Lama no Rio Doce, mais um desastre ambiental nas águas brasileiras

Por Carolina Medeiros

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No dia 5 de novembro, duas barragens da mineradora Samarco se romperam e inundaram diversas casas no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, região central de Minas Gerais. Além das muitas famílias que perderam seus familiares e suas casas, o acidente deixou outro rastro de destruição de proporções incalculáveis. Isso porque a lama que destruiu o distrito foi responsável também pela morte do Rio Doce, o principal da região e responsável por abastecer diversas cidades de Minas Gerais e do Espírito Santo, assim,  os munícipios que até então eram abastecidos pelo Rio Doce tiveram o fornecimento de água suspensos.

Com a “morte” do rio, as cidades mineiras e capixabas entram para a lista de municípios brasileiros que há tempos sofrem com a falta de água. Há décadas o nordeste brasileiro já sofre com a falta de chuvas, as cidades do estado de São Paulo também têm vivido o racionamento de água desde o início do ano, por causa da queda no volume de água dos reservatórios e pela despreocupação com a gestão dos recursos hídricos pelo governo paulista. Realidades bem diferentes das enfrentadas pelos estados da região sul, que por conta do excesso de chuvas, centenas de famílias perderam suas casas nos últimos dois meses.

Apesar de distintas, todas essas situações podem ser consideradas desastres ambientais relacionados à água; e na tentativa de apontar os principais desafios para reduzir a vulnerabilidade e também sugerir ações para um gerenciamento integrado de recursos hídricos, saúde pública e desastres que pesquisadores do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Universidade Federal de São Carlos, publicaram o artigo “Desastres relacionados à água no Brasil: Perspectivas e Recomendações”.

O artigo publicado na “Revista Ambiente & Sociedade” do Programa de Pós Graduação em Ciência Ambiental (PROCAM-USP) (v. XVII, n. 4), traz uma revisão sobre as características de diferentes desastres causados pela água, sejam eles pelo excesso ou pela falta. A questão da degradação da água e as consequências dessas ações também são discutidas no artigo. Os autores também apontam medidas que devem ser tomadas na tentativa de diminuir os danos já causados e evitar desastres futuros. Por fim, os pesquisadores defendem que independente da natureza do desastre, “os recursos hídricos devem ser uma prioridade na agenda de tomadores de decisão”. Para isso é necessário que haja um planejamento eficaz e adequado no que diz respeito à riscos de desastres relacionados à água, porque só assim será possível garantir a distribuição adequada desse recurso.

 

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