Libras: língua nas mãos e na face

Libras, a língua de sinais brasileira, é a segunda língua oficial de nosso país segundo uma lei federal de 2002. Contrariamente ao que muitas pessoas imaginam, a libras é uma língua natural. O que isso quer dizer? Que da mesma forma que português, inglês ou qualquer língua oral, a libras tem uma gramática, tem sinais para expressar tudo que as pessoas que dela se servem querem transmitir, com sinais que, em muitos casos não lembram nada o que representam. Isso significa que, como o som da palavra “pão”, por exemplo, não tem nada a ver com o pão que comemos, muitos sinais não nos permitem lembrar o que representam. As línguas de sinais, cerca de 130 no mundo, variam entre si também. Alguém que usa a língua de sinais japonesa dificilmente compreende alguém se expressando na língua de sinais americana, por exemplo. Assim, a libras não é uma série de pantomimas ou gestos universais: é uma língua como qualquer outra em termos da comunicação. O que difere é seu modo de realizacão, que é visuo-espacial.

Expressar-se em libras por meio das mãos, cabeça, face e tronco oferece assim um modo diferente de fazer coisas que fazemos com o som. O sussurro não é falar baixinho, mas esconder os sinais de um terceiro sinalizador. O grito é a maior amplitude e agitação dos sinais feitos, assim como também é para o sinal sonoro. Interpretar uma peça qualquer é, como numa dança, expressar por esses outros gestos (manuais e não manuais) a criatividade da relação entre intérprete e o conteúdo que quer expressar. Enfim, aprender essa bela língua é entrar num mundo novo de sensações e modos de se expressar.

Veja uma entrevista com André Xavier (UFPR) e Plinio A. Barbosa (Unicamp) aqui: http://www.rtv.unicamp.br/?video_listing=lingua-brasileira-de-sinais

1 Comentário

  1. Tudo bem, Prof. Plínio?
    Texto bem legal sobre uma das nossas muitas línguas faladas em território brasileiro. O paralelo traçado entre Libras e as demais línguas orais mencionadas no texto para dizer que não se trata de "gestos", no sentido usual - e não específico, como se faz em Fonética e Fonologia -, mas sim de outra forma de manifestação da linguagem, é o que mais chama a atenção para mostrar que Libras também é uma língua natural. Senti falta, entretanto, de algum dado referente a quantas pessoas falam Libras no país atualmente. Apesar disso, o texto é simples e rico, no final das contas.

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