Por Kátia Kishi
O Brasil possui além de suas belezas naturais, reconhecidas pelo mundo todo, muitos sítios arqueológicos que colaboram para o conhecimento mundial sobre as migrações e história do homem. Mas essas riquezas de conhecimento não foram preservadas sozinhas, tiveram colaboração de muitos pesquisadores brasileiros e estrangeiros para proteger essas regiões de caçadas e destruições, como da arqueóloga brasileira Niède Guidon.
Niède Guidon nasceu em Jaú, interior de São Paulo, se graduou em História Natural pela Universidade de São Paulo (USP), e se especializou em arqueologia pré-histórica pela Universidade de Sorbonne, em Paris, mesma instituição onde defendeu seu doutorado em pré-história. Nos anos 60 trabalhou como pesquisadora do Museu Paulista, mais conhecido como Museu do Ipiranga, e entre seus trabalhos fez uma exposição sobre inscrições rupestres. Nesse ambiente, teve contato com imagens de pinturas em rochas, diferentes das inscrições que trabalhava, nas proximidades de Raimundo Nonato, Piauí, e decidiu conhecer a região. No entanto, não conseguiu prosseguir com suas pesquisas após ser denunciada como comunista no período ditatorial brasileiro e se mudou para Paris, onde em 1977 começou a lecionar na Ecole des Hautes Études en Sciences Sociales (Ehess).
Mesmo ausente do Brasil, em 1973 integrou a Missão Arqueológica Franco-Brasileira, apoiada pelo governo francês, e coordenou a missão na Serra da Capivara, Piauí, com a colaboração de pesquisadores da USP e em dois meses descobriram 55 sítios arqueológicos. O resultado positivo permitiu que em 1978 a missão francesa se tornasse permanente na região para novas descobertas e Guidon lutou no governo federal brasileiro pela preservação das riquezas na região, dando origem ao Parque Nacional da Serra da Capivara em 1979 e desde 1991 é considerado patrimônio cultural da humanidade pela UNESCO (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization).
Suas pesquisas na região permitiram o desenvolvimento da teoria de que o homem veio para a América da África, pelo oceano Atlântico, além de diversos achados arqueológicos que datam mais de 100 mil anos.
Atualmente, Guidon é diretora da Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM), no Piauí, e já recebeu diversos prêmios nacionais e internacionais, como a medalha comemorativa dos 60 anos da UNESCO, em 2010, pela relevância de suas pesquisas e trabalho em preservação e divulgação dos patrimônios culturais da humanidade.
Também possui uma extensa publicação em livros e periódicos nacionais e estrangeiros, como a Nature e muitas outras. Confira algumas publicações de Niède Guidon em revistas brasileiras:
Artigo: Pesquisas arqueológicas na região do Parque Nacional Serra da Capivara e seu entorno (Piauí 1998 2008)
Autores: Niède Guidon , Anne-Marie Pessis , Gabriela Martin
Revista: FUMDHAMentos (v. VIII, p. 1-61, 2009).
Artigo: Dentes e crânios humanos fósseis do Garrincho (Brasil) e o povoamento antigo da América
Autores: Evelyne Peyre, Jean Granat, Niède Guidon
Revista: FUMDHAMentos (v. VIII, p. 62-69, 2009).
Artigo: Parque Nacional Serra da Capivara : sítios rupestres e problemática.
Autores: Niède Guidon
Revista: FUMDHAMentos (v. V, p. 77-108, 2007).
Artigo: Contribuição ao estudo da paleogeografia da área do Parque Nacional Serra da Capivara
Autores: Niède Guidon
Revista: CLIO (Série Arqueológica, Recife, v. 1, n.13, p. 187-198, 2002).
Artigo: A arte pré-histórica da área arqueológica de São Raimundo Nonato: síntese de dez anos de pesquisa
Autores: Niède Guidon
Revista: CLIO (Série Arqueológica, Recife, v. 2, n.7, 1985.).
