Resenha em cápsula (IV): O polímata

Por: Leonardo Dias Nunes

Em seu livro O polímata – uma história cultural de Leonardo da Vinci a Susan Sontag, Peter Burke realiza uma história social e cultural centrada no conhecimento acadêmico criado entre os séculos XV e XXI. Sua definição de polímata contempla os indivíduos que realizaram contribuições para diferentes áreas do conhecimento científico. Com esse recorte, foram retirados da análise os empresários, políticos e atletas que também possuem vasto conhecimento. Ao longo do livro, o historiador inglês apresenta a biografia de quinhentas pessoas que contribuíram para diferentes áreas do conhecimento. Burke reconstitui o contexto histórico em que os polímatas pesquisados viveram, se formaram e se desenvolveram. Munido dessas evidências e análises apresenta o retrato de um grupo social dotado de muita curiosidade, poder de concentração, memória e imaginação. Não esquecendo da constante inquietação, da imensa energia voltada para o trabalho, da competição e da capacidade de se divertirem com o que faziam. Ao se aproximar do período histórico contemporâneo, Burke aponta para a atual crise das universidades, local que já foi o ninho da polimatia. Entretanto, devido ao aprofundamento da especialização do saber existente nessa instituição, torna-se cada vez mais difícil a formação de novos polímatas. Mas, essa não é a primeira vez que uma explosão na criação de conhecimento leva à expansão e à fragmentação do próprio conhecimento. Por isso, de acordo com o autor, há esperança para a superação dessa crise.

BURKE, Peter. O polímata: uma história cultural de Leonardo Da Vinci a Susan Sontag. São Paulo: Editora Unesp, 2020.

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