaemquestao.wordpress.com/mini-biografias. Recomendo o blogrol e a seção de entrevistas do África em questão para quem tiver interesse nas pesquisas sobre histórias conectadas no continente africano.
Na década de 1960, do outro lado do Atlântico Sul, o “mito da democracia racial” era colocado sob suspeição e crescia o interesse pelo “pensamento de Fanon”. A bibliografia sobre a recepção do autor nos circuitos intelectuais brasileiros é crescente. O professor da USP Antonio Sérgio Alfredo Guimarães publicou em 2008 o artigo “A recepção de Fanon no Brasil e a identidade negra” na revista Novos Estudos Cebrap. Mário Augusto Medeiros, do Departamento de Sociologia da Unicamp, teve seu artigo “Frantz Fanon e o ativismo político-cultural negro no Brasil: 1960/1980“, publicado na Estudos Históricos em 2013. Por fim, vale mencionar que a tese de doutorado “Por que Fanon? Por que agora?”, defendida por Deivison Nkosi Faustino na UFSCar, recebeu menção honrosa do Prêmio Capes na área de Sociologia em 2016.
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