Resenha em cápsula (V): Alfabeto das colisões

Por: Leonardo Dias Nunes

Em seu livro Alfabeto das colisões: filosofia prática em modo crônico, Vladimir Safatle escreve curtos ensaios sobre conceitos essenciais para a reflexão sobre as crises conexas do capitalismo contemporâneo. A conjuntura histórica em que o alfabeto não possui mais uma sequência determinada apresenta colisões e quebras. Diante disso, o autor busca pensar modos de ação social e deliberação. Consequentemente, os verbetes do livro possuem críticas radicais sobre os diferentes aspectos de um mundo em que as crises política, econômica, social, demográfica, ecológica e epistêmica se sobrepõem. A escolha por escrever curtos ensaios – após já ter publicado mais de dez livros no estilo acadêmico – parte da hipótese de que a superação da atual crise também requer uma transformação na forma de escrever usada para difundir o conhecimento e a crítica social. Assim, é um livro que leva a sério a existência de textos em fragmentos e farrapos reflexivos. Talvez seja o início de um longo processo para costurar os retalhos de ações críticas e construir novos mosaicos sociais. Enfim, para resolver os problemas criados pelas crises conexas do capitalismo contemporâneo torna-se necessário o conhecimento interdisciplinar e, quem sabe, doses polimatia, artigos de luxo em tempos de extrema especialização do trabalho intelectual. O livro Alfabeto das colisões é uma contribuição para esse debate, talvez o mais importante do século XXI.

SAFATLE, Vladimir. Alfabeto das colisões: filosofia prática em modo crônico. São Paulo: Ubu Editora, 2024.

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