Divulga Cientista – Luiz Hildebrando

Luiz Hildebrando Pereira da Silva

Morreu na noite da última quarta-feira (24) Luiz Hildebrando Pereira da Silva (86), diretor do Instituto de Pesquisa em Patologias Tropicais de Rondônia (Ipepatro) ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O cientista, que era um dos maiores pesquisadores mundiais em doenças negligenciadas, era graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e foi um dos responsáveis pela organização do Laboratório de Parasitologia e do ensino da disciplina na Faculdade de Medicina de João Pessoa/PB.

Desenvolveu diversas pesquisas na área epidemiológica, como esquistossomose e doença de Chagas. Foi preso após o golpe militar de 1º de abril de 1964, em seguida processado e demitido da USP. Nessa volta à Paris e ao Instituto Pasteur, trabalhou com o Harvey Eisen. Desde 1998, Hildebrando voltou a trabalhar na Amazônia, desenvolveu importantes pesquisas sobre malária e outras doenças tropicais e criou o Instituto de Pesquisas em Patologias Tropicais.

Cientista ativo, Hidelbrando publicou o artigo Antibody recognition of Plasmodium falciparum infected red blood cells by symptomatic and asymptomatic individuals in the Brazilian Amazon, em co-autoria com pesquisadores da USP e Unicamp, na edição de agosto da revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz (vol. 109, n. 5, 2014).

O estudo analisa a ausência de casos de malária severa na região da Amazônia, bem como poucos casos fatais de infecção natural por Plasmodium, por meio da presença de proteínas na superfície de glóbulos vermelhos infectados que poderiam funcionar como marcadores e responder sobre a ausência de sintomas ou a imunidade dos pacientes.

A pesquisa “poderá ser uma ferramenta útil “para entender se P. falciparum com baixa virulência existe, o que poderia potencialmente explicar biologicamente a ausência virtual de malária severa na Amazônia brasileira”, concluem os autores.

Além desse artigo, Hildebrando coordenou outros trabalhos sobre malária, como a criação de dois importantes centros de estudo da doença no Senegal, a Unidade de Produção de Primatas Modelo para Malária Experimental em Cayenne e a Unidade de Terreno em Diemo. Já no Brasil, seus estudos levaram a uma queda drástica da doença na região de Roraima, que entre as décadas de 1980 e 1990 representava 40% dos casos de malária na Amazônia, e nos anos 200, já representava 12%.

Artigo: Antibody recognition of Plasmodium falciparum infected red blood cells by symptomatic and asymptomatic individuals in the Brazilian Amazon
Autores: Alessandra Sampaio Bassi Fratus, Fernanda Janku Cabral, Wesley Luzetti Fotoran, Márcia Melo Medeiros, Bianca Cechetto Carlos, Rosimeire dalla Martha, Luiz Hildebrando Pereira da Silva, Stefanie Costa Pinto Lopes , Fabio Trindade Maranhão Costa e Gerhard Wunderlich
Revista: Memórias do Instituto Oswaldo Cruz

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