Perdoem o chavão, mas do mesmo modo que o regador foi regado, o feitiço virou contra o feiticeiro e o exorcista acabou exorcizado. Um homem foi declarado morto no último dia 5 [de setembro] após realizar um ritual de exorcismo de uma casa na vila de Pelanwatte, no Sri Lanka (ex-Ceilão, ex-Taprobana). Maxi Castro, de 32 anos, é — quer dizer era — um autoproclamado exorcista e havia sacrificado um gato no início do ritual. Até aí, tudo bem (menos pro bichano).
Depois de dar instruções aos assistentes, Castro se enterrou numa cova rasa. De acordo com as instruções, ele só poderia ser retirado da cova ao levantar uma espada através do solo. Segundo a polícia cingalesa (ou seria srilanquesa?), os assistentes ficaram preocupados quando, depois de três horas de espera, perceberam que o exorcista espada não teve a ereção (da espada mesmo, não do órgão sexual) prometida. Castro foi exumado, mas já estava inconsciente. Ele morreu a caminho do hospital. A espada não foi encontrada para comentar o caso. O bichano muito menos.
Antes de ser inumado por vontade própria e exumado meio a contragosto, o exorcista havia sido chamado pela proprietária do imóvel, Wasantha Bandara. Bandara, que é professora, andava muito preocupada por estar experimentando uma maré de má sorte. Azar mesmo, embora não saibamos se era no pessoal ou no profissional (ou se era caso de trazer o amor de volta em três dias). O que sabemos é que seis meses antes, ela havia acompanhado um exorcismo de Castro num templo e queria que ele fizesse o mesmo em seu lar. “Ele disse que eu tinha má sorte porque alguém havia espalhado cinzas humanas pela minha casa,” explicou Bandara à mídia local, “mas ele poderia expulsar os maus espíritos através desse ritual.”
Porque, em vez de simplesmente varrer a casa ou passar um aspirador de pó, a Profª. Bandara buscou um exorcista? Embora o Sri Lanka seja predominantemente budista, crenças populares na magia negra, na bruxaria e na forma local do exorcismo ainda persistem.
Gente como Maxi Castro — que se apresentava como um yakadura ou “Demon Doctor” — é chamada para fazer o tovil, ritual srilanquês que expulsaria demônios e outros espíritos que seriam os resposáveis pela má sorte e pelas doenças. O tovil é uma cerimônia altamente elaborada e pode durar horas — por isso, a princípio, ninguém estranhou a demora do sinal da espada de Castro.
Além de complexa (e um tanto broxante, dependendo do caso), a cerimônia não é nada barata. Um exorcismo pode custar o equivalente a três meses de salário de um trabalhador srilanquês médio (uma professora do Sri Lanka talvez ganhe menos que a média). E, ao contrário de um aspirador de pó, o tovil não tem garantia de um ano. Se Bandara estava azarada com supostas cinzas humanas, que dirá agora que teve um defunto de verdade no quintal? Não sabemos se o Sri Lanka tem um PROCON nem se, em caso afirmativo, como um Celso Russomanno cingalês reagiria. Não foi nada bom pra ambas as partes.
Teria sido mais simples comprar um aspirador de pó, minha senhora! Dá pra pagar em três parcelinhas e — a não ser que você realmente fosse muito azarada, digo, estúpida — é praticamente inofensivo.