Divulga Cientista – Augusto Ruschi

Ruschi retratado pela revista Manchete, na década de 1970, alimentando um beija-flor pela boca.
Ruschi retratado pela revista Manchete, na década de 1970, alimentando um beija-flor pela boca.

“A capacidade de destruir do homem partiu do arco e flecha,
chegou à bomba atômica e irá muito além dela. Mas a Natureza
lhe cobrará tributos cada vez maiores, e se desejarmos continuar
como elementos integrantes dessa mesma Natureza, a quem
devemos uma grande parcela de nossa existência,
façamo-lhe justiça, conservando-a”. Augusto Ruschi

Na próxima quarta-feira, 3, completa-se quase três décadas da morte de Augusto Ruschi, naturalista e ecologista brasileiro, importante por seus estudos sobre plantas e aves, em especial o beija-flor e as orquídeas.

Nascido em Santa Tereza, no Espírito Santo, em 12 de dezembro de 1915, Ruschi é considerado uma figura polêmica no meio científico. Primeiro por sua trajetória na defesa do meio ambiente, o que ocasionou diversas disputas com os setores público e privado pela preservação ambiental. Além disso, parte de seu trabalho tem sido questionado, principalmente por sua metodologia.

De qualquer forma, sua contribuição para o ambientalismo e para a ciência nacional — que resultou em mais de 400 artigos e 20 livros científicos — o consagrou como um dos grandes estudiosos de sua época. Em 1994, por exemplo, através de lei federal, foi-lhe concedido o título de Patrono da Ecologia no Brasil, sendo também um dos ícones mundiais da proteção ao meio ambiente.

Ruschi ingressou em 1936 na faculdade de Agronomia de Viçosa, em Minas Gerais, terminando, entretato, o curso em Campos, no Rio de Janeiro.

Com 22 anos, já residindo na capital fluminense, começou a trabalhar no Museu Nacional, ligado à Universidade do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro) e obteve o cargo de professor titular de Botânica na universidade.

Porém, seu habitat eram as florestas, e poucos meses depois, abandonou o trabalho e voltou para sua cidade Santa Tereza, onde dirigiu a Estação Biológica de Santa Lúcia, e fundou o Museu de Biologia Professor Mello Leitão.

Ao longo de toda sua carreira, foi um dos primeiros a denunciar o início da derrubada da floresta amazônica e a enfrentar a Ditadura Militar em nome da ecologia. Atuou também a favor dos indígenas, e defendeu a ideia de uma possível escassez de água no mundo, do aquecimento global, e os efeitos danosos da agricultura em larga escala, com fertilizantes e agrotóxicos.

Recebeu inúmeros prêmios e distinções, além de ter sido presidente de fundações e comissões de pesquisa, como a Comissão de Reestruturação do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, da Comissão da Floresta Atlântica, e do Conselho de Cultura do Estado do Espírito Santo.

Seu nome foi atribuído à diversas instituições científicas, além de ruas, escolas e prêmios, como a Medalha Augusto Ruschi, concedida desde 1986 pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência a cidadãos brasileiros que contribuíram de maneira relevante nas áreas de ecologia e ciências da natureza. Por fim, recebeu a Ordem do Mérito Dom João VI no grau de comendador, além de cinco troféus, dezesseis placas e vinte e três medalhas.

Ruschi morreu em 3 de junho de 1986, em Vitória, no Espírito Santo, fragilizado por várias malárias e esquistossomoses que contraiu durante as pesquisas de campo, agravados com o efeito da hepatite C.

Share