Existe uma língua da ciência? Alguns cientistas defendem que a matemática, com suas fórmulas e seus símbolos unívocos, seja a língua universal. Aliás, parece ser essa a ideia mais difundida nos filmes de ficção científica em que o interlocutor é extraterrestre. Mas o que significa determinar uma única língua para a prática científica? Quais são os efeitos na sociedade de se estabelecer uma hierarquia entre as línguas que seriam “aptas” para divulgar internacionalmente o conhecimento? Que impactos em termos de legitimação ou desqualificação essa escolha produz sobre os diversos sujeitos e espaços que produzem ciência? Estas questões merecem uma discussão ampla e bem fundamentada, porque as respostas nos revelam o confronto histórico entre línguas e saberes e mostram as relações de poder e dominação que determinam os processos de produção de conhecimento.
Tainá Lopes pesquisou essas relações, tal como elas aparecem representadas no programa Ciências sem Fronteiras.
A dissertação de mestrado defendida pela autora está disponível na Biblioteca Digital da Unicamp. Clique aqui para ler o resumo.
Veja a seguir a entrevista realizada pelo Jornal da Unicamp com a pesquisadora.
A matemática é vista como língua universal não somente em ficção com alienígenas, mas também nas tentativas de envio de material para o espaço na tentativa de que, algum dia, seres vivos 'inteligentes' o encontrem e o codifiquem. Foram 2 tentativas até hoje e muitos físicos argumentam que é impossível que alguma forma de vida 'inteligente' não saiba o que fazer com a informação. Para eles "a linguagem binária é a mais básica do universo"... isso na nossa cabeça! No nosso conhecimento de 'universo'! O que será que as 'vidas inteligentes' de outros planetas teriam a dizer sobre isso?
O assunto é bem interessante. Lerei a dissertação assim que tiver um tempinho =)