por Carolina Medeiros
Na pesquisa, “Desflorestamento e incidência de malária na região da Amazônia Legal entre 1996 e 2012”, publicada na última edição da revista Cadernos de Saúde Pública (vol.24, n.1, jan/mar, 2016), pesquisadores da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fundação Oswaldo Cruz, concluíram que a queda nos casos de malária no país, a partir de 2004, está associada à queda do desmatamento da região da Amazônia Legal, no mesmo período. Vale destacar que a região concentra 99% dos casos da doença registrados no país, que em 2015 chegaram a 140 mil casos, com 26 mortes segundo o Ministério da Saúde.
A pesquisa comparou as tendências da taxa de desflorestamento da Amazônia Legal e o Índice Parasitário por Malária (IPA), desenvolvido pelo governo Federal e que calcula o número de exames positivos de malária a cada mil habitantes. Levando em consideração o período entre 1996 e 2012 o estudo comparativo apontou que, entre os estados que fazem parte região, o Amazonas foi o que apresentou maior redução no número de casos da doença (71%), seguido pelo Acre, (67%) e Amapá (15%). Os pesquisadores concluíram ainda que, no mesmo período, houve uma redução de 70% do desmatamento da Amazônia, conforme aponta dados do Ministério do Meio Ambiente.
A análise considerou dados de desmatamento obtidos pelo Instituto Nacional de Estudos Espaciais (Inpe), do IBGE e do e identificou que as curvas de desmatamento atinbgiram um pico em 2004 para o desmatamento, enquanto o pico da malária ocorreu um ano depois. “Considerando que o risco de contrair malária está relacionado com mudanças ambientais causadas por atividades humanas, o desmatamento é um fator importante na manutenção do ciclo da doença”, afirma Raphael Mendonça Guimarães e co-autores do estudo.
Os pesquisadores defendem ainda a necessidade de realizar um mapeamento das áreas desmatadas, a fim de controlar o vetor, o mosquito Anopheles, cujo ciclo de vida está fortemente relacionado ao clima, hidrografia e hospedeiros presentes na floresta amazônica, e assim minimizar os casos que ainda são registrados todos os anos, e que fazem com que a doença seja considerada um problema de saúde pública no país. “A mudança no ecossistema permite o acesso e a remoção de vegetação que gera uma exposição ambiental diferenciada da população que vive em áreas de alta densidade de mosquito. Por outro lado, o desmatamento cria áreas de moradias, aumenta a população local, consequentemente agravando a magnitude da malária nessas localidades”, afirmam os autores da pesquisa.