Samambaias ajudam a entender transformações de floresta ancestral

Colaboração de Claudia Lopes

 

Dentre as samambaias, a família das himenofiláceas (Hymenophyllaceae) é uma linhagem muito antiga, cujo surgimento remonta ao início do período Cretáceo, antes da divisão do supercontinente Gondwana. Um estudo feito na Argentina sobre a presença e a distribuição de diferentes espécies dessa família numa estreita faixa de florestas úmidas nas encostas orientais dos Andes, as Yungas, trouxe resultados que dão sustentação à hipótese de que, no passado, uma grande floresta se estendia pela área onde hoje se encontra a região do Chaco argentino.

Os pesquisadores Marcelo Arana, Cristian Larsen e Mónica Ponce encontraram nove espécies de himenofiláceas nas Yungas argentinas, registrando um novo gênero e uma nova espécie para a flora daquele país. Eles investigaram as características dessas espécies e seus padrões de distribuição, utilizando conceitos da panbiogeografia. O artigo “Revisión y análisis panbiogeográfico de las Hymenophyllaceae de las Yungas meridionales de Argentina (Selva Tucumano-Boliviana)” foi publicado na última edição da revista Rodriguésia.

Samambaias reforçam hipótese de formação de floresta na Argentina
Samambaias reforçam hipótese de formação de floresta na Argentina. Imagem: Pixabay CC0

“Os padrões de distribuição obtidos apoiam a hipótese de que, previamente, na América do Sul, existia uma superfície de selva muito maior do que a atual, e que foi gradualmente fragmentada em duas partes – uma no oeste (selva de Yungas) e outra no leste (selva paranaense) pelo avanço dos bosques chaquenhos, que são característicos de ambientes mais áridos. Isso provocou a fragmentação e a diferenciação das espécies que habitam os bosques úmidos subtropicais sul-americanos”, explica Marcelo Arana, da Universidad Nacional de Río Cuarto, Córdoba, Argentina.

O estudo revelou também que existe “uma grande variedade de microambientes nas Yungas, que permitem a coexistência de espécies de himenofiláceas com diferentes origens biogeográficas”, afirma o autor. Apesar do alto nível de biodiversidade nas Yungas, esse ambiente ainda é pouco estudado, mas sofre grandes ameaças, principalmente com sua transformação em terras agrícolas nas zonas planas e a extração madeireira e a caça nas colinas.

“Para começar a dar o devido valor a esses ambientes, é necessário conhecê-los, conhecer as espécies que neles habitam, quais as características delas e como, com base nisso, podemos entender a evolução das regiões onde vivem, partindo da expressão do fundador de um método para estudar as relações entre as áreas conhecido como Panbiogeografia, Léon Croizat, que disse que ‘Terra e vida evoluíram juntas’”, conclui Arana.

 

Acesse o artigo completo:

ARANA, Marcelo; LARSEN, Cristian; PONCE, M. Mónica. “Revisión y análisis panbiogeográfico de las Hymenophyllaceae de las Yungas meridionales de Argentina (Selva Tucumano-Boliviana)”. Rodriguésia, vol.67, no.1, Jan/Mar. 2016.

Contatos:

Com o autor Marcelo Arana – marana@exa.unrc.edu.ar

Com a assessoria de comunicação do Jardim Botânico do Rio de janeiro: claudia@jbrj.gov.br ou ascom@jbrj.gov.br

Fone: (21) 3204-2498

 

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