No último sábado, 2, completou-se 18 anos da morte de Paulo Freire, patrono da Educação no Brasil e considerado um dos grandes pensadores da pedagogia mundial, sendo o brasileiro mais homenageado da história: ganhou 41 títulos de Doutor Honoris Causa de universidades como Harvard, Cambridge e Oxford, por exemplo.
Nascido no dia 19 de setembro de 1921, em Recife, Freire entrou para a Universidade do Recife em 1943, para cursar a Faculdade de Direito. Entretanto, nunca exerceu a profissão, pois durante o curso, também se dedicou aos estudos de filosofia da linguagem, preferindo trabalhar como professor numa escola de segundo grau lecionando língua portuguesa.
Em 1961 tornou-se diretor do Departamento de Extensões Culturais da Universidade do Recife e, no mesmo ano, realizou junto com sua equipe as primeiras experiências de alfabetização popular que levariam à constituição do Método Paulo Freire. Seu grupo foi responsável pela alfabetização de 300 cortadores de cana em apenas 45 dias. Em resposta aos eficazes resultados, o governo brasileiro, sob o presidente João Goulart, aprovou a multiplicação dessas primeiras experiências num Plano Nacional de Alfabetização, que previa a formação de educadores em massa e a rápida implantação de 20 mil núcleos pelo país.
Em 1964, com o início da Ditadura Militar, e após o encerramento do Plano Nacional de Alfabetização, Freire foi exilado e passou por um breve período na Bolívia e no Chile, onde também atuou na Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação. Foi nesta época que Freire publicou seu primeiro livro, Educação como Prática da Liberdade.
O livro foi bem recebido, e Freire foi convidado para ser professor visitante da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, em 1969 — no ano anterior, ele havia concluído a redação de seu mais famoso livro, Pedagogia do Oprimido.
Depois de um ano em Cambridge, no Reino Unido, onde também atuou, Freire mudou-se para Genebra, na Suíça, trabalhando como consultor educacional do Conselho Mundial de Igrejas. Durante esse tempo, atuou como consultor em reforma educacional em colônias portuguesas na África, particularmente na Guiné-Bissau e em Moçambique.
Freire também teve conhecida atuação na política, sendo filiado ao Partido dos Trabalhadores e atuado durante a gestão de Luiza Erundina na prefeitura municipal de São Paulo como secretário de Educação da cidade de São Paulo, exercendo o cargo de 1989 a 1991.
Freire morreu após um ataque cardíaco em 2 de maio de 1997, em São Paulo. Seu maior legado é sua filosofia: “todo ato de educação é um ato político”.
Paulo Freire já foi tema do Divulga Ciência: em outubro de 2014, o Divulga dedicou a Carta de Paulo Freire aos professores, publicada pela revista Estudos Avançados da USP, em homenagem aos professores.
O artigo Uma leitura sobre Paulo Freire em três eixos articulados: o homem, a educação e uma janela para o mundo, publicado na revista Pro-Posições (vol. 25, n. 3, 2014), da Faculdade de Educação da Unicamp, discute a contribuição de Paulo Freire e a atualidade de seu pensamento para a educação. O texto conclui que, na perspectiva freiriana, a educação democrática não pode existir sem uma sociedade que acompanhe o mesmo adjetivo.
Artigo: Uma leitura sobre Paulo Freire em três eixos articulados: o homem, a educação e uma janela para o mundo
Autor: Paulo Gomes Lima
Revista: Pro-Posições (Unicamp)
